Por Jeffrey Nyquist
Adaptado por Artur Eduardo
A economia global está em apuros. De acordo com o jornal londrino The Telegraph, o Royal Bank of Scotland aconselhou seus clientes a que “reforcem sua posições em preparação para uma quebradeira geral nos mercados de ações e de crédito no transcorrer dos próximos três meses”, na medida em que a inflação, conduzida pelos altos preços da energia, paralise os principais bancos. É triste o fato de que os preços do petróleo tenham se recusado a cair. Dizem-nos que, recentemente, os sauditas tentaram reduzir o preço do barril – mas eles falharam.
A dor continua enquanto as perdas continuam a crescer. Haverá promessas políticas – com a ênfase na palavra “políticas”. De um lado, temos o senador John McCain, e do outro, o senador Barack Obama. Escrevendo no Wall Street Journal de 19 de junho, Karl Rove[1] alertava que ambos os candidatos à Casa Branca “podem se revelar iletrados em matéria de economia e irresponsavelmente populistas”. Ambos fazem as delícias do público que nutre a convicção de que as companhias de petróleo estão obtendo lucros obscenos. Mas as companhias de petróleo não são o problema, e se nós não tivermos a capacidade de avaliar a importância do assunto, com alguma perspectiva, a crise econômica se transformará em crise política, e esta poderá levar a uma sublevação social. Eu temo que os líderes dos EUA tenham ignorado o perigo, uma vez que o foco de sua atenção está concentrado no Oriente Médio e nas eleições. Sob a superfície, e por muitos anos, os valores e os ideais ocidentais vêm sendo atacados nos campi universitários americanos, nas igrejas, na televisão, em livros e na Internet. E eu ainda acrescentaria, apesar de poucos concordarem comigo, que isso foi apenas uma preparação do terreno para algo mais.
Num filme documentário de 2007 [link para o vídeo], intitulado Zeitgeist[2], dizem-nos que o Cristianismo é uma religião falsa, que os ataques de 11 de setembro foram uma armação interna e que os terríveis bancos centrais estão por trás de um sistema de escravização e pauperização. O filme nos diz que somos vítimas da conspiração de uma elite que usa a religião, a política e o dinheiro para controlar nossas vidas. O apelo à paranóia é realizado por uma série de giros e mudanças bruscas. Mas o que o filme evidentemente não faz é notar que o Cristianismo, o governo americano e um sistema com base num banco central deram à humanidade a mais bem sucedida sociedade da história. Três gerações de americanos desfrutaram de um alto padrão de vida e de uma excepcional liberdade individual. Que tenhamos usado mal nossa riqueza é outro problema; que tenhamos nos tornado uma sociedade permissiva e narcisista é mais fundamental na condução política do que ideologias ou política partidária. Mas isso apenas descreve a nossa vulnerabilidade.
É preciso repetir que os valores do Cristianismo, da República Americana e do capitalismo estiveram sob ataque de rivais totalitários por décadas. Quer você aprove, ou não, os valores e tradições ocidentais, você não pode negar a veracidade desta afirmação. Um desafio esteve e está em andamento, e este desafio tem implicações internacionais – formidáveis implicações estratégicas. As idéias expressas no documentário Zeitgeist são as idéias cardeais daqueles que desejam derrubar “as forças políticas estabelecidas”. Ponderem sobre este desafio ao sistema no contexto daquilo que está acontecendo na esfera econômica e o que deve acontecer na esfera política. O nome do jogo é jogar a culpa.[3] Está em curso um ataque contra a autoridade religiosa, contra a autoridade política existente, e também contra o sistema econômico tal como representado pelos “banqueiros centrais”. O ataque está acontecendo em muitos níveis simultaneamente; está em curso há décadas e pode acelerar-se em breve.
Se houve uma conspiração, não foi uma conspiração de autoridades religiosas, de George W. Bush ou de diretores de bancos centrais. Em vez de uma conspiração do establishment, há uma conspiração revolucionária dirigida contra a fé cristã, o Tio Sam e o capitalismo. O documentário Zeitgeist sugere que a fé e o patriotismo são embustes, fraudes, e que a base da sociedade é uma mentira. Porém, o documentário mesmo faz uso da manipulação e do engodo para passar a sua mensagem. Um discurso do presidente Kennedy sobre a conspiração comunista internacional é tirado do contexto para fazê-lo soar como um discurso contra uma trama secreta que o mataria em Dallas.
