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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Análise do aumento da influência islâmica na Europa

COMO OS ISLÂMICOS EUROPEUS DOMINARAM O ISLÃ EUROPEU

O
s ataques a bomba de 7 de julho em Londres, nos quais os islamistas mataram 52 pessoas e feriram 700, prontificaram as autoridades inglesas a trabalharem com os muçulmanos a fim de evitarem mais violência. Contudo, em vez de entrarem em contato com os muçulmanos anti-islamistas que rejeitam a meta triunfalista de aplicar a lei islâmica na Europa, favoreceram os islamistas não violentos, na esperança destes persuadirem seus correligionários a expressarem seu ódio ao Ocidente por meios legais. Essa diligência realçou a figura de Tariq Ramadan (n. 1962), proeminente intelectual islamista. Por exemplo, a Polícia Metropolitana de Londres custeou parcialmente uma conferência que iria ser apresentada por Ramadan, e o Primeiro Ministro Tony Blair designou-o para um "grupo de trabalho para lidar com o extremismo de caráter oficial".

Mobilizar um islamista pode ter dado a impressão de ser uma ideia original e brilhante, mas não foi nenhuma das duas. Governos ocidentais têm se aliado aos islamistas por séculos, sem sucesso. Realmente, se aliaram à própria família de Ramadan.

Em 1953, Dwight D. Eisenhower recebeu um grupo de muçulmanos estrangeiros, entre eles Said Ramadan (1926-1995), líder da organização islâmica mais influente do século XX, a fanática e antiocidente Irmandade Muçulmana - e também pai de Tariq. A reunião Eisenhower-Ramadan ocorreu no contexto do contínuo esforço do governo dos Estados Unidos no intuito de arregimentar os muçulmanos contra o comunismo soviético, em parte colocando Said Ramadan na folha de pagamento da CIA. Talcott Seelye, um diplomata americano que se reuniu com ele naquela época explica: "Nós imaginamos o Islã como uma contrabalança ao comunismo".

Depois veio Hasan al-Banna (1906-1949), avô de Tariq, fundador da Irmandade Muçulmana e recipiente de recursos financeiros dos nazistas, diplomatas americanos que mantinham "reuniões regularmente" com al-Banna no final dos anos de 1940 no Cairo, acharam-no "perfeitamente empático" e estimaram ser a sua organização "moderada" e até mesmo uma força "positiva". Os britânicos aparentemente ofereceram dinheiro a al-Banna.

"Em outras palavras, os governos ocidentais têm um histórico no que tange a ignorar a ideologia repulsiva islamista e a trabalhar com eles, inclusive fortalecendo-os".

Em um impressionante trabalho de investigativa pesquisa histórica, Ian Johnson, jornalista, anteriormente do Wall Street Journal, vencedor do Premio Pulitzer, revela novas reviravoltas desse drama em seu livro , A Mosque in Munich: Nazis, the CIA, and the Rise of the Muslim Brotherhood in the West que acaba de ser publicado (Houghton Mifflin Harcourt, US$27,00).

Johnson começa com uma revisão das sistemáticas iniciativas nazistas em recrutar muçulmanos soviéticos entre os prisioneiros de guerra. Muitos muçulmanos odiavam Stalin; e entre 150.000 e 300.000 deles combateram ao lado do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial. Em outras palavras, além do malogrado esforço de propaganda dirigido aos árabes, os nazistas na realidade colocaram em ação uma força substancial, principalmente de muçulmanos turcos, sob a liderança do intelectual entusiasta do nazismo chamado Gerhard von Mende.

Após a derrota dos alemães em 1945, Johnson segue os passos de von Mende na medida em que ele continua seu trabalho anticomunista com ex-muçulmanos soviéticos, agora no contexto da Guerra Fria. Porém, sua rede de contato com ex soldados demonstrou não ser muito competente na tarefa de provocar a hostilidade muçulmana contra a União Soviética. Seu líder intelectual, por exemplo, serviu como o imã de uma divisão da SS que ajudou a reprimir o levante de Varsóvia de 1944. Os islamistas rapidamente demonstraram ser muito mais competentes nesse desafio político e religioso. Johnson explica que eles "usam ternos, têm títulos universitários e são capazes de formular suas exigências de maneira que os políticos possam entender".

