Por Matthew Slick
Tradução por Emerson de Oliveira
Adaptado por Artur Eduardo
A lógica é normalmente importante em apologética. Para defender a fé, o cristão deve usar a verdade, fatos e razão apropriadamente. O cristão deve escutar as objeções e fazer comentários corretos acerca dos problemas levantados. A lógica é simplesmente uma ferramenta no arsenal da apologética cristã. É um sistema racional e o princípio de pensar corretamente para se chegar a conclusões corretas. É claro, algumas pessoas estão mais preparadas para pensar do que outras e não há qualquer garantia de que a habilidade de uma pessoa na lógica conseguirá a conversão de uma pessoa. A lógica não visa salvar uma pessoa. Jesus faz isso.
Então, o uso apropriado de lógica em apologética é vencer os obstáculos intelectuais que impedem uma pessoa de aceitar a Jesus como Salvador. A lógica não é vista como a resposta a cada problema que enfrenta a cristandade a cada objeção levantada - ela tem seus limites. Não pode garantir sabedoria. Não pode demonstrar ou pode negar inspiração ou amor. Não pode recolocar a intuição adquirida pela experiência do Espírito Santo, nem a clara verdade da palavra de Deus. Não obstante, a lógica é muito importante e realmente pode ser usada poderosamente por pessoas de ambos os lados da regeneração.
Os oponentes do cristianismo usam lógica
Algumas vezes, um oponente do cristianismo poderia usar problemas da lógica como um tipo de evidência contra a existência de Deus. Veja esta objeção bastante básica:
Na superfície, esta lógica poderia ser difícil de contestar. Mas, tudo o que nós temos que fazer é pensar um pouco mais e poderemos ver que o o problema afirmado acima não é lógico. Aqui está a resposta:
- Proposição: Deus pode fazer todas as coisas.
- Declaração: Pode Deus fazer algo tão grande que Ele não pode pegá-lo? Se Ele pode, então não pode fazer todas as coisas porque Ele não poderia pegar a pedra. Se Ele não pode, então Ele não pode fazer todas as coisas porque Ele não pode fazer uma pedra tão grande que Ele não pudesse pegá-la.
- Conclusão: Já que Deus pode fazer todas as coisas e nós mostramos que há coisas que Ele não pode fazer, por conseguinte, Deus não existe.
Exemplo: Deus não pode fazer um círculo quadrado, ou algo infinitamente finito. Deus não pode fazer absurdos! Grifo nosso.
- Proposição: Deus não pode violar Sua própria natureza; quer dizer, Ele não pode ir contra o que Ele é naturalmente.
- Declaração: A natureza de Deus não o permite mentir, não ser Deus, etc.
- Conclusão: Por conseguinte, a declaração que Deus pode fazer todas as coisas, não é verdade e a conclusão levantada contra Deus tampouco é verdade.
A lógica é uma poderosa ferramenta no testemunho, particularmente ao usar provas da existência de Deus. Veja a aproximação seguinte usando lógica:
Porque, logicamente, o que criou o Universo não pode ser contingente como o Universo é (assim teríamos uma regressão infinita de eventos contingentes, o que é impossível); nem o Universo pode ser contingentemente ilimitado, o que é um contrasenso óbvio. Logo, algo ilimitado criou o Universo. Observe que não se trata ´apenas´ de infinito, mas ilimitado. Não pense em grandezas contingentes, pois não há sentido em se pensar assim. Todos os níveis de existência que podemos imaginar, estão delimitidados por grandezas contingentes e, de fato, não conseguimos compreender o ilimitado, apenas imaginá-lo. Deus não é apenas infinito, mas ilimitado e, portanto, seu nível de existência transcende o que podemos compreender. É assim que a Bíblia nos apresenta a Deus, em um texto antiquíssimo, no livro do Êxodo (capítulo 3), datado de 1450 antes de Cristo. Neste, Deus é apresentado como único e eterno, isto é, sem limitação de tempo e espaço. A ideia é extremamente revolucionária para a época, o que cria um contrasenso histórico se atribuirmos seu constructo a Moisés (apontado como o autor do livro do Êxodo). Parafraseando Descartes, o perfeito (ilimitado) não pode ser concebido pelo imperfeito (limitado); mas aquele pode se revelar, se manifestar a este! Por que o imperfeito não pode, a partir de si, conceber o perfeito? É uma assertiva que assegura a lógica do argumento ontológico: para haver adequação entre causa e efeito. Grifo nosso.
