Por Anna Reinmann
Adaptado por Artur Eduardo
O profeta Maomé com uma bomba-relógio no turbante: é assim que começa o filme feito pelo político holandês Geert Wilders. O cartunista dinamarquês responsável pelo desenho explica à "Spiegel Online" por que deseja que o desenho seja retirado do filme:
Spiegel Online - Kurt Westergaard, o filme anti-Alcorão feito pelo político holandês de direita Geert Wilders tem início com o seu desenho do profeta Maomé, que é retratado com uma bomba-relógio no turbante. Por causa disso você está tomando medidas legais contra Wilders. Por que?
Westergaard - A Associação Dinamarquesa de Jornalistas solicitará um mandado judicial para obrigar Wilders a retirar a minha caricatura do filme*. Não quero vê-la fora do seu contexto original. Aquele desenho tinha como alvo os terroristas islamitas fanáticos - uma pequena parte do islamismo. A caricatura não pode ser usada contra os muçulmanos como um todo. Não foi essa a minha intenção.
Spiegel Online - E é isso que você acha que Wilders está fazendo com o filme?
Westergaard - Wilders tem uma visão extremamente generalizante dos muçulmanos como potenciais terroristas. Mas as coisas não são assim de forma alguma - conheço diversos muçulmanos que moram aqui na Dinamarca, e que aceitam completamente a democracia e praticam a sua religião como uma questão de natureza bastante particular. Mas estou convicto de que a nossa cultura democrática ocidental prevalecerá sobre a versão mais sombria do islamismo. Precisamos ter um islamismo light.
Esta é a famigerada caricatura de Westergaard que, segundo ele, simboliza o fundamentalismo radical islâmico.
Spiegel Online - Você também processou um grupo dinamarquês que usou a sua caricatura como parte de uma campanha de advertência contra a islamização da Europa. Por que?Westergaard - Pelo mesmo motivo que estou processando Wilders. Sei que não sou capaz de impedir o uso da caricatura em todos os lugares. Ela tornou-se uma espécie de ícone neste debate. Mas agirei dessa forma onde puder.
Spiegel Online - Assim como Wilders, você está vivendo sob ameaça constante de muçulmanos radicais, e está sob proteção policial constante. Você teme que a situação possa ficar ainda pior, agora que Wilders usou a sua caricatura?
Westergaard - Hoje ainda não falei com o meu agente do serviço de inteligência PET (abreviatura de Politiets Efterretningstjeneste, ou Serviço de Inteligência de Segurança Dinamarquês), algo que faço quase diariamente. Mas estou informado sobre a situação relativa à minha segurança.
Spiegel Online - Em fevereiro, após vários indivíduos terem sido presos temporariamente por supostamente conspirarem para assassiná-lo, a sua mulher perdeu o emprego, porque o patrão achou que não era mais possível garantir a segurança dela. Você enfrentou uma falta de compreensão a respeito da sua situação?
Westergaard - Na verdade, não posso reclamar. A minha mulher conseguiu o emprego de volta.
Spiegel Online - Wilders só consegue ver a mulher uma vez a cada duas semanas. Para você, o Natal foi a única ocasião na qual pode reunir-se com a sua família. O fato de estar constantemente escondido não se constitui em uma grande tensão para a sua família?
Westergaard - De fato, isto é muito deprimente. Ontem (26/03) eu mudei de residência pela sétima vez desde novembro. Não sei quando poderei voltar para a minha casa. Mas não perdi a minha coragem. Fiquei muito furioso quando fui ameaçado, e continuo sentindo a mesma raiva.
Spiegel Online - Geert Wilders elogiou o governo da Dinamarca e a população dinamarquesa pela coragem que demonstraram. Ele disse que, ao contrário do governo holandês, os dinamarqueses não cederam aos muçulmanos. Como você se sente quanto a este elogio feito por um político de direita?
Westergaard - Sempre fui a favor de Wilders contar com a liberdade para fazer e exibir o seu filme. Na Dinamarca, nenhum político pode dizer: não exiba este filme. Eles não ousariam dizer tal coisa. Esta é a diferença em relação à Holanda - embora eu não deseje interferir na política holandesa. Só posso falar pelo meu país.
Spiegel Online - Você às vezes se arrepende de ter feito a caricatura?
Westergaard - Não. Se não fosse a caricatura, outra coisa teria provocado os protestos: um livro, uma peça teatral ou um filme. Creio que temos que passar por este período de fricção entre as duas culturas. Espero que os nossos cidadãos dinamarqueses muçulmanos entendam o que significa viver em uma democracia. Mesmo que você seja contrário à democracia, dá para viver nela, mas tem que lutar por meios pacíficos. Na Dinamarca, temos um ditado: A democracia vai para a cama com os inimigos dela - não por desejo, mas por uma questão de princípios.".
Fontes: UOL Notícias
Público Portugal
Nota do Pr. Artur Eduardo - Ninguém, em qualquer religião que seja, pode obrigar alguém que não professe a mesma religião de se submeter aos preceitos desta. Isto é exatamente o quê acontece com o islamismo. O filósofo Olavo de Carvalho já falou inúmeras vezes sobre isso, e tal prática não somente tem despertado o Ocidente de sua inércia em relação aos atos cada vez mais frequentes dos fundamentalistas islâmicos, como acarretado algumas reações. Uma destas é o filme-documentário "Fitna" (´discórdia´, em árabe), do político Geert Wilders. A União Européia já se apressou a condenar o filme, mas é inegável o sentimento anti-islã crescente no mundo ocidental. Não é para menos, pois a visão que incessantemente se tenta passar da jihad é a mesma dos tempos medievais, das Cruzadas, como se o mundo não tivesse evoluído, ou como se os principais conflitos existentes no Oriente Médio e Próximo fossem ´por religião´, de fato. Isto somente mostra que os bons preceitos da religiosidade islâmica (até a cristã) são vituperados em nome de um radicalismo que, ao fim das contas, manda mesmo, pois monopoliza, ameaça de morte, mata, queima, depreda, incendeia, blasfema ao extremo, generaliza e, o que é pior, torna-se um fim em si mesmo.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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