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sexta-feira, 16 de maio de 2008

O social, sem glamour

REPORTAGEM SOBRE AS OBRAS NO ´COMPLEXO DO ALEMÃO´ E TRECHOS DO DOCUMENTÁRIO "NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR" FALAM DO PONTO EM QUE CHEGAMOS: HIPOCRISIA, MINIMALISMOS, SEM PAZ, SEM SEGURANÇA, SEM PERSPECTIVA, SEM DEUS, SEM NADA....




Trecho de uma reportagem de Janeiro de 2008, sobre as polêmicas obras no ´Complexo do Alemão´, Rio. A região, um composto de 12 favelas, obtém a ultrajante marca de concentrar 40% dos crimes cometidos no Rio. A entrevista, observem, é em uma rua relativamente movimentada, de dia, desafiadora. As obras acontecem, hoje, com escolta policial, algumas barricadas, blitzes, enfim, um esquema de guerra e tensão constantes. O desafio feito pelos traficantes é, no mínimo, sintomático.



Cenas do documentário "Notícias De Uma Guerra Particular", de Kátia Lund e João Moreira Salles, que mostra o ´caos´ do dia a dia extremamente violento e, aparentemente sem fim, dos confrontos entre a polícia e traficantes de drogas. Recomendo discernimento do internauta.



Mais cenas do documentário "Notícias de uma guerra particular". Aqui, vêem-se as principais considerações do ex-capitão do B.O.P.E., Rodrigo Pimentel, referindo-se à guerra sem trégua entre o Estado e os traficantes de drogas. Menores presos, com históricos de crimes hediondos, sem perspectiva, servem de indicador para uma questão que, tenho certeza, vai além do mero ´social´: a ausência completa e total de Deus das instituições seculares. O princípio da laicidade do Estado, levado às últimas consequências, está produzindo uma sociedade vitma de si mesma. NOTA: Rodrigo Pimentel seguiu carreira, hoje é consultor e foi o co-autor do livro "Elite da Tropa", que fala do B.O.P.E. como um esquadrão ´incorruptível´e ´extremamente violento´, inspirando, juntamente com este documentário, o polêmico filme "Tropa de Elite". Tanto no livro quanto no filme há uma mescla de ficção e realidade.


"A sociedade quer, realmente, uma polícia honesta?". Esta é uma das indagações feitas por um dos entrevistados, o ex-chefe de polícia do Rio, Hélio Luz. Em declarações polêmicas e viscerais, mas verdadeiras, o também ex-deputado federal Hélio comenta sobre a polícia e a socieade. Fala sobre as idéias erradas que se têm sobre o tráfico, demitifica a ´organização´ do crime, revelando que só sobraram o caos no morro e a hipocrisia no asfalto. Àquele tempo (1999), observa-se equilíbrio e uma coragem incomum no então chefe da polícia do Rio. O que há de bom? Nada. Verifica-se isto quando observamos, por vídeos como o primeiro postado, que a situação piorou; e o vício, cada vez mais alimentado pela socieade que finge combatê-lo, segue, produzindo mais e mais vitmas lá no alto, e cá em baixo.



Último vídeo desta sequência, e não menos chocante que os demais. As armas são mostradas, de ambos os lados. As armas do B.O.P.E nos são apresentadas pelo então capitão Pimentel. As do tráfico, por um menor que esconde o rosto. A naturalidade com que este último fala das armas revela-nos a provável naturalidade com que ele, e outros como ele, as usam. É igualmente esclarecedor (informativo) e extremamente deprimente. E assim caminhamos: ´...sem Deus, sem nada...´


Entrevista de Hélio Luz dada a Fernando da Escóssia, para a Folha de São Paulo, sobre o exaustivo e extremamente necessário trabalho de moralização do Poder Público, afundado até o pescoço em esquemas com extorsões, sequestros e tráfico de drogas.

Ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Hélio Luz, 55, é direto: para diminuir o número de sequestros em São Paulo é preciso aumentar o controle interno da polícia, pois há policiais envolvidos com os crimes.

Hoje deputado estadual no Rio pelo PT, Luz dirigiu por dois meses em 1995 a DAS (Divisão Anti-Sequestros) e assumiu no mesmo ano a chefia da polícia. Sua gestão marcou o início da redução do número de sequestros no Estado.

Os casos chegaram a 108 em 1995. Caíram para 58 em 1997, ano em que Luz deixou o cargo, em solidariedade à greve da Polícia Civil por aumento de salários.

"No Rio, quem estava sequestrando era a polícia. São Paulo está passando por isso", afirma o delegado. Luz adotou medidas polêmicas, como o uso de policiais considerados corruptos, porém eficientes, para elucidar sequestros. Iniciada na gestão de Luz, a redução dos sequestros continuou no Rio: no ano passado (2001, grifo nosso) foram registrados nove casos.

Folha - O que o sr. encontrou na DAS (Divisão Anti-Sequestros)?
Hélio Luz - Quem estava sequestrando era a polícia. São Paulo está passando por isso. Lógico que os sequestros de lá têm ligação com a polícia. Como foi aquele negócio do sequestrador do Silvio Santos? Desde o primeiro momento, o cheiro era de extorsão, "mineira" de policial.

