Até as 18h30, a guerra das espadas na cidade de Cruz das Almas, nesta quarta-feira, 24, acabou resultando em 83 feridos pela brincadeira pirotécnica, que deram entrada na Santa Casa da Misericórdia. A batalha desta quarta (que continuaria noite adentro) fez o número de vítimas saltar de 86 (número registrado nos dias 12, 13 e a última terça) para 169, um aumento de quase 100%. As espadas feriram jovens, idosos e crianças. Com lesões mais graves, quatro pessoas foram transferidas na quarta para o Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador. Um menino de 18 anos perdeu o olho esquerdo e uma senhora de 63 teve traumatismo na mandíbula.
Na Santa Casa de Misericórdia, o movimento foi intenso durante toda a tarde e início de noite, reflexo das batalhas que não respeitaram fronteiras administrativas, jurídicas, nem de bom senso. Apesar de a prefeitura promover a campanha “Espadeiro Consciente Respeita a Vida”, determinando através de faixas os lugares onde as espadas estavam proibidas, o que se viu foi o total desrespeito às regras. Espadeiros “tocavam” espadas em direção a postos de gasolina, carros, casas e transeuntes.
À luz dos artigos 250 e 251 do Código Penal, por tais manobras, os espadeiros poderiam ser presos por 3 a 6 anos, além de multa. Mas, sob a alegação da preservação da tradição cultural da cidade, a impunidade anda em paralelo ao crescimento dos feridos. Segundo dados da polícia militar, apenas quatro pessoas foram presas em Cruz das Almas por tocar espadas em locais não autorizados pela prefeitura. O comandante da 27ª Companhia Independente da Polícia Militar (27 CIPM), major Domingos Correia, alega não ter condições de combater os espadeiros. “Eu pedi ao comando equipamentos de tropa de contenção: escudo, cassetete, gás lacrimogênio. O que temos é arma de fogo. Não dá para agir”, afirmou.
As dificuldades vêm também, informou o major, como reflexo da contenção de recursos do governo estadual. “Temos São João em tudo que é buraco. Não tem efetivo para isso”, afirmou. A 27ª CIPM é responsável por 12 municípios, conta com 308 homens e desde abril está sem receber a verba de combustível. Foi também o próprio major que afirmou que a prefeitura, ao estabelecer locais onde se pode ou não tocar espadas, está indo contra a lei. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura para falar com o prefeito Orlando Peixoto. Ele não foi localizado pela assessoria, que indicou o secretário municipal de Lazer, Esportes e Cultura, Mário Araújo, para responder sobre a questão. Mário não atendeu às ligações feitas para seu telefone celular.
NOTA: E a desgraça só não foi maior porque, graças a Deus, nenhum posto explodiu!! Quanta irresponsabilidade e leniência, principalmente por parte da prefeitura de Cruz das Almas, por não erradicar uma manifestação, não de real "cultura" popular, mas de crueldade e inconsequênca, uma vez que esta manifestação "cultural" põe em risco as vidas dos que estão observando os "espadeiros", bem como as suas próprias! Torçamos para que ninguém dentre os feridos morra. Além dos ferimentos graves, gravíssima também é a situação das instituições públicas em nosso país. A irresponsabilidade dos "espadeiros" aliada à leniência da prefeitura de Cruz das Almas revelaram um problema de proporções muito maiores: o total descaso que em que a Polícia Militar da Bahia se encontra. Efetivo policial, infraestrutura, logística para operações, etc. NÃO são responsabilidade de prefeituras, mas do Governo de cada Estado. Observa-se que é uma praxe, principalmente no Nordeste, sucatear as polícias. É quase como se os políticos dissessem que não lhes interessa que a polícia funcione. É óbvio, com tantos casos de corrupção e antiética pública os políticos só estariam criando "cobras para lhes picarem", se investissem na segurança pública e defesa social. Quanta imoralidade neste nosso país! Quanta irresponsabilidade!...
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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