- O Universo existe.
- O Universo não pode ser infinitamente velho porque se fosse, haveria entrado há muito tempo num estado de entropia.
- Entropia é a segunda Lei da termodinâmica que mostra que todas as coisas estão indo ao caos e estão perdendo sua energia. Em outras palavras, tudo está se degradando.
- Por conseguinte, o Universo teria um princípio.
- O Universo não poderia vir a si mesmo em existência.
- Algo antes do Universo e maior que o Universo teria que trazer o Universo à existência.
- Esse algo é Deus.
Todas as provas lógicas para Deus tem forças e fraquezas. Mas, o cristão não deve ter medo de usar a lógica, razão e evidência ao defender a fé.
A lógica é uma área de concordância entre o crédulo e o incrédulo?
Alguns declaram que não há nenhuma área de concordância entre o crente e o incrédulo, que as pressuposições iniciais do incrédulo contra o Deus cristão não o permitem pensar com precisão relativo a Deus, o mundo, verdade, ou eles mesmos. Por conseguinte, eles concluem, não pode haver concordância porque as pressuposições são opostas. Não posso ver a razão por trás da declaração e acho que isso tem que ser muito discutido.
No entanto, eu creio que a lógica é de fato uma área de concordância. Mas eu não creio que possui um pouco da qualidade inata da capacidade humana ou limitações, nem possui as qualidades etéras, mística ou que de algum modo transcendem a influência do pecado. Eu acho que a lógica, usada propriadamente, sempre confirma as verdades encontradas na Bíblia e aponta a Deus - quer o incrédulo aceite isso ou não.
A lógica pertence a Deus. Isto é porque Deus inventou o Universo, as leis físicas, matemáticas e todos os outros fenômenos naturais e verdadeiros nele. A existência tem uma ordem porque Deus a deu ordem. A lógica é verdade, não porque é lógica, mas porque é uma reflexão da natureza de Deus que é ordem e verdade. Por conseguinte, a lógica, finalmente, só pertence a Deus e só pode ser usada propriadamente por Ele, em asuntos que pertencem a Deus, pelo cristão.
Isto não quer dizer que um incrédulo não pode dominar a lógica, seja de matemáitca, melhor que um incrédulo. Há áreas de conhecimento comum a ambos e Deus tem dado algumas habilidades que outros não possuem. Nem é isto o que todos os cristãos afirmam, quando falam de Deus. O fato é que ninguém pode dizer que domina toda a lógica, no final. Em um mundo perfeito com pessoas infalíveis, pensar seria uma aventura maravilhosa que nos levaria mais perto da revelação da verdade de Deus. Mas, vivemos em um mundo caído (contingente também, portanto, imperfeito - grifo nosso).
A lógica é tudo?
- Deus nos ordena dar uma resposta aos incrédulos (1Pe. 3:15) e falar com eles (Is. 1:18)
- Deus pode, em Sua soberania, usar nosso testemunho e razão para trazer alguém a seu Reino. Ele não é limitado por nossas insuficiências.
- As respostas que estão de acordo com a palavra de Deus, dadas aos incrédulos, ainda quando eles a discutem, todavia são respostas verdadeiras. O incrédulo se sentirá responsável no dia do Juízo por negar essas verdades.
A lógica é uma ferramenta para o cristão. Não há nada para temer. De fato, se você aceita a verdade de que a lógica "pertence" a Deus, então deve ficar animado. Mas, não permita tornar-se um ídolo; quer dizer, não é a resposta ao problema. Como cristãos, nós necessitamos usar lógica, assim como a evidência, a oração, a palavra de Deus, amor, bondade, etc. em nossos esforços de ganhar pessoas a Jesus. Pensar tem um grande valor na apologética e com o crente. Vale a pena. Mas, use-a com amor, oração e paciência.
Fonte: Logos (Apologética)
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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