A polícia de São Paulo é tão corrupta quanto a do Rio. As polícias são corruptas porque refletem o Estado brasileiro, que é corrupto. Os meios de controle interno não dão conta da corrupção, porque o Estado é corruptor e as elites se aproveitam disso.

Quando falo em polícia sequestrando, é Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária. A primeira coisa para parar sequestro é controle interno da polícia. A outra é distribuição de renda, porque a desigualdade é causa da criminalidade.

Folha - Como foi o combate aos sequestros no Rio?
Luz - Um dos maiores problemas que eu tive foi o empresariado. Empresário faz questão de dar dinheiro para a polícia, de manter a polícia corrupta. Não dêem dinheiro para a polícia, eu dizia. A polícia tem de reivindicar salário.

Outro problema era o dos seguros contra sequestros. Quando tem sequestro, essas empresas de seguros vão negociar o resgate. Acabei com isso, botei todo mundo para fora da DAS, assim como os advogados que negociavam resgate. Todo mundo ganhava dinheiro. Era um negocião.

Essas empresas cobram de cada empresário por mês, negociam com vagabundo, ficam com uma parte do resgate e pronto. O meu interesse era não pagar o resgate.

Folha - Como o sr. fez o que chama de controle interno da polícia?
Luz - Quando eu cheguei na DAS, tinha 150 homens lá. Tinha cinco quadrilhas de policiais sequestrando. Eu disse: "A DAS a partir de hoje não sequestra mais, a polícia não sequestra mais". Falei: "Quem sequestrar vai perder arma e carteira. Quem quiser ficar aqui, é para a dura (para trabalhar). Quem não quer, rua". De 150 homens, ficaram 30.

Folha -Até que ponto chegava o envolvimento da polícia com os sequestros?
Luz - Era total. Tinha camburão e carro da polícia escoltando pagamento de resgate. Não para garantir a segurança da família, mas para garantir que outra quadrilha não tomasse o dinheiro.

Folha - Para resolver sequestros e prender sequestradores, o sr. chamou policiais ligados à chamada "banda podre", o grupo Astra. Isso compensa?
Luz - O que era o grupo Astra? Era o pessoal que tinha competência, mas era problemático, que tinha um pé na lama. Aí você chega para o cara e diz: "Meu irmão, é a tua chance de lavar o pé". O dirigente não pode botar o pé na lama, mas dá chance para quem está com o pé na lama limpar o pé. Não houve acerto. Foi a chance que eles tiveram de lavar o pé.

Folha -O que o sr. acha da tese de que os sequestros no Rio caíram porque a polícia fez acordo com os traficantes, dizendo que liberaria o tráfico caso eles parassem os sequestros?
Luz - Isso é estúpido, não existe isso. Isso é coisa de quem não conhece nem polícia nem vagabundagem no Rio. Quem vai iniciar essa negociação? Quem vai garantir um acordo desse?

Folha -O que o sr. acha da proposta de bloquear bens de pessoas sequestradas?
Luz - É um absurdo. Você não pode chegar para um pai, uma mãe que tem dinheiro e está com um filho em cativeiro, e dizer para ele não pagar o resgate. Isso é uma tortura.Compete ao Estado ser competente e evitar o pagamento.

Fontes: Mail Archive, Críticos.com.br (Cinema)

NOTA: Hélio Luz vive, atualmente, radicado na França. O trabalho exposto acima pode ser encontrado facilmente, e na íntegra, na Internet. É motivo de estudo em vários meios acadêmicos, no Brasil e exterior (o documentário "Notícias De Uma Guerra Particular" foi encomendado pela TV francesa). Conforme disse Marcelo Janot: "No momento em que o Rio de Janeiro vive a maior crise de violência de sua história, chega às locadoras um DVD que talvez possa ser considerado um dos lançamentos cinematográficos mais importantes do ano (2005, ano do lançamento do documentário nas locadoras brasileiras. Grifo nosso): antes restrito a exibições muito esporádicas, o documentário Notícias de Uma Guerra Particular, de Katia Lund e João Moreira Salles, realizado em 1998/99, agora está disponível para aqueles que quiserem entender um pouco mais a fundo porque vivemos à mercê do medo e da insegurança, no meio de um triângulo nefasto composto por políticos demagogos, polícia corrupta e bandidagem inescrupulosa.). O que é preciso fazer? Orar é parte da resposta, para os que temem ao Senhor Deus. Mas, está-se orando mesmo por esta situação que, para muitos, já é irreversível? Até os mais otimistas encontram dificuldade em vislumbrarem algo de bom no horizonte da sociedade ocidental. Não pode haver uma mudança significativa sem ´sacrifício´, principalmente no que concerne ao tráfico: é crucial que se ´sacrifique´ o vício!! Mas a sociedade ´sacrificou´esta iéia, há muito tempo.

MARANATA. VEM, Senhor Jesus!!!

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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