"O PLACAR DA VIOLÊNCIA"
O homicídio é o problema social mais grave do presente momento da nossa história. Entre Janeiro de 2007 e Maio de 2009 houve no estado do Rio de Janeiro 14 609 homicídios dolosos, 2 921 autos de resistência, 77 mortes de policiais em serviço, 530 latrocínios, 11 990 casos de desaparecimento e 181 062 lesões corporais dolosas, perfazendo o total de 18 137 mortes violentas. O drama dos parentes de vítima é o outro lado dessa história. Milhares de pais sofrem hoje a dor da lembrança do filho querido que teve a sua vida interrompida pelo crime. Não podemos mensurar o que significa para uma mãe olhar para a fotografia de um filho que foi morto. O que temos visto nos cemitérios dessa cidade, em enterros de pessoas assassinadas, jamais sairá da nossa memória.
Essa crise grave na área da segurança pública precisa estar permanentemente perante os nossos olhos. De igual modo, o povo tem o direito de receber informação clara. É o que vamos dizer nesse próximo sábado a partir do nascer do sol em Copacabana, na inauguração do Placar da Violência: "Numa democracia a transparência é a regra, o segredo a exceção. Informar à sociedade os números relativos às mortes violentas registrados no Estado do Rio de Janeiro representa uma forma de auxiliar a população a formar sua visão crítica sobre o êxito, ou não, das políticas de segurança voltadas à redução dos assassinatos em nosso território".
O Marco da Violência tem esse objetivo: despertar a consciência, manter a sociedade informada, mobilizar a população, chamar a atenção do poder público e sinalizar esperança. Sim, pois esperamos que esse marco sinalizará a chegada de um dia – o dia em que a vida terá vencido a morte no Rio de Janeiro. Esperamos poder celebrar numa grande festa em Copacabana essa grande e urgente conquista social. Sabemos que poucas pessoas têm esperança de que isso possa acontecer. Devemos afirmar, no entanto, que se outros povos conseguiram superar conflitos sociais tão ou mais graves do que os nossos, nós também podemos sobrepujar esse imenso desafio.
A nossa geração não pode continuar sofrendo essa derrota humilhante, que tem feito percorrer o mundo a notícia de que viver no Rio de Janeiro é viver num campo de guerra e habitar numa terra onde a vida não tem mais valor. E tudo isso perante a indagação de milhares: por que a sociedade civil do Rio de Janeiro não reage? Estamos nos levantando para dizer que não vamos negociar o direito à vida. Nós vamos vencer essa luta, usando as armas da razão, da criatividade, da lei e do amor, por meio de uma ampla conjugação de esforços por parte dos mais diferentes cidadãos desse estado.
Fonte: VINACC
NOTA: Infelizmente, não é só no Rio, não. O Brasil inteiro vive um estado caótico de completo abandono das autoridades no quesito segurança pública. E estes tristes números tendem a aumentar. Contudo, a sociedade não é essencialmente a vítima no processo social. Desligada de seus compromissos ético-morais básicos, segue propiciando uma conjuntura geral que, inevitavelmente, desemboca em desvios, como a violência. Não creio, por exemplo, que a maior parte dos latrocínios que existem (assaltos seguidos de mortes) se deem por causa da fome ou da miséria. Estes mitos foram derrubados há tempo. O que nós temos é uma sociedade doente, cujas classes média e alta são as principais financiadoras do tráfico de drogas. Temos uma sociedade que corrompe a polícia (e não o contrário), quando exige mudanças, mas, ao mesmo tempo, quer dar "um jeitinho" ao se ver diante de questões que envolvam dinheiro. É uma sociedade que desprendeu-se do salutar sentimento de dívida social com a próxima geração, afim de que esta não incorra nos erros esdrúxulos que cometemos (o que seria normal em qualquer civilização com o mínimo de comprometimento com sua própria existência). Portanto, somos os nossos principais inimigos. Dito isto, precisamos pensar - isentos de quaisquer preconceitos - sobre a proposta cristã de vida. A sociedade precisa ter acesso à mensagem transformadora do evangelho... não um frívolo "evangelho social" (mistura desagradável de um progressismo teológico estranho às Escrituras e a malfadada teologia da libertação), mas um "Evangelho integral". Um Evangelho que responda as questões mais essenciais do ser-humano, em todos os seus níveis de existir. Um Evangelho, portanto, essencialmente e pragmaticamente bíblico. Um Evangelho focado na obra expiatória e salvífica de Jesus, na cruz. Um Evangelho que transforme o indivíduo, pois fia-se no poder sobrenatural que emana do próprio Deus, através da graça (cf. João, cap. 1). Esta é a resposta da Igreja. Por enquanto, a Igreja não conseguiu coordenar uma ação efetiva de levar eficazmente o princípio do Evangelho à sociedade; neste ínterim, vamos perdendo no placar.
Basta! Que multipliquem-se as formas de veiculação da mensagem transformadora do Evangelho da Graça de Jesus Cristo!!
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Nenhum comentário:
Postar um comentário