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domingo, 6 de abril de 2008

Apologética... mais necessária do que nunca!

ARTIGO DO PORTAL DA GLOBO, ´G1´, TRAZ UMA VISÃO PARCIAL E DE FORTE PRESSUPOSICIONALISMO CRÍTICO LIBERAL EM RELAÇÃO AO RELATO DA CRIAÇÃO, NO GÊNESIS. A SEGUIR, O REFERIDO ARTIGO, COM ALGUMAS NOTAS EXPLICATIVAS/EXPOSITIVAS PESSOAIS, CUJO OBJETIVO É LANÇAR LUZ ÀS QUESTÕES, RESPONDENDO-AS E APRESENTANDO AS DEVIDAS RÉPLICAS



NOTA EXPLICATIVA: O texto a seguir provém do site "G1", da Globo. É de autoria de Reinaldo José Lopes, e está datado, no site, de 06/04/08. Tentarei expor as várias contradições (não da Bíblia) mas do próprio texto, além das suas muitas afirmações não científicas, mas preconceituosas e falaciosas. Não tem o respaldo de quaisquer referências bibliográficas (apenas conversas com alguns pesquisadores). Não elaborei uma réplica nos moldes científicos (até porque o texto não é científico). Nossas respostas aparecerão em vermelho, nos lugares do texto em que se fizerem necessárias.



Exemplo de rolo contendo a ´Torá´, ou ´Lei´

"A maioria esmagadora dos leitores da Bíblia não percebe, mas os dois primeiros capítulos do livro sagrado de cristãos e judeus retratam não uma criação do mundo, mas duas. O ser humano surge de duas maneiras diferentes, uma logo depois da outra, e até o deus responsável pela criação não tem o mesmo nome nos dois relatos. Essa natureza contraditória e fascinante do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, está sendo revelada por uma série de estudos históricos e lingüísticos do texto sagrado. (Isto não é verdade. Estas "contradições" são, há muito, conhecidas. O erro está em como se observa os dois primeiros capítulos do Gênesis: Se o olhar já for o de um pressuposicionalista crítico, ele irá enxergar "dois relatos", e não o mesmo relato com nuances distintas. Mas, independentemente disto, o leitor não acha que seria muita estupidez os compiladores bíblicos admitirem "tanta contradição" em textos tão próximos um do outro? Se ao menos estivessem com capítulos de diferença!...).

A arqueologia, por sua vez, mostra a relação dessas histórias com as de outros povos do Oriente Médio -- às vezes tão parecidas com o Gênesis que ajudam a recriar a "pré-história" das Escrituras.

"A hipótese básica é que os textos bíblicos foram reunidos de várias fontes diferentes, de períodos diferentes, ao longo de nove séculos", explica Suzana Chwarts, professora de estudos da Bíblia hebraica na USP. "Essa é a chamada hipótese documentária, discutida aos gritos em qualquer congresso internacional desde o século 19 até hoje", brinca Chwarts, referindo-se às polêmicas que rondam a idéia.Controvérsias à parte, a hipótese documentária costuma ver dois textos-base principais para as narrativas da criação, conhecidos pelas letrinhas P (primeiro relato) e J (o segundo).

"A Expulsão de Adão e Eva do Paraíso", Gustav Doré

De P a J
O relato de P é o único a detalhar a criação de todos os corpos celestes e seres vivos em seis dias. Nele, o homem e a mulher são criados ao mesmo tempo, e a divindade usa apenas palavras para fazer isso. Já o relato de J inverte a ordem de alguns elementos e, na verdade, enfoca apenas a criação dos seres humanos (trata-se da famosa história do homem feito de barro e da mulher modelada a partir de sua costela).

