Há alguns dias escrevi uma matéria mostrando a análise de especialistas em política de ciência e tecnologia que afirmam que há pouca pesquisa aplicada empresas no Brasil porque falta de mão de obra qualificada (veja aqui).
Os resultados estão no livro que acaba de ser lançado "Inovações tecnológicas no Brasil" (Ed. Cultura Acadêmica, 2011), da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa). A conclusão surge a partir de levantamentos e compilações de dados feitas pelos especialistas. Um deles, o economista Sérgio Queiroz, da Unicamp, chegou a entrevistar 55 filiais de multinacionais para entender os motivos que levam suas respectivas matrizes a não fazer pesquisa e desenvolvimento no Brasil. De acordo com o trabalho dele, a falta de doutores apareceu em primeiríssimo lugar.
Mas há quem torça o nariz para esses resultados.
Alguns estudiosos de inovação, não contemplados no livro da Interfarma, desconfiam da ideia da relação falta de pesquisa & escassez de mão de obra. E o principal argumento para rebater essa hipótese é simples: há doutores desempregados no Brasil. Os empresários estariam, então, repetindo esse argumento -- e outros -- numa tentativa de justificar a falta de investimentos em inovação. Ou ainda: os próprios especialistas em inovação estariam tão “acostumados” a aceitar a hipótese da escassez de mão de obra especializada que acabam enxergando essa possibilidade em tudo que analisam.
É fato que há alguns anos o país não tinha condições de produzir pesquisa competitiva: não havia incentivos à inovação, nem marco legal e, sim, não havia mão de obra. Em dez anos, a quantidade de doutores formados por ano mais do que triplicou.
Outra questão que precisa ser melhor colocada é o que se entende por “mão de obra qualificada”. Se as empresas estiverem se referindo a doutores com, por exemplo, inglês fluente e capacidade empreendedora -- algo que integra a formação das universidades norte-americanas, principalmente, -- pode ser que, sim, faltam pessoas com essas características no Brasil. Enquanto um doutorando de engenharia nas principais universidades do mundo faz sua pesquisa aplicada à realidade de uma indústria, aqui, universidade e empresa seguem tão segregados que fica difícil inserir um cientista acadêmico na realidade de uma empresa.
Talvez chegamos no momento de esmiuçar os problemas que ainda travam nossa produção de pesquisa aplicada para entender, afinal, sobre o que estamos falando.
Fonte: Folha
NOTA: Esta deveria ser a preocupação do MEC, com o Governo e conjuntamente à iniciativa privada... não kits gays ou coisas do gênero.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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