Por Robin Phillips
Adaptado por Artur Eduardo
Minha esposa e eu éramos Calvinistas (ou “reformados”, como gostávamos de dizer), e queríamos que nossos filhos crescessem assim. Participávamos de uma igreja calvinista e ensinávamos teologia reformada para os nossos filhos. Entretanto, a partir de 2012, começamos a ficar progressivamente desconfortáveis com os princípios doutrinários principais desta perspectiva.
Nós ainda respeitamos o calvinismo, e espero que possamos preservar muitos de seus pontos fortes na nossa vida familiar. Entretanto, viemos a crer que a teologia reformada é baseada em fundamentos não bíblicos, os quais ela adiciona ao evangelho, e que, inadvertidamente, abraça uma série de crenças heterodoxas. Na série de posts que se seguem, vou identificar cinco bases defectíveis do calvinismo.
Antes de iniciar uma discussão sobre os cinco pontos onde o calvinismo é insuficiente, é importante esclarecer que eu estou falando aqui de “Calvinismo” ao invés dos ensinamentos específicos do próprio João Calvino. É importante preservar essa distinção, uma vez que é questão de debate se Calvino era mesmo um calvinista. No entanto, eu acredito que há boas razões para afirmar alguma continuidade entre o ensino de Calvino e os tipos de ideias que serão criticadas, mas isso é em última instância uma questão histórica que está além do escopo desta discussão.
Os 5 pontos que serão explorados são os seguintes:
O Calvinismo apresenta uma Bíblia desistoricizada;
O Calvinismo destrói a justiça de Deus;
O Calvinismo desloca Deus da nossa experiência Dele;
O Calvinismo ensina a heresia do monergismo;
O Calvinismo apresenta uma Cristologia deformada.
O Calvinismo destrói a justiça de Deus;
O Calvinismo desloca Deus da nossa experiência Dele;
O Calvinismo ensina a heresia do monergismo;
O Calvinismo apresenta uma Cristologia deformada.
Para este primeiro ponto de discussão, vou sugerir que a abordagem calvinista da Escritura é radicalmente desconectada do contexto histórico em que a Bíblia foi escrita.
Uma Bíblia Desistoricizada
Na segunda metade do século XX ocorreram grandes avanços em nossa compreensão do judaísmo do primeiro século, em grande parte como resultado da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto e todo o conhecimento que este gerou. Estas descobertas deram-nos uma apreciação muito melhor para os tipos de debates teológicos que eram percolados na época do apóstolo Paulo. Isso significa que nós estamos em uma posição melhor para reconstruir cuidadosamente os tipos de argumentos que os opositores judeus de Paulo provavelmente vieram a fazer contra o evangelho de Cristo.
Quando nos envolvemos com este conhecimento, ele começa a tornar cada vez mais evidente que os debates padrões entre calvinistas e não-calvinistas sobre temas como predestinação e depravação total simplesmente não apareceram em parte alguma na tela do radar nos dias de Paulo.
Quando paramos de ler Paulo à luz de debates posteriores entre Agostinho e os Pelagianos ou entre Calvinistas e Arminianos — mas, em vez disso, lemos Paulo à luz do que os historiadores agora sabem sobre Judaísmo do Segundo Templo — torna-se claro que, na maioria das passagens consideradas como textos-prova padrões calvinistas, Paulo estava na verdade abordando as relações judeus/gentios, e outros assuntos relacionados. Da mesma forma, muitas das passagens que nós imediatamente assumimos tratarem sobre questões de salvação individual, na verdade, tinham uma nuance mais da aliança, e isso inclui a maior parte do arsenal de passagens favoritas dos calvinistas. Tudo isso surge quando nós cuidadosamente reconstruímos o contexto histórico de Paulo à luz do que os historiadores agora sabem sobre o Judaísmo do primeiro século.
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Para conhecer um pouco sobre o avanço da teologia e suas implicações, veja os seguintes links:
Artigos:
1- A contribuição dos novos estudos sobre Paulo para o entendimento de Romanos capítulo 9, por Daniel Gouvêa
2- Romanos e a Teologia de Paulo, por N.T. Wright
3- Paulo em Diferentes Perspectivas, por N.T. Wright
4- Paulo e César: uma Nova Leitura de Romanos, por N.T. Wright
2- Romanos e a Teologia de Paulo, por N.T. Wright
3- Paulo em Diferentes Perspectivas, por N.T. Wright
4- Paulo e César: uma Nova Leitura de Romanos, por N.T. Wright
Livros:
1- A Nova Perspectiva sobre Paulo, por James D. G. Dunn
2- The Epistle to the Romans: A Gospel for All, por Lawrence Farley
3- Paul and the Faithfulness of God, por N.T. Wright
4- Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion, por E. P. Sanders
5- The Climax of the Covenant: Christ and the Law in Pauline Theology, por N.T. Wright.
2- The Epistle to the Romans: A Gospel for All, por Lawrence Farley
3- Paul and the Faithfulness of God, por N.T. Wright
4- Paul and Palestinian Judaism: A Comparison of Patterns of Religion, por E. P. Sanders
5- The Climax of the Covenant: Christ and the Law in Pauline Theology, por N.T. Wright.
Robin Phillips é o autor de Saints and Scoundrels e um editor que tem contribuído para uma série de publicações, incluindo Salvo Magazine, Touchstone e Chuck Colson Center. Ele está trabalhando em um Ph.D. em teologia histórica na King’s College, Londres e blogando em Robin’s Readings and Reflections.
Fonte: Deus Amou o Mundo
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