Há exatos 30 anos, no dia 18 de novembro de 1978, ocorreu uma das maiores tragédias com motivação religiosa de todos os tempos. Naquela data, 909 seguidores da seita Templo do Povo, comandada pelo fanático James Warren Jones (o Jim Jones), cometeram suicídio coletivo na comunidade agrícola conhecida como Jonestown, na Guiana. O corpo de Jones foi encontrado junto ao de seus fiéis, com um ferimento a bala na cabeça.
O episódio foi o ponto culminante de uma história iniciada anos antes, quando Jim Jones, nascido no estado americano de Indiana, começou a reunir seguidores – em sua maioria, pessoas pobres e marginalizadas, muitas delas negras, que foram atraídas com promessas de uma vida melhor ao lado do pregador. O sonho de uma comunidade alternativa se concretizou em 1977, quando Jones e os adeptos da seita migraram para a Guiana. Jonestown era uma comunidade auto-suficiente (cuja estrutura socialista, derivava diretamente da utopia de Jones de criar uma ´comunidade igualitária perfeita´ - grifo nosso), à semelhança do kibutzin israelense, estabelecida no meio da selva amazônica. Isolados, seus moradores viviam à margem do mundo, na Guiana (América do Sul). Viviam isolados, sem qualquer contato com o mundo exterior, sob pena de castigos que podia chegar a espancamentos públicos. Era absolutamente proibido opinar acerca das regras estabelecidas e uma das rotinas obrigatórias eram as longas pregações do líder.
Conta-se que os seguidores eram obrigados a satisfazer todos os caprichos de Jones. O dirigente podia escolher suas mulheres entre as seguidoras e interferir diretamente na maneira como as crianças deveriam ser educadas. O mundo só tomou conhecimento de que algo de muito grave acontecia na América do Sul quando o congressista americano Leo Ryan foi executado durante uma visita à seita. Ele foi até Jonestown a pedido de seus eleitores, acompanhado por dois jornalistas, e passou alguns dias conhecendo as instalações e o modo de vida imposto por Jones. Procurado por fiéis que desejavam desesperadamente sair dali, o deputado conseguiu transporte aéreo para levar um grupo de volta aos Estados Unidos. Antes do embarque, contudo, os homens de Jones mataram todos a tiros numa emboscada.
Jim Jones apercebeu-se que o fim da seita estava próximo, pois àquela altura o governo americano já montava uma força tarefa para acabar com a comunidade e libertar os fiéis, já considerados prisioneiros de um fanático. O falso pastor, então, reuniu todo rebanho para o último sermão. Falou dos inimigos, dizendo que a morte era melhor que a rendição aos infiéis.
Para ter acesso ao áudio de sua última pregação, em inglês, clique AQUI. É possível ouvir as primeiras crianças agonizando, depois de ingerirem o veneno. Alguns adultos revezam-se no discurso de Jones. O áudio pode ser perturbador. Recomendo discernimento por parte do internauta.A certa altura, num ato extremo, exigiu que todos ingerissem um refresco com cianeto, um veneno mortal. Adultos, crianças e idosos obedeceram de bom grado, na expectativa de que a morte lhes abrira aporta para uma vida nova. Três seguidores de Jones, que conseguiram fugir antes do suicídio coletivo, sobreviveram para contar em detalhes as histórias de horror de Jonestown.
Fontes: Cristianismo Hoje, Marcos Guterman
NOTA: O fim trágico de uma seita de fanáticos, idólatra, inconsequente e prisioneira, sem dúvida, mas de si mesma. Jim Jones fez o que Absalão fez: Juntou os rejeitados, os desesperançados e os injustiçados da terra. Este, em relação a Davi, montou um exército de ´loucos´ que se levantava contra o seu rei. Aquele, por sua vez, criou um ´exército´ de loucos que se levantava contra quem quer que fosse. Para os dois, fins trágicos: Absalão morreu fugindo dos soldados de Davi, seu pai. Jim Jones, da polícia federal americana. Ambos deixaram um legado de dor e tristeza, e entraram para a História como personagens subversivos, inconsequentes, mas persuasivos. Isto é particularmente verdade na pessoa de Jim Jones: Com uma retórica auto-idolátrica e figura popstar, o falso reverendo era, inclusive, bem aceito nos círculos cristãos dos EUA, em seu tempo. Famoso pregador, Jones convencia a audiência de que ele mesmo era ´um vulto especial´. Há fotos de pessoas tentando tocar-lhe, o que não era incomum nos locais aos quais era convidado para pregar. Seus métodos lembram-nos, e muito, o de clérigos muçulmanos atualmente. Alguns destes conclamaram homens-bomba para lutarem contra Israel, devido ao conflico atual na Faixa de Gaza. Só no Irã, 7.000 já se ´alistaram´ como voluntários para explodirem-se a si e a inocentes em nome do chamado de seus líderes. Se Jim Jones é o exemplo um tanto quanto isolado de fanatismo no Ocidente, ´Jims Jones´ às centenas pululam o mundo islâmico, com preceitos distintos, roupas distintas, cacoetes distintos... mas a mesma retórica que insulfa o fanatismo, a intolerância mortal e o ódio suicida.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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