De quebra, os personagens que comandam a ação parecem não ser os mesmos. O primeiro recebe o nome hebraico Elohim (originalmente uma forma do plural, como "deuses", mas usada para designar uma única divindade), normalmente traduzido simplesmente como "Deus". O segundo é apresentado como Yahweh Elohim (dependendo da versão da Bíblia, chamado de "Senhor Deus" ou "Javé Deus" em português). Os indícios nesse e em outros textos bíblicos sugerem que os dois nomes refletem a influência de antigos deuses pagãos sobre a concepção de Deus dos antigos israelitas, autores e editores da obra. (Observem a palavra "sugerem". Isto porque tal pensamento é uma inferência. Estranho não seria o uso de um "plural majestático", para governantes - como é um dos casos para o uso de ´El Ohim´ - para tais estudiosos, ou apenas uma referência respeitosa a Deus, no início do relato primeiro do homem sobre Deus (Gênesis, cap. 1), mas para tais pesquisadores e para o sr. Reinaldo José o texto "sugere" a influência de ´deuses pagãos´ para os israelitas... e a questão das datas, que vem logo posteriormente, é ainda pior!...)

As idéias sobre a origem dos relatos são variadas. Recolhendo pistas no texto hebraico completo da Bíblia, há quem aposte que J é o material mais antigo da dupla, tendo sido composto por volta do ano 700 a.C. Por outro lado, fala-se numa data mais recente para P, talvez a fase que se seguiu ao exílio dos habitantes do reino de Judá (a parte sul do antigo Israel) na Babilônia -- ou seja, pouco antes do ano 500 a.C. (Por que a ênfase nos ´apostadores´ - minoria, diga-se de passagem - que defendem o texto bíblico tão recente? Esta é uma tentativa espúria de se ligar a origem da crença hebraica com as influências assírias e babilônicas dos períodos dos cativeiros assírio (722 a.C.) e babilônico (586 a. C.) Veja como as datas se aproximam com as do artigo).

Chwarts, no entanto, diz que a principal diferença entre a dupla talvez não seja a data, mas a visão de mundo. P teria sido escrito pela casta sacerdotal israelita, a julgar pelo seu ritmo altamente ritualizado e organizado. "Ele é arquitetonicamente estruturado e ordenado, hierárquico. É totalmente antimitológico: tudo é criado pela palavra, inclusive os astros celestes, que são divindades em todas as outras culturas do Oriente Médio antigo, viram meras criações de Deus", afirma ela. Já o segundo relato "não traz uma reflexão filosófica, mas reflete a visão popular de um camponês na terra de Israel. Esse é um deus mais paternal: quando cria o homem, o verbo usado é yatsar, ou seja, modelar a partir de uma substância", explica. (Não, não, não... O vs. 4 do capítulo 2 ("Esta é a gênese dos céus e da terra quando foram CRIADOS...", ou seja, já no documento que o artigo - influenciado pela crítica liberal da bíblia - chamou de "J", usa o verbo "bara´" (criar, formar). Este é o mesmo verbo usado em 1:1: "No princípio CRIOU Deus os céus e a terra". Observe que, assim como dizem os primeiros versículos do capítulo 2, o capítulo 1, versículo 1, também traz um "resumo" da Criação. Dizer que os dois textos "refletem visões de mundo distintas" é olhar parte da evidência interna. O verbo "yatsar" é usado (2:7), pois o homem é formado ´do pó da terra´. Dizer que o texto do capítulo 2 "não traz uma reflexão filosófica" [sic] é pura e completa inferência, saída apenas da cabeça da pesquisadora).

Polêmica
O curioso é que elementos que lembram tanto a primeira quanto a segunda história da criação aparecem em textos desencavados por arqueólogos no Oriente Médio. "A imagem de deuses fazendo uma série de pequenos humanos com argila, como se fossem oleiros, também é muito comum", lembra Christine Hayes, professora de estudos judaicos da Universidade Yale (EUA). O mais famoso desses textos mitológicos é o "Enuma Elish", achado no atual Iraque e escrito em acadiano, uma língua aparentada ao hebraico. Tal como o primeiro capítulo do Gênesis, o "Enuma Elish" também descreve um mundo primordial coberto pelas águas, que é organizado por um deus -- no caso, Marduk, que estabelece o firmamento celeste, a terra firme e os astros.

Como explicar as semelhanças? Para Osvaldo Luiz Ribeiro, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ) cuja tese versará justamente sobre a primeira narrativa da criação, não é preciso pensar numa influência direta do "Enuma Elish" (que pode ter sido escrito por volta de 2.000 a.C.) sobre a Bíblia. "Esses relatos dependem mais da plataforma cultural comum do mundo semita [grupo que incluía tanto israelitas quanto os falantes do acadiano]" -- ou seja, teriam apenas uma origem remota comum. (É. Por que ´não´? Vejam a ênfase que o G1 vai dar na opinião contrária da professora Christine Hayes...)