O âmago desse estudo fascinante está no rastreamento da evolução, boa parte dela em Munique, de velhos soldados para novos islamistas. É um conto clássico de intriga dos anos de 1950, repleto de nazistas reabilitados, organizações de fachada do tipo CIA e ambições duelísticas soviético-americanas.

Johnson mostra como, sem planejamento propriamente dito, os americanos usurparam a rede de von Mende e a entregaram a Said Ramadan. Esse impulso antecipado dos Estados Unidos à Irmandade Muçulmana, sustenta Johnson, deu a ela os meios para estabelecer uma estrutura islamista bem na hora de dar boas vindas ao aumento repentino da imigração muçulmana para a Europa nos anos de 1970.

Assim sendo o domínio islamista sobre os muçulmanos europeus contou com duas assistências ocultas, nazistas e americanas. Suas origens na Operação Barbarossa revelam a vergonhosa história do poder islamista atual. Hitler e seus criminosos não poderiam ter previsto, mas ajudaram a preparar o terreno para a Eurábia.

O apoio americano aos islamistas estimula Johnson a chamar a atenção para o perigo encontrado na futilidade de aliar-se à Irmandade Muçulmana e a sua laia - conforme Tony Blair se aventurou uma vez mais, recentemente. Por mais atraente que possa parecer, invariavelmente prejudica o Ocidente. A lição é simples: tenha percepção da história e não dê assistência aos islamistas.

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Atualizações de 25 de maio de 2010: (1) O livro publicado carece de fotografias no sentido de ajudar a despertar o interesse para os personagens mais importantes. Felizmente elas estão disponíveis no Web site de Ian Johnson. Eu inseri algumas delas acima

(2) Coincidentemente, eu passei o verão de 1953, na época com três anos de idade, em Munique, exatamente quando a cidade começava a surgir como um centro de ativismo islamista, justamente pelo fato da presença considerável de ex-soviéticos muçulmanos morando lá. Um trecho da autobiografia do meu pai, Richard Pipes, Vixi: Memoirs of a Non-Belonger (Yale University Press, 2003), p. 74 explica a razão dele ter levado a família para Munique:

"No final de maio de 1951, com a ajuda financeira do Center of International Affairs do MIT, Irene e eu deixamos Daniel com os nossos pais e fomos viajar por quatro meses para a Europa e o Oriente Médio. Meu propósito era o de entrevistar os membros sobreviventes de governos nacionais do que foi o Império Russo durante o período 1917-1921. Eu localizei somente alguns deles em Londres, Paris, Munique e Istambul e eles me ajudaram consideravelmente a compreender a complexa situação daquela época. Em Paris mantive contato com a comunidade da Geórgia no exílio. Dois anos mais tarde, passei outro verão na Europa, dessa vez em Munique, entrevistando refugiados da Ásia Central Soviética, quase todos ex prisioneiros de guerra dos alemães. As informações fornecidas por eles sobre a vida em suas regiões nos anos de 1930 reforçou a minha convicção de que o nacionalismo estava em ordem e vivo nas áreas fronteiriças da URSS e que não estava ocorrendo nenhuma assimilação em massa".

Sua pesquisa daquele verão serviu como base para o seu artigo, "Muçulmanos da Ásia Central Soviética: Tendências e Perspectivas," The Middle East Journal, Primavera, 1955, pp. 147-162 e Verão, 1955, pp. 295-308.

Fonte: Daniel Pipes

NOTA: Sucessivos erros diplomáticos e estratégicos ajudaram na construção da atual conjuntura islâmica anti-ocidente que se vê na maior parte da Europa, a chamada Eurábia. A continuidade da incompetência estratégica continua a fomentar um sentimento antiocidental cada vez mais vigoroso, culimando em confrontos entre alguns governos e grupos mais reacionários, o que é ruim tanto para os ocidentais, quanto para os islâmicos pacifistas. Auxilie a isto, reitero, a conivência criminosa da mídia internacional em relação à parcialidade com que cobre ações em Israel e você tem todos os ingredientes de uma sociedade cada vez mais dividida entre a alienação e a violência. Quem ganha com isso, diretamente? Os radicais islâmicos (que não são poucos).

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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