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quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vida, evolução e inteligência

NOSSA COGNIÇÃO É FRUTO DA EVOLUÇÃO?


Robô-criança apresentado por sites de informação do mundo todo, ontem, na Universidade de Osaka, Japão. Observe como saiu a notícia no G1: "...Com pele de silicone, 33 quilos, 1,3 metro, cinco motores e 197 sensores táteis, a máquina está sendo programada para se comportar como uma criança. Segundo o professor Minoru Asada, responsável pelo projeto, o CB2 deve analisar as expressões faciais das mães e classificá-las como alegria e tristeza, por exemplo.".

Um colega, em discussão no Orkut sobre IA (Inteligência Artificial), transcrevendo uma citação do Wikipédia, registrou:
"Um comportamento emergente ou propriedade emergente pode aparecer quando uma quantia de entidades (agentes) simples operam em um ambiente, formando comportamentos complexos no coletivo. A propriedade em si é comumente imprevisível e imprescendente, e representa um novo nível de evolução dos sistemas. O comportamento complexo ou as propriedades não são a propriedade de nenhuma entidade em particular, e eles também não podem ser previstos ou deduzidos dos comportamentos das entidades em nível baixo".
Várias observações podem ser feitas quanto a um comentário deste tipo:

1 - Talvez não se tenha apercebido que seu comprometimento com a filosofia naturalista é a priori. Isto NÃO é novidade para ninguém, principalmente depois de algumas declarações que repercutiram muito na mída. Richard Dawkins, o mais famoso militante anti-religião, afirmou: "Nosso comprometimento filosófico com o materialismo e o reducionismo é verdadeiro", em correspondência eletrônica com Phillip Johnson, líder do movimento chamado "Projeto Inteligente", nos EUA: http://www.arn.org/docs/pjweekly/pj_weekly_010813.htm . Chamamos isso em ciência de argumentação do "é porque é". Richard Lewontin, de Harvard, deixa isso claro como água, quando corajosamente reconhece algumas implicações de causa e consequencida da teoria que defende. No The New York Review of Books, de 1997, ele disse:
"Assumimos o lado da ciência, apesar do patente absurdo de alguns de seus constructos, a despeito de sua falha em cumprir muitas de suas promessas extravagantes de saúde e vida, a despeito da tolerância da comunidade científica pelas histórias do tipo "é porque é", porque nos comprometemos previamente com o materialismo. (...) Além do mais, este materialismo é absoluto, pois não permitir a entrada de nada que seja divino".
2 - Precisamos, portanto, tomar cuidado com o que pensamos ser fato consumado. E há fatos consumados em ciência, sim. Contudo, depois de Karl Popper, sabemos que para que "ciência" seja conhecida como tal, é necessário que tenha a possibilidade de ser falseável. Mas isto não quer dizer que sobre determinados aspectos tidos como científicos os especialistas não tenham objetos de seus estudos como "fatos estabelecidos". Negar isto é infantilidade. Por exemplo, negar que a lei do próprio Popper NÃO é científica, pois se fosse ela mesma teria de ser falseável, o que é um absurdo, pois para que tenha alguma validade ela precisa ser "absoluta". Isto exemplifica que se a ciência quiser ser levada à sério ela precisa saber que, inelutavelmente, estará andando pelos (às vezes, sorrateiros) campos da Filosofia e da Lógica.

Karl Popper, talvez o maior filósofo da Ciência do século XX. Sua idéia da ´falseabilidade´constitui-se no fundamento epistemológico para definirmos o que é e o que não é científico. Esta base, contudo, NÃO é científica, mas filosófica!