Já Christine Hayes vê as semelhanças, na verdade, como uma crítica polêmica dos israelitas aos seus vizinhos pagãos. Ao adorar um deus único e soberano sobre a natureza, eles teriam usado elementos parecidos para contar uma história totalmente diferente. O deus Marduk, por exemplo, precisou lutar contra uma feroz deusa aquática, chamada Tiamat -- uma espécie de representante das águas primordiais --, para criar o mundo. Já o Deus da primeira narrativa da criação simplesmente manda as águas se mexerem -- e elas se mexem sem resistência, argumenta Hayes.

Representação do deus babilônico ´Marduk´. Este deus não deve ser confundido com o Deus bíblico, pois aquele teve "pai", o deus ´Enki´, que por sua vez fora filho de ´En´, o deus-senhor dos babilônios.

"O ouvinte antigo imediatamente ia ficar de orelhas em pé. Ia ficar pensando: cadê a batalha? Cadê o sangue? Achei que conhecia essa história", diz a pesquisadora. Chwarts e Hayes também lembram o forte tom de otimismo das histórias da criação bíblica, em especial na primeira narrativa (a segunda é mais comedida nesse aspecto). Ao contrário das histórias similares entre outros povos antigos, os autores e editores bíblicos estariam rejeitando a idéia de que o mal faria parte da estrutura do mundo desde o começo. Não é à toa que, depois de cada obra, afirma-se que Deus viu que aquilo "era bom" ou "era muito bom". "Você sente aquele tremendo influxo de otimismo: o mundo é bom! Os seres humanos são importantes, têm propósito e dignidade", diz Hayes. (Puxa!.. Quanto ´otimismo´ de Hayes e Chwartz em suas próprias inferências - observe que não há NADA além de inferências, nestes pensamentos....)

Terroso
A análise moderna do texto hebraico revela outras surpresas em relação a Adão, o suposto ancestral isolado de todos os seres humanos. "Para começar, Adão não é um nome próprio", diz Hayes. A primeira narrativa diz que Deus criou o 'adam -- com artigo definido, como se fosse uma categoria de seres, e não um indivíduo. "Já se traduziu 'adam como o terroso [ou seja, o feito de terra]", conta Osvaldo Ribeiro. De quebra, nesse relato diz-se explicitamente que o 'adam, homem e mulher juntos, são criados ao mesmo tempo e ambos seriam "imagem e semelhança" de Deus. (Tirar a pessoalidade de Adão para associar o seu nome ao ´gênero humano´ é uma tática conhecida da crítica bíblica liberal. De fato, várias passagens dos primeiros capítulos da Bíblia falam "o homem" (´adam). Contudo, a palavra "´adam" foi a designação nominal para o primeiro "´adam" (homem). Se Hayes não visse a Bíblia como uma ´colcha de retalhos´, poderia enxergar isto facilmente em Gn. 5:1-8, por exemplo: "Este é o livro da genealogia de Adão. No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez; homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia em que foram criados (lembre-se de que Adão - o homem - deu à Eva o nome de ´varoa´, hb. "‘ishshah", ou "esposa", "fêmea", e "carne de sua carne", cf. Gn. 2:23. Assim, não é incomum que o texto diga "...e lhes chamou pelo nome de Adão" - hb. "shem ´adam"). Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete. Depois que gerou a Sete, viveu Adão oitocentos anos; e teve filhos e filhas. Os dias todos da vida de Adão foram novecentos e trinta anos; e morreu. Sete viveu cento e cinco anos e gerou a Enos. Depois que gerou a Enos, viveu Sete oitocentos e sete anos; e teve filhos e filhas. Todos os dias de Sete foram novecentos e doze anos; e morreu.". Sem dúvida alguma, o texto bíblico apresenta, em toda a sua extensão desde os primeiros capítulos, a Adão como um ser único, pessoal).

"É que, no mundo antigo, não se concebe um deus sozinho. Todo deus tem sua fêmea -- não dá para imaginar um deus celibatário", explica Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP. (O quê? Você entendeu?.. Nem eu!..).

