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quarta-feira, 9 de abril de 2008

Catolicismo e nazismo

DOCUMENTOS DIVULGADOS PELA IGREJA CATÓLICA REVELAM A CONIVÊNCIA DESTA INSTITUIÇÃO COM A INDÚSTRIA DE TRABALHOS FORÇADOS, DURANTE SEGUNDA GUERRA MUNDIAL



Economia do regime nazista sobrevivia graças a 13 milhões de trabalhadores forçados

Igreja divulga relato sobre trabalhadores forçados em instituições católicas durante o nazismo. Documentação contribui para esclarecer o alcance da conivência católica com o Terceiro Reich. Somente 45 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial é que a sociedade alemã começou a pensar no destino dos trabalhadores forçados do Terceiro Reich. Depois disso, ainda passariam alguns anos até as Igrejas entrarem na discussão e abordarem um tema que até então era tabu: a presença do trabalho forçado em instituições religiosas durante o regime nazista.

Nesta terça-feira (08/04), o cardeal Karl Lehmann apresentou em Mainz um documento sobre a conivência da Igreja Católica. Como presidente da Confederação dos Bispos Alemães, uma função exercida até fevereiro último, Lehman apoiou a condução da pesquisa sobre esse capítulo negro da história recente da Igreja católica. Através da busca de sobreviventes e da oferta de indenização, os representantes da Igreja afirmam pretender elucidar o sistema que permitiu a exploração de trabalhadores forçados por parte de instituições católicas, como hospitais e mosteiros.

O cardeal Lehmann lamentou durante a apresentação do documento que a Igreja não tenha se voltado para a discussão do assunto anteriormente. "Não se deve esquecer que a Igreja católica se manteve por muito tempo cega frente aos destinos e ao sofrimento de trabalhadores forçados oriundos de toda a Europa, trazidos para a Alemanha, entre estes homens, mulheres, jovens e crianças", observou Lehmann. O documento intitulado Trabalho Forçado e a Igreja Católica entre 1939 e 1945 expõe como aproximadamente seis mil pessoas (civis), em sua maioria vindos da Polônia, Ucrânia e da ex-União Soviética, bem como prisioneiros de guerra, foram obrigados a trabalhar em cerca de 800 instituições ligadas à Igreja.

Cardeal Lehmann apresenta estudo sobre trabalho forçado em instituições ligadas à Igreja Católica

Regime de escravidão
Através da pesquisa, foram localizados em torno de 800 sobreviventes, que receberam uma indenização (simbólica) de 2.500 euros. Enquanto estima-se que o número de trabalhadores forçados durante o regime nazista tenha girado em torno de 13 milhões de pessoas, vivendo em regime de escravidão, a Igreja acredita, a partir do atual documento, ter empregado seis mil trabalhadores forçados em hospitais, seminários e conventos. Essas instituições não apenas obrigaram os trabalhadores estrangeiros às atividades em suas instalações, como também recrutaram pessoas visando forçá-las ao trabalho.

Patriotismo e medo
Entre os motivos que levaram à conivência da Igreja neste contexto estão "motivos patrióticos, bem como o medo da violência da polícia e da SS. Essa situação levou a ambivalências, tensões e ajustamentos, em alguns casos também a erros fatais", diz Karl-Joseph Hummel, editor do estudo sobre o trabalho forçado nas instituições católicas. As revelações, acredita o cardeal Lehmann, não levam somente a uma melhor compreensão do passado, "mas contribuem também para uma lembrança histórica mais precisa, sem a qual não há reconciliação possível".

Fonte: Notícias Cristãs

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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