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terça-feira, 6 de julho de 2010

Show de erros de um dos mais notáveis neoateus: Sam Harris!

A FORMA COMO SAM HARRIS INTERPRETA A CIÊNCIA DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Cada vez mais de olho no crescente mercado editorial de seus livros, os chamados "Quatro Cavaleiros Neoateus do Apocalips" acham-se reunidos nesta foto. A lista (da esquerda para a direita) é formada por: Cristopher Hitchens, o "não-sei-o-quê" que alega saber de tudo um pouco; o vovô pseudo-filósofo Daniel Dennet; o vociferante e desiludido Richard Dawkins, que é muito mais conhecido pelas suas (não) contribuições em religião e filosofia do que por qualquer descoberta zoológica (afinal, o homem é zoólogo!); e, por fim, o Sam Harris... o mais "chupeta" de todos os quatro!

Sam Harris alcança aquilo que podemos chamar de “estado da arte” na simulação de burrice. Vejamos como Sam Harris trata a hermenêutica nas notas de seu livro “A Morte da Fé”:

"Sem dúvida, muitos estudiosos dos assuntos esotéricos cristãos, muçulmanos e judeus haverão de afirmar que minha leitura literal de suas Escrituras revela minha ignorância em relação ao significado espiritual. Com certeza, as interpretações ocultas, alquímicas e convencionalmente místicas de várias passagens da Bíblia e do Corão são tão antigas quanto os próprios textos; mas o problema desses esforços hermenêuticos – seja a teoria altamente duvidosa da gematria (tradução das letras hebraicas do Pentateuco em seus equivalentes numéricos, de forma que os numerologistas possam aplicar ao texto sua interpretação mágica), seja o famoso símbolo à procura de acadêmicos populares como Joseph Campbell – é o fato de não se atrelarem, em absoluto, ao conteúdo dos próprios textos. Pode-se interpretar qualquer texto de forma a permitir qualquer tipo de instrução mágica ou ocultista".

Em seguida, Harris cita um livro de culinária e diz que “descobriu ali um tratado místico até agora não festejado”. Segundo ele, “embora pareça uma uma receita de ‘peixe assado no wok e torta de camarão’, precisamos apenas estudar sua lista de ingredientes para saber que estamos diante de uma incomparável inteligência espiritual’. Após citar a receita, ele conclui com a análise de alguns “ingredientes”:

"O filé de peixe, claro, é o próprio indivíduo – eu e você boiando no mar da existência. Mas aqui ele está em cubos, ou seja, nossa situação deve ser remediada em todas as três dimensões – corpo, mente e espírito. [...] Vêm em seguida oito camarões descascados, limpos e cortados em cubos. Os oito camarões representam, é claro, as oito preocupações terrenas que todo aspirante espiritual deve desaprovar: a fama e a vergonha; a perda e o ganho; o prazer e a dor; o elogio e a culpa. Cada uma delas deve ser limpa, descascada e cortada em cubos – ou seja, expurgada de seus poderes de nos fascinar e ser incorporada ao caminho da prática [...]".

E daí por diante ele vai explicando todos os ingredientes como se existisse um significado por trás deles. Ao final, ele conclui:

"Esse tipo de acrobacia metafórica pode ser realizado com praticamente qualquer texto e, portanto, não faz nenhum sentido – fato que deveria ser óbvio. Aqui temos uma escritura como um borrão de teste de Rorschach: nele o ocultista pode encontrar seus princípios mágicos perfeitamente refletidos; o místico convencional pode encontrar sua receita para a transcendência; e o dogmático totalitário pode ouvir Deus lhe ordenando suprimir a inteligência e a criatividade dos outros. Não quero dizer com isso que nenhum autor jamais expressou informações espirituais ou místicas sob a forma de alegorias, ou nunca produziu um texto que necessite de extremo esforço hermenêutico para fazer sentido. Se você pegar uma cópia de Finnegans Wake, por exemplo, e imaginar que encontrou ali alusões a vários mitos cosmogônicos e esquemas da alquimia, se você os encontrou provavelmente é porque Joyce os colocou ali. Mas cavoucar nas Escrituras dessa maneira para ali descobrir de vez em quando uma pérola é pouco mais do que um jogo literário".

Vamos à uma análise do estratagema.

Basicamente, ele propõe que a religião certa não só é literal como também nociva. Detalhes que até para a versão literal dele, Harris “edita” algumas partes para simular que as escrituras levam alguém a cometer atos bárbaros. Mas ele quer se proteger do fato de algum cristão dizer que a abordagem dele não só é literal como também errada. Daí o truque dele é dizer que cada um interpreta do jeito que quiser, se não for literal, e é aí onde está o perigo da versão “moderada” de religião.

Na verdade, ele tenta “fechar” todas as brechas para que sua alegação sobre a periculosidade das escrituras seja válida. O recurso de Harris é a paródia. Só que a comparação dele é bem infantil, pois um livro de receitas não dá abertura a nenhuma interpretação. Logo, a própria opção dele seria realmente fazer a interpretação mas sem nenhuma base para isso. Então, sabemos, certamente, que não há possibilidade de interpretação alguma de seu livro de culinária.

Aí ele diz que em Finnegans Wake, de Joyce, tudo bem, mas nas escrituras não.

Por qual critério? Harris simplesmente não nos fornece nenhum. Quer dizer, a alegação de que a hermenêutica é inválida para estudarmos a Bíblia não é defendida por nenhum argumento. Simplesmente, é o desejo dele de que a hermenêutica seja inválida. A própria tentativa de dizer que “cada um interpreta do jeito que quer” é refutada com a mera menção ao uso de um método. O que fica claro é que Harris realmente não quer discutir o assunto, e então cria uma simulação (que muitos de seus leitores utilizam na Internet), para retirar o outro lado da discussão.

É a isso que Olavo de Carvalho definiu como transformar a burrice em método.

E o surpreendente é que os neo ateus se orgulhem disso…

P.S. – Em termos de dialética erística, o título à esse recurso de Sam Harris é a “incompetência irônica”.

Fonte: Luciano Ayan

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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