Política pós-exílio
Silva diz que a relação entre 'adam e 'adamah, ou "terra" em hebraico, tem a ver com a idéia de terra enquanto lavoura, terreno para plantar. Nesse caso, as narrativas do Gênesis estariam de olho na necessidade de voltar a cultivar a terra da Palestina depois que o povo de Judá voltou do exílio na Babilônia. (Bem, agente não pode deixar de frisar que este pessoal de crítica liberal é realmente criativo!...).

Ribeiro, da PUC-RJ, aposta justamente nessa interpretação social e política para explicar a primeira narrativa da criação. "Essas narrativas tinham uma função específica no antigo mundo semítico, e essa função aparentemente não tinha a ver com a nossa visão delas como relatos da origem de tudo o que existe", afirma. O "Enuma Elish", por exemplo, era recitado na construção de templos e cidades -- como uma parte ritual da ação criadora que estava sendo executada.

Ora, ao voltar do exílio, os ancestrais dos judeus, capitaneados pelos sacerdotes, viram-se diante da tarefa de reconstruir o Templo de Jerusalém -- e o relato da criação seria justamente uma versão ritual desse processo. Ribeiro afirma que há um paralelo claro entre a situação de caos e de desolação antes da ação divina e a terra de Israel devastada pela guerra. "Por exemplo, quando uma cidade é destruída na Bíblia, há a invasão das águas", diz. Isso explicaria também porque, estranhamente para nós, Deus não cria as coisas do nada, mas reorganiza elementos que já estão presentes -- como alguém que traz de novo a lei e a ordem para uma região. (Isto não é verdade em relação à Criação. O texto de Gênesis denota, claramente, a idéia de que toda ela é feita ´a partir do nada´. Isto, inclusive, este presente nos textos-comentários de vários estudiosos da Bíblia, desde os tempos patrísticos).

"Eu sinceramente nem sei se os povos semitas antigos tinham essa noção da criação do Universo inteiro a partir do princípio. Para eles, a criação significava provavelmente a criação de sua própria cultura, de sua própria civilização. O que ficava fora dos muros da cidade ou dos campos cultivados perto dela era considerado o caos", afirma Ribeiro. (O problema não é a ´visão semita dos povos´ - observe que está sempre presente o pressuposicionalismo do relato bíblico ter sido ordinário, e não extraordinário, ou ´inspirado´).

Judeus orando no "yom kippur" ou "dia do perdão", 1878

Contradições preservadas

Diante da história complicada e tortuosa do texto, a pergunta é inevitável: por que os editores antigos resolveram preservar as contradições, em vez de apagá-las? "Porque ambas eram respeitadas em seus círculos, ambas eram fontes com autoridade, e os redatores bíblicos utilizaram o sistema de edição 'cortar/colar', e nunca 'deletar'. Para o pensamento semita antigo, não há contradição alguma em dois relatos diferentes estarem no mesmo livro. Aliás, a idéia é que a palavra de Deus é múltipla e e se expressa de múltiplas formas, assim como sua verdade", arremata Suzana Chwarts.". (Chega a ser um desrespeito com a história e tradição judaica, sob uma ótica conservadora, as palavras desta professora. Afirmar que o trabalho bíblico consiste em uma ação de ´cortar/colar´ [sic] é um absurdo que insulta e subestima a inteligência do autor do texto e de seus copistas e/ou eventual(is) compilador(es). Meus pêsemes em relação ao que, para mim, é um artigo cujo conteúdo são informações que refletem meramente os posicionamentos pressuposicionalistas parciais e liberais de um punhado de estudiosos do tema. Bons comentários e léxicos do hebraico, como o do dr. James Strong, podem lançar muito mais luz à questão).

Fonte: G1

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

Um comentário:

Anônimo disse...

Graça e paz, Pr. Artur.

Excelente comentário de sua autoria, Pr Artur, pois desmascara esses "pesquisadores", que na realidade não buscam informações para informar, mas, sim, para confundir os leitores.

Que Deus faça seu ministério alcançar patamares aida maiores. Precisamos disso em nossos dias.

Pb. Alberto Veras

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