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quinta-feira, 10 de março de 2016

Lamento de Lúcifer (ou Ode ao Orgulho)

Do mais alto monte, 
Além das nuvens,
Acima de todo pináculo,
Ascendi.

Um terço, dizem,
Dos que me seguiram...
Um número não expressa jamais
O que vi.

Milhares,
Arvorando bandeiras,
Marchando p´ra guerra,
Segui.

Quais impetuosas ideias dos homens,
Que não conhecem o limite da razão,
Selamos nosso destino,
Como no mito de Enoque.
Tolos do Hermon!
Caíram por mulheres.
Caíram por migalhas,
Caíram a esmo!
A marcha que fiz,
Marcharia mil vezes
Pois se um dia caí,
Caí por mim mesmo.

Noite eterna - não me arrependo.
Sempre o terror.
Nunca cedi.
Eis o impossível:
Rasguei as memórias
Dos tempos de glórias.

Daquelas, contudo, uma´inda sinto.
O resplendor!... Quando O servia.
Ante Sua Luz
inacessível!

Impetuosamente,
Olhar não podia!
Ah! ´quele estado!
Vencido por mim,
Ousei me opor,
Ousei rebelar-me,
Ousei vislumbrá-Lo,
Nefasto ato!
Pois ante o fulgor
Do infinito
Eu fui ofuscado.

"A soberba precede a ruína e a altivez de espírito, a queda", Pv. 16:18.
E por quê? Porque corroi, camufla-se, pervertida e perverte, instiga, conspira, esconde-se, é implacável... mas covarde. É a antítese do Cristianismo. É suja, maligna. É absolutamente "luciferiana".

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