Na guerra pelo controle do mundo, mentirosos se travestem de reveladores da verdade, enquanto os líderes do mundo livre são demonizados como “riquíssimos malfeitores” ou “fomentadores de guerras”. Teorias conspiratórias têm sido um importante veículo para promover uma agenda totalitária de subversão e agitação revolucionária. Elas são usadas para desacreditar nossos líderes às vésperas da próxima guerra. O que revela o impulso totalitário nesse filme em particular é o seu ódio violento às mais básicas estruturas da Civilização Ocidental. Deve ter-se em mente, antes de qualquer coisa, que aqueles que buscaram a erradicação do Cristianismo, do governo constitucional e do capitalismo eram antes conhecidos como “comunistas”. Seu legado é o legado de Lenin, Stalin (que mandou assassinar cerca de 25 milhões de civis contrários ao seu regime), Mao (o mais célebre líder comunista chinês, sobre as costas de quem pesam cerca de 70 milhões de mortes de civis, na ´Revolução Cultural´ da China, em 1949 - grifo nosso) e Pol-Pot (mandante comunista de mais de três milhões de mortes, no Camboja - grifo nosso). As estrelas menores do movimento incluem luminares do porte de um Fidel Castro, Hugo Chávez, Robert Mugabe, Ho Chi Minh e Kim Jon IL, dentre outros.
Se a “Revolução é agora”, como diz o filme, então essa revolução tem muito em comum com a revolução nacional-socialista na Alemanha – que se apoiou numa teoria da conspiração. Hitler sempre afirmava que os banqueiros, também conhecidos como “os judeus”, exemplificavam a perversidade do capitalismo e a decadência da cultura de mercado. “Meus sentimentos contra o americanismo são sentimentos de ódio e profunda repugnância”, dizia Adolf Hitler. Os Estados Unidos são parte de uma “civilização materialista venenosa”, diziam os intelectuais japoneses a mando do general Hideki Tojo. A destruição do Ocidente era o sonho de Lenin e o grande projeto de Stalin. Na China, a alta liderança ensina aos seus oficias que eles devem se preparar para uma futura guerra contra os Estados Unidos.
A ideologia anti-ocidental estimulou o Eixo na II Guerra Mundial e o Bloco Comunista durante a Guerra Fria. Ela estimula a al Qaeda e o regime clerical iraniano. Se você observar a política doméstica americana, a ideologia antiocidental inspirou e estimulou os radicais dos anos 1960 da mesma fora que continua a inspirar e estimular o movimento antiguerra hoje. George W. Bush é injustamente difamado e caluniado: “um mentiroso e fomentador de guerras”. Na verdade, ele não é nada além de um homem bem-intencionado que foi mal servido por seus conselheiros e traído por seu próprio serviço de inteligência. Seus erros não são os de um mestre conspirador. A lógica da retórica totalitária supõe que o 11 de setembro tenha sido uma armação americana porque é intolerável permitir que o capitalismo e a República Americana tenham qualquer tipo de superioridade moral. Todas as medidas de defesa nacional são, por isto, denunciadas como ilegítimas. Todos os funcionários do governo americano são vilões, escroques e bobos. A República é nada mais que um sistema de exploração que precisa ser derrubado. Atentem para estas palavras. Não sejam levados pelo rufar dos tambores da propaganda antiocidental.
[1] NT: Karl Rove é considerado um dos grandes “arquitetos” e organizadores do Partido Republicano. Atribuem-lhe, dentro e fora do partido, os maiores méritos pelas duas vitórias de George W. Bush nas eleições presidenciais em 2000 e 2004. Odiado e temido por muitos, é subestimado por muito poucos.[2] NT: Zeitgeist, palavra alemã que significa “o espírito do tempo, da época”. Foi e é utilizada em contextos variados.
[3] NT: The name of the game is to blame. A rima é intraduzível, mas pode ser explicada: a tática é inculpar a outros pelos efeitos maléficos de suas ações planejadas.
Jeffrey Nyquist é formado em sociologia política na Universidade da Califórnia e é expert em geopolítica. Escreve artigos semanais para o Financial Sense (http://www.financialsense.com/), é autor de The Origins of The Fourth World War e mantém um website: http://www.jrnyquist.com/
Fonte: Mídia Sem Máscara
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Nenhum comentário:
Postar um comentário