Por Ingrid Schlueter
Traduzido por Júlio Severo
Adaptado por Artur Eduardo
Recentemente, topei com um artigo do filho do falecido Dr. Francis Schaeffer. Ele era conhecido como Franky, mas agora prefere apenas Frank. Os artigos e livros de Frank Schaeffer apelavam para mim quando eu era estudante colegial na década de 1980. Lembro-me de um namoro com um rapaz que me levou para a casa de seus pais para debater o livro A Time for Anger: The Myth of Neutrality (Um tempo para ira-se: o mito da neutralidade). Foi uma noite interessante. Schaeffer escrevia de forma ousada e apontava que não havia lugar para neutralidade nas convicções de um cristão. Ele agiu firmemente assim até 1992.
Ouvi Frank Schaeffer falar numa igreja em nossa cidade onde ele literalmente manteve a audiência na reunião pró-vida na palma de sua mão. Nunca me esquecerei do discurso dele à medida que ele apontava a certeza do valor da vida e como as mentiras dos promotores do aborto precisavam ser desmascaradas. Eu estava sentada ouvindo seu discurso ardente por meio dos alto-falantes da igreja. Num mundo de covardes e cristãos passivos, aí estava alguém que, com a oratória de um homem como Patrick Henry, estava chamando os cristãos para a ação. Isso foi no verão de 1992.
Poucos sabiam naquela época que Frank estava no processo de abandonar tudo aquilo em que acreditava. Ele havia se convertido à Igreja Católica Ortodoxa em 1990 e estava para escrever uma trilogia de livros de ficção que ridicularizavam sua criação inteira na L’Abri, seus pais, suas irmãs e a fé de seus pais. Ele zombou do protestantismo em geral e do evangelicalismo em particular. A série dele, intitulada Calvin Becker, foi amplamente saudada como grande ficção.
A revista Publishers Weekly juntou-se ao coro de jornais americanos que estavam louvando a perspectiva “brilhante” e “genial” de Frank Schaeffer acerca da vida em família dos evangélicos. Eu li o primeiro livro, Portofino, e fiquei enojada. O livro seguinte da série era tão deprimente que parei de ler. Esse livro, Saving Grandma (Salvando a Vovó), deixa você com a impressão de que o pai de Frank era, em segredo, um viciado em pornografia. Frank inicialmente afirmou que os livros não eram autobiográficos, mas no artigo que li, ele diz que a trilogia mostra o que sua família evangélica conservadora lhe fez.
Não me importei com o terceiro livro dele, onde ele conta em detalhes acerca de seu caráter de adolescente e como ele seduziu uma empregada de hotel. A capa do livro original mostra uma mulher de sutiã. (Por razões puramente comerciais, notei que mudaram a capa agora. Talvez até mesmo a editora secular tivesse recebido críticas por uma capa desse tipo.)
Sim, Frank é talentoso. Tendo trabalhado com ele num projeto de vídeo para o Instituto Rutherford, eu ficava simplesmente pasma diante dos talentos dele. Ele é brilhante e tem muito jeito para fazer as coisas. Mas à medida que assisti o novo Frank surgir, minha desilusão se transformou em nojo.
Aí está agora um homem que está usando seus muitos talentos para envergonhar seus pais e zombar dos milhões de cristãos fiéis que NÃO são católicos ortodoxos e que acreditam que “essas coisas estão escritas” nas Escrituras para que saibamos que temos a vida eterna. Frank agora prefere “mistério” em vez de respostas. Ele abraçou a Igreja Católica Ortodoxa — ironicamente, com paixão fundamentalista —, provocando tumulto entre os líderes católicos ortodoxos na América do Norte.
Seu livro Dancing Alone (Dançando Sozinho) descreve em detalhes sua conversão e sua convicção de que a Igreja Católica Ortodoxa é a verdadeira igreja. Ele se tornou evangelista dessa igreja, vendendo CDs dos cânticos católicos ortodoxos e explicando que é a única religião verdadeira, etc. Ele agora chama a Reforma de a “rebelião protestante”. Nos últimos anos, as editoras estão mostrando muito interesse em Frank por causa dos livros dele sobre seu filho John que se alistou no exército. Esses livros contêm obscenidades e palavrões.
Gostaria de fazer alguns comentários depois de ver o artigo de Frank Schaeffer, escrito no jornal San Francisco Chronicle. Compreendo o cinismo dele acerca do mundo evangélico. Sem dúvida nenhuma, há muitos erros nas igrejas evangélicas. Passo grande parte do tempo expondo esses erros e chamando as pessoas a voltar a confiar na autoridade da Palavra de Deus. Mas há uma tendência crescente entre os cristãos de jogar fora a Reforma e voltar para Roma ou, no caso de Frank, para Constantinopla. De volta ao futuro. A Igreja Católica Ortodoxa ensina a idéia de que a salvação é uma luta que travamos a vida inteira. Dá-se um sumiço no ensino de que a salvação é por meio da graça apenas, por meio da fé apenas e somente em Cristo.
