Por Artur Eduardo
Abaixo, clipe da música "Vai Passar", de Chico Buarque de Hollanda. Chico é primo de terceiro grau de minha esposa, Patrícia Buarque Pereira. Sua avó, Raquel Buarque é prima de Aurélio Buarque de Holanda, o dicionarista, que ao contrário do que se pensa popularmente, não é nem pai, nem avô, nem mesmo um tio de Chico, mas um primo distante de seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollanda. Nossa filha, Daniella Buarque e Silva, ganhou o nome da tradicional família brasileira, e o famosíssimo "Silva" (judeu) do pai.... kkkk.
Mas, não estou aqui para escrever sobre esses detalhes. Escrevo para mostrar como as coisas mudam... e algumas até se tornam surpreendentes. Chico fez essa música, o samba "Vai Passar", em meados da década de 80. Esses foram os anos do fim da ditadura, que durou 21 anos. Falas-se da "ditadura" brasileira como algo nefasto. Houve seus excessos, mas, se comparadas a outras da América Latina, como a cubana, os números são surpreendentes: estima-se que houve nos 21 anos de ditadura brasileira, entre 434 mortos ou desaparecidos. Em Cuba, em 50 anos da ditadura comunista castrista, estima-se algo em torno de 150.000 mortos. Os números falam por si.
Chico, que sempre foi um "defensor do povo oprimido", como gostou e gosta de posar, é a expressão perfeita da chamada "Esquerda Caviar". São os socialistas que se beneficiam de privilégios estatais, como a Lei Rouanet, têm conexões com o governo, com o qual têm fortes ligações ideológicas, e servem como garotos de propaganda "cabeças feitas". Todo esse embalo socialista vem acompanhado do melhor que o capitalismo pode proporcionar. Chico, há algum tempo, faz traslados entre o Brasil e a França, reduto de intelectuais esquerdistas célebres, que, nos cafés glamourosos de Paris gostam de posar para fotos de revistas de celebridades, com cigarretas na mão e saboreando bons e caros vinhos, como o capitalismo ocidental é uma "desgraça".
Chico em um café de Paris.
O maior paradoxo na vida de Chico Buarque se dá, contudo, quando relembramos a música e o clipe de "Vai Passar". Apesar de aparentemente falar do Brasil colonial, é óbvia a alusão à ditadura brasileira. Chico, que esteve presente direta e indiretamente em vários movimentos contra o governo, naqueles anos, hoje tornou-se um dos maiores defensores do governo petista. Sua defesa do governo atual - considerado o mais escandaloso de TODOS os tempos, pelo volume do que foi roubado, pelo tráfico de influência, peculato, corrupção ativa e passiva, etc -, porém, está lhe custando a áurea de intocabilidade. Recentemente, Chico foi parado por transeuntes no bairro do Leblon, no Rio, e, depois de uma discussão acalorada, foi perguntado: "Como você se sente sendo um merda?". O vídeo feito por alguém que presenciou o cidadão perguntando a Chico e viralizou na Internet também pela resposta forçosa e constrangedora do cantor: "Me sinto bem", que logo em seguida chamou um taxi e deu o fora.
Essas e outras cenas pitorescas, criadas pelo atual cenário político do Brasil, não vão passar. Que Chico e TODOS os comunopetistas saibam disso, pois, nem mesmo os considerados "acima da moral", como era o caso de Chico, um artista que, de tão respeitado, até como "intelectual", não parecia que ouviria uma pergunta como aquela, a qual no fundo, no fundo, não é expressão de raiva contra a pessoa de Chico em si, mas àquilo que o Chico Buarque de Hollanda e outros como ele representam.
Creio que os anos finais de Chico Buarque serão de melancolia, saudosismo e ostracismo. Espero estar errado quanto à "previsão", porque, no que concerne à minha opinião quanto ao seu estado, "hoje", Espero que todos possamos cantar "Vai Passar" para lembrar, não o que se desbotou na memória, mas algo atual, premente, com vários "tentáculos" de auto-preservação no poder, uma incompetência governamental sem precedentes e a óbvia necessidade dos seus principais proponentes desviarem a atenção de sobre si próprios para atirarem num eterno inimigo ilusório.
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