Foto da favela "Ciudad Oculta" ("Cidade Oculta"), com mais de 30 mil moradores vivendo em condições de extrema pobreza, no subúrbio de Buenos Aires.O governo da Argentina se envolveu em uma polêmica com a Igreja Católica devido a dados divulgados nesta semana que indicam que a pobreza no país vem caindo. Os números do Indec (Instituto de Estatísticas e Censos) indicaram que a pobreza caiu de 23,4% (no primeiro semestre do ano passado) para 20,6% (entre outubro e março deste ano). Entretanto, o monsenhor Jorge Casaretto, líder da Pastoral Social e uma das principais vozes da Igreja Católica no país, disse que a percepção de membros da Igreja é de que a pobreza na verdade está aumentando.
"Muita gente voltou a pedir comida nos pontos beneficentes da Igreja", disse Casaretto à rádio Continental. Sem citar o nome do monsenhor e sem fazer referência à igreja, a presidente Cristina Kirchner afirmou, na quarta-feira: "Estamos orgulhosos com a queda registrada na pobreza e na indigência". Nesta quinta-feira, ela afirmou: "Nosso objetivo é alcançar a igualdade social".
Números diferentes
Os ministros do Interior, Florencio Randazzo, da Saúde, Graciela Ocaña, e do Desenvolvimento Social, Alícia Kirchner, também vieram a público para desmentir as afirmações de Casaretto.
"É pouco sério medir a pobreza pelos que eventualmente possam se aproximar da Igreja para pedir ajuda", disse Randazzo. Segundo a imprensa argentina, o religioso teria baseado sua afirmação em dados de uma pesquisa realizada pela Universidade Católica, que indicou que a pobreza atinge hoje 28% dos argentinos. Outros institutos colaboram para tornar ainda mais nebuloso o quadro no país.
A CTA (Central de Trabalhadores Argentinos) realizou um levantamento que mostra que a pobreza estaria entre 26% e 33%. Já para o especialista Ernesto Krtiz, da SEL (Sociedade de Estudos Trabalhistas), dedicada a análise da pobreza e do mercado trabalhista, ela é de 30%. Nos diferentes casos, eles argumentam que a inflação – que muitos acusam funcionários do Indec de “maquiar” - seria a responsável pelo incremento de pobres.
Menina assassinada
Em meio a esta discussão, a morte da menina Milagros Belizán (foto), de 2 anos, revelou as condições que vivem hoje os que estão abaixo da linha da pobreza na Argentina. Milagros foi encontrada nua, amarrada com um fio no pescoço, num terreno baldio a dez quarteirões de sua casa.
Ela teria sido golpeada e estrangulada por dois irmãos de 7 e 9 anos, domingo, no bairro de São José, no distrito de Almirante Brown, na Província de Buenos Aires. O jornal Clarín publicou em destaque na primeira página: "História terrível: como viviam os meninos que mataram a bebê em Almirante Brown. Essa é a casa que eles viviam, e há um ano não iam à escola".
Na foto um casebre de madeira, cercado por lixo e sem saneamento básico. Segundo o secretário de Desenvolvimento Social do governo da Província de Buenos Aires, Daniel Arroyo, um milhão de crianças (40% do total) vivem na pobreza neste território – o maior da Argentina e onde viviam Milagros e os dois meninos que disseram que a mataram.
Fonte: BBCNOTA: Qualquer semelhança com o Brasil (desde os tempos imperiais) não é mera coincidência.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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