Agora, precisamos voltar ao sistema de trabalhar com nossas próprias mãos nossa ida ao céu. Frank fez sua escolha. Ele agora se acha no outro lado de onde começou. No passado, ele próprio teria apontado esse erro de forma bem clara. Agora, é ele quem está defendendo esses erros em seus escritos. Há um aviso aqui. No nevoeiro de desilusão com o atual estado das igrejas evangélicas, não vamos cometer o erro de pular de um erro para outro. A amargura de Frank contra seus pais e contra os evangélicos (ele usa o termo fundamentalista a torto e direito) fez com que muitos evangélicos se desviassem e voltassem à escravidão da salvação através das obras da Igreja Católica Ortodoxa.
Ele agora ganha a vida publicando artigos atacando os que adotam a Palavra de Deus como única autoridade. Na mente dele, os evangélicos não são melhores do que os fanáticos muçulmanos que lançaram aviões em edifícios em ataques terroristas. Com Frank, não há neutralidade. A questão é que ele agora se encontra no outro lado. Quando a perseguição aos verdadeiros crentes começar, é de esperar que esse seja o pretexto que será usado. Os evangélicos conservadores serão vistos como Frank os pinta. Perigoso, não é? Dá para ver o motivo por que agora Frank se tornou o queridinho da imprensa secular.
Fonte: Slice of Laodicea (Site que denuncia, entre outras coisas, o "circo" teatral e louco que se tornou o meio evangelicalista do Ocidente, principalmente dos EUA. Isto prova que Ingrid não é uma mulher fanática, no sentido mais usal da palavra)
Veja uma matéria (no mínimo, ridícula), que saiu na BBC Brasil, em 13/12/07), pelo jornalista da Globo, Lucas Mendes. Em seguida um comentário para lá de estranho, do Pr. Caio Fábio (o qual, se pensarmos bem, devido às circunstâncias não é tão estranho assim!...)
"O Altar dos Loucos"
Por Lucas Mendes
"Francis Schaeffer morreu em 1984, mas, se não fosse por ele, George W. Bush não estaria na Casa Branca, não haveria guerra no Iraque e o mundo provavelmente estaria melhor. Eu duvido que você saiba quem é Francis Schaeffer. Noventa e nove por cento dos americanos não sabem e até a semana passada eu estava dentro desta estatística. Aprendi com o livro Crazy for God (Louco por Deus). (Lutei com meus neurônios tentando entender os motivos desta bobagem sem precedentes dita por este conceituado jornalista... e não encontrei outra resposta senão o preconceito ´déspota´ anti-cristão, cada vez mais presente na mídia ocidental - grifo nosso).
Francis Schaeffer veio da classe média baixa na Pensilvânia. A mulher Edith, filha de missionários na China, veio de família bem-educada, mas foi ele quem se tornou, de 1960 a 1980, o mais influente líder religioso americano. Na década de 50, interessados em religião, filosofia e arte, Francis e Edith criaram uma missão evangélica na Suíça, uma espécie de comuna religiosa chamada L'Abri. Deus, Satã, Darwin, Heidegger, o existencialismo de Sartre estavam nos sermões e nos debates.
Americanos e europeus se reuniam em torno da família Schaeffer – agora com um filho e três filhas. A mesa era fina, com toalhas brancas e talheres de prata. Comia-se bem, mas os prazeres telúricos terminavam ali. Música, só clássica e aos domingos. Dança, jogos de cartas e álcool, jamais. A educação era feita em casa e o comportamento rígido vinha de Calvino.
Na decada de 70, quando a direita cristã ainda não existia, o filho Frank convenceu o pai a fazer uma série de filmes e um livro. O titulo de ambos era How Should We Then Live? (Como nós devemos então viver?).
Líderes evangélicos se entusiasmaram com as idéias de Francis Schaeffer (FOTO), e em poucos anos ele era a principal fonte de idéias dos evangélicos. Bily Graham e outros faziam romarias ao L'Abri para ouvir o mestre que conseguia atrair até jovens. Pai e filho Schaffer fizeram um outro filme Whatever Happened to the Human Race (O que aconteceu com a raça humana), e Francis publicou o A Christian Manifesto (Um manifesto cristão). Em pouco tempo, se tornaram o cavalo de batalha contra o aborto.
Na década de 80, a direita evangélica já estava a todo vapor liderada por Pat Robertson, James Dobson, Jerry Falwell, Tim LaHaye. A convite deles, o velho Schaeffer veio fazer sermões no circuito evangélico. Ficou abismado com a ganância, a hipocrisia, a vaidade, a corrupção e a sede de poder dos lideres que suas idéias tinham gerado. Shaeffer era um homem tolerante em questões sociais e sexuais e nunca condenou o homossexualismo. Gays, mães solteiras e muitos hippies encontravam abrigo seguro no L'Abri. Viveu grande parte da vida na Suíça e tirava férias na Italia, mas era um otimista com relação aos Estados Unidos.
