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quinta-feira, 1 de maio de 2014

O que há de especial em mais um ano neste ano?

Este ano é peculiar para mim. Um ano de renovo, de recomeço, de restauração, de reencontro, de refazer, de restabelecimento, de reluzir aquilo para o quê Deus me chamou. 

Aos trinta e sete anos, posso dizer que minha vida deu muitas reviravoltas. Muitas coisas, de fato, marcam nossas vidas. Amor, competitividade, companheirismo, negligência, diligência, fervor, apatia, dinheiro ou a falta dele, e por ai vai. No meu caso, uma das coisas que mais me marcou foi a inveja. Sim. O nosso contexto é muito peculiar neste sentido. O Brasil é um dos poucos países pobres do mundo em que seus pobres ficam mais felizes com as derrotas alheias do que com as suas próprias vitórias. Desse modo, escancaramo-nos ante um mundo em mudança, como um povo unido, sendo na verdade uma massa disforme, em cujos ingredientes de formação não faltou a velha e desastrosa inveja. Não penso ser o felizardo de ser invejado sozinho. Sei que há muitos, como eu, que são mais invejados do que invejam. E a prova de que isto é verdade é o fato de que, neste exato momento, as mentes de vários dos que leem estas linhas pendem a desprezar-me, à pura e simples ignomínia, pois qualquer "despertar" de quem quer que seja mediante as minhas palavras, servir-lhes-ia como uma "afronta". Muitos que invejam, paradoxalmente, desprezam, pois esta é uma das principais características da esquizofrênica natureza do mal moral: a incoerência. 


Aos trinta e sete anos posso dizer que percorri um caminho sinuoso, pontilhado de vitórias e derrotas. Mas, em momento algum, em todos esses anos, pude experimentar um aniversário do forma tão reflexiva. Pensando no que poderia ter sido e não foi, penso que, aquilo que não foi, não o foi por uma razão e, talvez, esteja me acostumando realmente agora em vivenciar aquelas "encruzilhadas" existenciais que a gente parece só conhecer de pregações, livros ou filmes: sempre com "os outros". A "encruzilhada" é uma boa metáfora para tais situações pois, para além das dificuldades, estão também as possibilidades... aos os que sabem ver. Posso não ter pego o melhor caminho, mas com certeza peguei um caminho de possibilidades. Estas possibilidades, incrivelmente, transformam-se em testemunhos, ao se concretizarem. E ninguém testemunha apenas para si. O testemunho silencioso das possibilidades que se concretizam, no meu caso, é e tem sido um processo de constante "afunilamento", de "estreitamento" do modo e da forma como caminho. Isto quer dizer que as possibilidades, apesar de potencializarem-se, têm como ponto em comum a experiência da total dependência de Deus, do seu direcionamento, do seu guiar, o que nem sempre é tão fácil assim. Numa "encruzilhada", normalmente aguçam-se os sentidos e a existência parece-nos mais viva do que nunca, pois sabemos que os passos em falso podem nos levar a prejuízos irreparáveis. À princípio, a coisa torna-se ainda mais angustiante quando se nos é dito, no profundo de nossas consciências, que na realidade não devemos dar passo algum: Deus mesmo brada silenciosamente no ouvido de nossa alma, dizendo: "O teu trabalho é descansar/confiar em mim". 


Para que pudesse ter argumentos para "sorrir" neste dia 1 de Maio, como sempre tem sido, é verdade, valho-me incansavelmente das promessas de Deus, que surgem em minha mente com a força de uma ideia que pode revolucionar o mundo. Muitas, muitas promessas, ao longo destes 21 anos de cristão convertido me foram feitas, das quais recordo-me da abrangente maioria. E por que me recordo? Por suas palavras recorrentes. "Um povo.... ministério..... mundo...... altares restaurados...... outro povo..... pregações..... viagens..... mais viagens.....", desafios tremendos no que diz respeito a quem e como pregarei a mensagem salvífica do Evangelho. Satanás - acredite nele ou não - tentou, principalmente nos últimos tempos, obstruir de todas as formas o fluxo das ações que, pelas promessas de Deus, inevitavelmente levar-me-ão a fazer aquilo que, ao fim, redundará (como todas as demais coisas) para glória de Deus. Usurpação, baixeza, malignidade extrema, mentiras, acusações, implacabilidade, "ranger de dentes" foram algumas das ações e sentimentos humanos que pude experimentar; a mais crassa e vil incoerência, que só pode ser explicada por interesses escusos e malignos, os quais, por sua vez, vêm pavimentados com o travestimento da mais "pura" e "sublime" espiritualidade, são as derradeiras armas de Satanás afim de que meu ministério simplesmente morra. Quem acha que, com essas palavras, isento-me de minhas falhas e meus muitos defeitos, deduz qual aquela pessoa que odeia um repórter pela notícia que ele dá. Mas, já estou acostumado com gente pensando em meus erros a priori, pois, como disse no início, a estrofe da música (Grupo Logos) surge fazendo todo o sentido:

"A inveja vem de dentro pra dizer
Que o que eu acho e o que eu faço é bem melhor do que o que
Você pode fazer....
Continua então na mesma"!

