WASHINGTON (AFP) — Craig Venter (foto), um controvertido especialista americano em biotecnologia, quer criar a primeira forma de vida artificial a serviço da humanidade para produzir biocombusíveis, combater o aquecimento global e fabricar medicamentos. Uma equipe de pesquisadores do instituto que leva seu nome anunciou nesta quinta-feira ter fabricado o primeiro genoma de um micróbio, um avanço considerado gigantesco no processo de criação do primeiro organismo artificial.
Para seus detratores, Venter, 61 anos, é um megalomaníaco determinado a recriar a vida a qualquer custo. O cientista, que não esconde suas ambições, liderou os esforços do setor priovado com sua sociedade Celera, fundada em 1998, para ser o primeiro decodificar o genoma humano em 2001. Ele alcançou seu objetivo pouco depois de um consórcio internacional de pesquisa financiado por fundos públicos.Em 2007, seu instituto de pesquisa criado em 2002 anunciou o seqüenciamento do genoma do primeiro indivíduo - ele mesmo - destacando que todas as informações haviam sido publicadas.
Em 2001, ele suscitou uma grande polêmica ao mencionar sua idéia de patentear seus trabalhos sobre o genoma humano, antes de desistir. No entanto, seu laboratório, o J. Craig Venter Institute, emitiu em outubro de 2006 uma solicitação de patente "para um jogo de genes essenciais e um organismo de síntese autônomo, que pode crescer e se reproduzir de forma idêntica", sua meta final. Sua solicitação, válida para os Estados Unidos e uma centena de outros países, foi divulgada no fim de maio pela associação canadense ETC, depois de ter sido publicada pelos organismos encarregados da proteção das patentes.
Seguro de si, ele declarou em outubro passado a um jornal britânico que "os cientistas passarão em breve da capacidade de ler nosso código genético à de escrevê-lo". "Venter não é Deus, e ainda há muito caminho pela frente antes de criar a vida", comentou nesta quinta-feira a bióloga Helen Wallace, porta-voz na Grã-Bretanha da GeneWatch, uma entidade privada que se focaliza nas questões éticas e morais suscitadas pela engenharia genética. "Esse tipo de engenharia genética abre para o homem a possibilidade de empreender mudanças muito maiores no código da vida", destacou Wallace numa entrevista concedida à AFP. "Isso significa que será possível no futuro criar organismos dotados de novas seqüências de seu genoma, e as conseqüências disso para o meio ambiente são desconhecidas", avisou.
Para enfrentar esses tipos de críticas, Venter publicou há alguns anos um livro branco intitulado "relatório sobre a governância em matéria de biologia sintética". Membro da Academia Nacional Americana das Ciências, Craig Venter também é um autor prolífero, com mais de 200 artigos científicos publicados. A revista Time, que já o elegeu uma vez o homem do ano, o incluiu em 2007 na lista dos homens mais influentes no mundo.
Resultados práticosPor Mauro Amaral
Imagine a cena: você vai fazer um seguro de vida, o corretor digita seu nome no campo de buscas do Google roda alguns testes e descobre que, baseado em dados de r elevância estatística, pessoas com um genoma parecido com o seu tiveram problemas de coluna? Ou que você desenvolverá glaucoma com exatos 65 anos e por isso, seu plano de previdência privada terá uma taxa maior que do seu colega de baia que, enfim, seguirá lépido e fagueiro até os 89 anos?
Os cenários são vários. Já pensou um serviço de encontros baseado em semelhanças no DNA? Ou uma empresa de recursos humanos especializada em contratar profissionais com tendências a obediência excessiva e completa ausência de personalidade? (Essa faria sucesso)
É, você já viu no cinema. Chama-se GATTACAMas não duvido que estará por aí no mundo (quase) real em que vivemos.
NOTA: Vale salientar que, de fato, os biólogos não estão criando vida, mas manipulando o código genético de vida já existente. Todo princípio de patente deveria prever, com rigor, a não patenteação de formas de vida que vieram de manipulação genética, pois, em última análise, está-se dando a própria vida como produto de compra e venda de determinadas coorporações ou instituições. A vida não é propriedade, mesmo a que é manipulada geneticamente. Eis um campo vasto para os que se interessam em Bioética. Hoje, são formas de vida que, por exemplo, digerem resíduos de petróleo em containers de super petroleiros... amanhã, podem ser seres humanos sub desenvolvidos, cujo propósito de existência seja a troca de órgãos com seus contrapontos genéticos, como no filme "A Ilha". A vida não é um brinquedo e, pelo que vejo, é exatamente o quê estão fazendo com ela: brincando. Como é dito no artigo, as consequências são, de fato, imprevisíveis. A ciência materialista da atualidade aponta para um único caminho: descaracterizar o ser humano, para que, em última análise, ele deixe de ser o que é. Vejamos quantos limites terão de ser ultrapassados para que o homem entenda que não deve brincar de Deus.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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