No livro Mémoires pour servir à la histoire du Jacobinisme (v. I - 1797, pp. 382), o jesuíta Augustin Barruel relata que Condorcet esforçou-se a evitar que um padre se aproximasse do já moribundo d'Alembert, proferindo a extravagante frase logo após a sua morte: "Se lá eu não estivesse, ele teria se curvado". Também anota que com tal frase, ainda que sem querer, Condorcet revelou os remorsos pelos quais d'Alembert fora acometido em meio aos seus suspiros finais. Quanto à Diderot, um dos seus biógrafos, F. Génin, baseado nos fatos narrados pela filha do escritor, Angélique de Vandeul (Œuvres choisies de Diderot précédées de sa vie, Firman Didot, Paris, 1869, pp. 62), diz que após alguns encontros com o prior da igreja de São Sulpício, em Paris, ele passou a com ela ler a Bíblia, além de permitir que a sua educação fosse guiada por religiosos.
No livro do padre Barruel também consta a narrativa dos últimos dias de Diderot (Barruel op. cit., pp. 383-387); conta-nos que o enciclopedista preparava uma retratação pública por seus ataques à Igreja, porém, preocupados com a imagem do movimento "ateísta" frente a mais uma deserção, seus compagnons de route o levaram para longe do prior da igreja de São Sulpício. Porém, o mais famoso iluminista, Voltaire, fez súplicas para que um padre estivesse presente quando se aproximava de seus momentos finais; em abril de 1778, a revista dos ilustrados franceses, Correspondance Littéraire, na suas páginas 87 e 88, publicou, não sem algum embaraço, a sua profissão de Fé:
"- Eu, o que escreve, declaro que, na idade de oitenta e quatro anos e tendo sofrido com vômitos de sangue faz quatro dias, não pude ir à igreja; assim, o pároco de São Sulpício quis de bom grado me enviar o sacerdote M. Gautier. Eu com ele me confessei, e se Deus assim quiser, morro na santa religião católica em que nasci, esperando que, com a misericórdia divina, sejam perdoados todos os meus pecados; e se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela.
Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marquês de Villete, na presença do padre Mignot, do meu sobrinho e do meu amigo, senhor marquês de Villevielle".
NOTA: É... os famosos ateístas do Iluminismo francês, afinal, não eram tão ateístas assim.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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