Quem ler tais linhas e pensar que estou "afogando-me em tristezas" precisa voltar a ler, desde o início, com calma. Sua impressão está errada. Afogo-me em pensamentos. Pensamentos, como quaisquer filmes, podem retratar o passado, o presente e o futuro. É claro que o futuro, para muitos, é apenas conjectura. O presente é o emaranhado de coisas que não sabemos totalmente; mas o passado... ah, o passado... este é o professor da consciência. Esta história de que não precisamos nos lembrar do nosso passado é coisa de gente que quer animalizar o homem: só os animais, como seres vivos mais parecidos conosco do que as plantas, têm mente, têm vontade, têm até suas histórias.... mas, por não terem autoconsciência, não têm passado! Desta forma, afirmo e reafirmo que, por mais chuvosos que sejam os momentos abruptos de reflexão, são absolutamente necessários. É a partir dos tais que, normalmente, emergem homens melhores... ou melhorados. É destes momentos que seguimos adiante, confiantes de que, naquela encruzilhada sobre a qual falei momentos atrás, por mais sinuosas e pedregosas estejam, a chave de não nos machucarmos e continuarmos andando rumo aos limites da vitória é a certeza de que o Autor da própria Vida caminha conosco!


Um "brinde" a todos os que tinham certeza, talvez, de que este que vos fala hoje não teria nada para falar a ninguém. Àqueles que, involuntariamente, transformaram-se em coadjuvantes e/ou protagonistas no teatro que é a vida, exatamente no ato de minha vida. A cada dia, e não há dia melhor para falar sobre isto do que este dia, Deus transforma os corações daqueles com quem Ele tem planos, a se tornarem mais sensíveis, menos pesados, mais aguçados, mais adequados a ouvir a sua voz. Não é que antes Deus não tenha falado, o problema é que, algumas vezes, nossa própria voz não permite que ouçamos a de Deus. A todos os que tolamente tentam camuflar quaisquer vilezas, principalmente a inveja, com argúcia e astúcia paradoxais, ou, no caso, esquizofrênicas: pois com argúcia combatem a argúcia, impiedosamente clamam por piedade, escandalosamente bradam por discrição, levianamente combatem os que chamam de vis e astuciosamente repassam a imagem de não terem qualquer tipo de astúcia. Só a sequidão do que são ou serão suas vidas movidas pelo combustível degenerativo da inveja pode superar o ódio que sentem daqueles a quem Deus diz: "Tu/Vós és/sois meu(s) filho(s). Tenho cuidado de ti/vós". 



E realmente Deus cuida. São trinta e sete anos experimentando de um indubitável cuidado de Deus; tão grande que possibilitou a escrita destas poucas e até certo ponto, indiscretas palavras. Mas, neste meu aniversário, como poderia não dizer: 

"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na  fraqueza. 
De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, 
Para  que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, 
nas injúrias, 
nas necessidades, 
nas  perseguições, 
nas angústias por amor de Cristo.
Porque quando estou  fraco então sou forte". 2 Coríntios 12:9-10.

Se você acha que Paulo realmente "sentia prazer" em injúrias, perseguições e angústias, ou seja, se você indiscriminadamente entende uma palavra como aquela literalmente, precisa voltar para o início deste texto, relendo-o mais uma vez e pedindo a Deus a luz do discernimento espiritual. Se tem alguém, na Bíblia, que não gosta de injustiças é Paulo, que exigiu que os magistrados de Éfeso, depois de terem mandado açoitá-los, a ele e a Silas, fossem pessoalmente pedir-lhes perdão pela injustiça... mediante a força que tinha a cidadania romana (At. 16:22-40). Paulo não tinha prazer em injustiça alguma, muito menos consigo. Paulo tinha prazer, de verdade, na boa consciência, na palavra do Espírito que guiava seu próprio espírito, dizendo-lhe: "Vai. Sê forte. Aniquila o teu "eu" e segue minha Palavra. Ergue-te, pois te curvas a mim, para que eu me glorifique em ti, e a ninguém mais. Fizeram-te de "calçada"... e na tua "fraqueza", far-lhe-ás degraus, pois ao desejarem ardentemente ascender e surgir perante os homens e na ânsia de se assenhorarem de um dom que não lhes foi dado, terminarão com sua própria loucura e morte, apontando à minha glória. Estás no caminho certo!". 



Obrigado, Senhor Jesus, por este ano de vida.... e pelos que ainda virão. Livra-me do perigo de que os próximos, poucos ou muitos, não se tornem outra coisa senão numa sucessão de momentos que brilhem testemunhando a TUA glória.

Deus seja louvado!!

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