O maior choque dele foi com a distorção das suas idéias para efeito político e enriquecimento dos evangélicos. Eles fabricaram um cenário americano apocalíptico envenenado pelos gays, feministas, mães solteiras e liberais. Quanto mais decadente a sociedade, quanto maior o demônio, melhor para os evangélicos. Eles eram o caminho da salvação, mas precisavam de dólares para seus jatos particulares e para eleger seus políticos. Schaeffer comentou sua grande decepção com os amigos, mas morreu de câncer antes de torná-las publicas. (Observaram esta outra barbaridade, claramente movida por desprezo preconceituoso? E a tônica é algo que faz o leitor (desconhecedor da vida e personalidade de Francis Schaeffer) pensar que o escritor, ao fim da vida, fosse um frustrado e arrependido de tudo o quanto fizera, pois havia "criado um monstro": ´A direita americana´, que é apoiada pelo evangelicalismo da segunda metade do século vinte. Bem, se a ´direita americana´ é algo tão ´podre´, ´cobiçoso´e ´louco´, porque não vejo estes jornalistas de meia-tigela fincando suas bandeiras tão ideológicas em bastiões da esquerda, como Cuba? Sabem por quê? Porque, na verdade, se não fosse os Estado de direito encontrado em nações formadas pelos princípios da "direita americana´, esta, tão ´corrupta´ e ´louca´, pelas palavras do ´intrépido´ jornalista, suas próprias idéias não poderiam ter sido escritas!!! - Grifo nosso).
Quem devassa essa direita cristã é o filho dele, Frank, que, com o pai, inconscientemente gerou os monstros que ele agora denuncia no seu livro Crazy for God : How I Grew Up as One of the Elect, Helped Found the Religious Right and Lived to Take All (or Almost All ) of It Back (Louco por Deus: Como eu cresci como um dos eleitos, ajudei a fundar a direita religiosa e vivi para retirar tudo (ou quase tudo) que disse). Os evangélicos acham que Frank é um novo Judas e neste momento não estão loucos por Deus. Estão loucos de raiva.
Fonte: BBC Brasil
Comentário (estranhíssimo), de Caio Fábio, sobre as atitudes de Frank Schaeffer, para ele dignas de "parabéns"
Não muito tempo depois li na revista Time sobre o fato de Frank haver deixado de vez o movimento Evangélico Americano. (O que fez o próprio Caio Fábio, como ele mesmo expressa em seu DVD: "Caio conta tudo". As consequências, porém, não foram uma iluminação, um apelo a qualquer tipo de revolução espiritual... nada disso. Mas, uma das mais fortes, foi a visibilidade notória de que Caio conta o que conta, e como conta, porque seu problema é igual ao do filho de Francis Schaeffer, o Frank: frustração extrema com as formas e a práxis cristã. Contudo, Caio parece esquecer que ser um "crítico" da Igreja não implica, necessariamente, que o mesmo seja um "opositor" da Igreja.).
Ainda depois li uma entrevista com Frank na qual ele fazia uma analise do pensamento de seu pai e o classificava como tendo se tornado excessivamente conservador. Eu mesmo me afligi [e está dito aqui no site] com o que eu via divulgado sobre as posições amarguradas do velho Francis no fim da vida.
Querendo ou não, por não ter de fato entendido daquilo acerca do que se meteu a tratar [filosofia] (O quê??? Francis ´não entendia´ de filosofia??...), Francis Schaeffer acabou por se tornar o “ideólogo” da “Coalizão Cristã”, grupo que nos Estados Unidos tem sido responsável pelas decisões externas Norte Americanas, em razão do poder político que possuem junto às “Igrejas Evangélicas”.
Aqui, como alguém que sempre teve muito carinho pelos Schaeffer, celebro a sinceridade da decisão de Frank, honrando seu pai; ou seja: melhorando seu pai para as gerações futuras...".
Fonte: Caio Fábio
Nota - É irmãos, parece que o trabalho apologética é mais necessário do que nunca... Pois, da mesma forma que alguns se esquecem do que disseram, quem foram, e os votos que fizeram, a Igreja do Senhor se vê, muitas vezes, no meio de batalhas que não são espirituais, mas carnais, e o estopim são o ego, o vazio e a loucura: "Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem." - Mc. 7:23-25.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Um comentário:
Li um livro de Frank Schaeffer (viciados em Mediocridade) e achei muito interessante como ele trata a arte. Schaeffer fala como um pensador livre e defende a autonomia artística para criar. A arte segundo ele tem que ser livre de julgamento. Só porque ele se tornou católico e critica seu pai não quer dizer que ele está errado por isso, ele só fez uma viagem diferente de seu a pai. As idéias que frank tem sobre espiritualidade tem muito mais a ver com o amor prático do que com a defesa racional da apologia cristã. Portanto Frank está muito mais ligado a Jesus praticando o amor do que outros que fazem apologia, que "defendem a integridade de Deus", mas não veem Deus no seu próximo.
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