3 - A citação, que ganhou alguma conotação em nossa discussão, ainda diz: "Um comportamento emergente ou propriedade emergente pode aparecer quando uma quantia de entidades (agentes) simples operam em um ambiente, formando comportamentos complexos no coletivo...". Isto é completamente especulativo... Vide o trabalho sobre o flagelo bacteriano, por exemplo. http://permanencia.org.br/revista/Pensamento/behe.htm. À propósito, muita confusão se faz sobre o design inteligente. Aqui, uma interessante carta, dirigida ao leitor/público acadêmico, da SBPC: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=33454 (peço-lhes que leiam com calma.. boa explanação deste leitor do Jornal da Ciência). Não se vê, em relação à matéria e à organização complexa de organismos no universo nada que vá do mais simples ao mais complexo. Pelo princípio entrópico, vemos o contrário: Do mais complexo ao mais simples. Tudo o que burla isto, abertamente, é a T.E. Somente na T.E. vemos que o mais simples vai ao mais complexo, eliminando-se retórica e filosoficamente todas as questões físicas e metafísicas ligadas à criação da vida, com a abiogênese. Se não há biogênese, um problema maior inrrompe: a fatídica explicação para uma existência prévia eterna da matéria (sejam em que níveis tenham se dado), o que é uma contrasenso já combatido pelo famoso argumento kalam, que demonstra a impossibilidade de uma regressão infinita de eventos contingentes (isto é, "causados por outros") pois, se tal regressão existisse, jamais existiria o presente, o dia de hoje.

4 - O paradoxal não termina aí. Gosto muito do Carl Sagan. Ele foi um dos principais divulgadores da ciência, mas não tão bom em questões de lógica e metafísica. Carl era um dos simpatizantes da teoria do "universo inflacionário", que claramente burla a impossibilidade de regressão infinita de eventos contingentes. Outra questão interessante é que Carl afirmou em seu romance, "Contato", que uma simples sequência de números primos era o suficiente para que qualquer cientista do SETI soubesse que a mesma tinha uma origem inteligente. Ora, na popular série televisiva"Cosmos", Carl faz uma analogia com a nossa capacidade cerebral e a biblioteca do congresso nacional americano: Nós temos nos nossos cérebros, em termos de dados, mais ou menos a mesma quantidade de material codificado existente na quantidade de volumes que possui a BCN dos EUA. O que não consigo entender é que não exista nada no universo (posição prévia de Carl) que possa originar uma sequencia de números primos... mas "não pode haver uma explicação metafísica - e aqui, entenda-se que metafísica virou sinônimo, infelizmente, de superstição irracional, algo que desagrada, e muito, os filósofos contemporâneos!!! - em Deus, por exemplo. Temos que imaginar que o tempo e as forças aleatórias originaram e deram continuidade ao desenvolvimento dos processos altamente complexos da natureza (viva), levando-os até à cognição!!!

5 - E finalmente, se o cérebro produziu a auto-consciência, este é um evento que não encontra paralelo em nenhum sistema estudado até hoje, e vai de encontro à própria epistemologia do conhecimento, como a concebemos: Como uma "máquina" pode criar o "sofware" que irá operá-la? Isto NÃO é fato com a IA, como bem o sabemos... Adequando-se à constante de causa-efeito, a IA tem uma causa mais inteligente do que ela mesma, assim como todos os passos necessários que levaram a si não vieram de uma "seleção natural", mas foram pesquisados, projetados, desenvolvidos, idealizados, SEMPRE; isto sim, é algo que adequa-se à nossa epistemologia empírica.


No romance de ficção científica ´Contato´, Carl Sagan sugere que uma sequência de números primos, aqueles que só são divisíveis por si mesmos e por 1, enviada à Terra por radiofrequência e que é recebida pelo SETI, é uma sinal incontestável que uma civilização extraterrestre avançadíssima quis nos enviar uma mensagem codificada . Contudo, na série de TV, ´Cosmos´, o mesmo Sagan tenta de todas as maneiras atribuir à abiogênese e à evolução a origem e a complexidade de toda a vida, respectivamente. Longe de ser uma explicação ´menos complicada´ do que Deus, a abiogênese (nunca verificada pela Ciência) e a evolução natural, defendidas dogmaticamente, sequer podem ser testadas, muito menos falseadas; contudo são ensinadas como científicas.

Creio, sinceramente, que falta uma análise verdadeiramente crítica dos padrões estabelecidos quanto ao desenvolvimento da inteligência a partir de meios puramente naturais (naturalismo) que, penso eu, é muito mais filosófico do que empírico. Na ânsia de se retirar Deus de cena, ou de associar a metafísica à supersticiosidade, os defensores do naturalismo filosófico, declaradamente pressuposicionalistas, tornam-se aquilo que mais tentam combater!

Vale lembrarmos das sábias palavras das Escrituras: "O ímpio não investiga. ´Não há Deus´ são todas as suas considerações". Salmos, 10:4.

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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