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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Por que "Tropa 2" já é o filme nacional mais visto? (VÍDEOS)

NEM ESPIRITISMO NACIONAL, NEM VAMPIROS E LOBISOMENS INTERNACIONACIONAIS: "TROPA DE ELITE 2" JÁ É O FILME BRASILEIRO MAIS VISTO DE TODOS OS TEMPOS, BATENDO, NA ESTRÉIA, "CHICO XAVIER" E "ECLIPSE". A QUESTÃO É, POR QUÊ?

Em nota divulgada à imprensa, a Zazen Produções, produtora de José Padilha, informa que "Tropa de Elite 2", há três semanas em cartaz, consagra-se como o filme nacional mais visto desde a Retomada (período a partir do qual a produção brasileira começa a reaquecer, em 1991, após o desmanche da Embrafilme), com público acumulado de cerca de 6,2 milhões de espectadores. Os números são resultado de apuração da Rentrak EDI até o momento, faltando a coleta do resultado de terça (26) de cerca de 40 salas de cinemas. O recordista era "Se Eu Fosse Você 2", com 6,1 milhões de espectadores.

“Tropa de Elite 2” vem batendo recordes desde a sua estreia. No primeiro fim de semana em cartaz, o longa arrebatou cerca de 1,25 milhão de espectadores, o que lhe deixou com mais do dobro de público do segundo lugar em abertura entre filmes nacionais, ocupado por “Chico Xavier”, com 585 mil ingressos vendidos. O filme de José Padilha ganhou ainda do longa “Eclipse”, que era até pouco tempo o filme com melhor abertura em 2010, com 1.185 milhão de espectadores. Fonte: Uol.

Todo mundo já sabe que "Tropa 2" é um sucesso, mas a grande questão é: por quê? Por que um filme marcado por violências de todos os tipos, palavrões, uma realidade dura nas favelas cariocas é o filme brasileiro mais visto de todos os tempos? Era de se esperar que ficções como "Chico Xavier" e o emo "Eclipse" superassem e muito um filme "barra pesada" como o "Tropa 2", mas não é isto o que os números dizem. Particularmente, assisti ao filme 3 vezes pois, além de gostar do enredo (não necessariamente da violência gratuita ou do show de palavrões que é o longa), pude perceber algo que pode explicar, em parte, o porquê deste estrondoso sucesso cinematográfico.

"Tropa 2" contém muitos clichês de filmes "A" e "B" americanos.... e o diretor José Padilha sabe disto. Padilha, que tem bons contatos internacionais - melhorados ainda mais depois de "Tropa 1" - sabe que, nesta "virada" da cinematografia nacional, iniciada no início da década de 90, a questão no cinema nacional não é o trabalhar novos temas, mas os mesmos temas sob novas perspectivas. Havia algo extremamente negativo nos filmes nacionais de antigamente: justamente um negativismo existencial intrínseco, uma morbidez característica - talvez, também fruto da limitação da liberdade de expressão dos anos da ditadura -, algo que fragilizou e engessou o cinema nacional com produções, no máximo, piegas. Não havia otimismo nos filmes tupiniquins; em suma: o bem não vencia no final! Apesar de ater-se à realidade, "Tropa" utiliza-se justamente daqueles clichês de filmes americanos, em que tudo é black or white, para lançar uma fina lâmina de otimismo, mesmo que muito fina. Sim, há otimismo em "Tropa 2" e o personagem do Wagner Moura, o iconográfico "Coronel Nascimento", ergue-se como um ser caricato que habita o ideário popular: alguém que diz e faz o que muitos de nós queremos dizer e fazer, embora não façamos... uns por medo, outros por falta de oportunidade, mas, enfim, é como se o "Coronel Nascimento" (antes, "Capitão Nascimento") fosse o grito, na telona, de milhões e milhões de brasileiros que estão completamente desiludidos com os rumos que o nosso amado país tem tomado.

Um dos melhores exemplos do que estou dizendo, no próprio filme, talvez seja a parte do monólogo narrativo final do "Coronel Nascimento"... Colocaram um link deste excerto do filme na Net e, como uma maneira de fundamentar aquilo que disse, reproduzo este link no blog:



Em Cristo Jesus,

Pr. Artur Eduardo

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