Pink Floyd, niilismo, Elo e acordes prá lá de emblemáticos (VÍDEOS)

ÍCONES DE UMA GERAÇÃO QUE PASSOU... MAS NÃO ACABOU!

Há alguns anos, mais precisamente em 1973, o Pink Floyd lançava um disco, The Dark Side of the Moon (O Lado Escuro da Lua), que viria a se tornar uma referência para discógrafos, críticos (prós e contras) e toda a geração maluca de 70. Os hippies estavam no auge; Woodstock ainda pulsava nos corações vazios de inúmeros jovens que viam na mídia daqueles dias que "A Origem das Espécies", de Charles Darwin, completava 100 anos de sua publicação. Eclodia a emblemática guerra do Vietnã poucos anos depois de uma das mais sangrentas guerras de todos os tempos, a da Coréia. Alguns anos antes de The Dark Side..., a Europa e partes da América Latina explodiam em protestos, devaneios liberais e artísticos e um grito jovem por "liberdade" que fez daquele ano, 1968, "o ano que não acabou", principalmente para grande parte da intelectualidade dos tempos subsequentes.

Em meio a este turbilhão de pressões, desafetos, protestos, "amor livre", hippies, surge este clipe (logo abaixo), que vem a ser justificado por estudiosos, críticos e fãs do Pink Floyd como a consequência de dois motivos: o primeiro, romantizado pelos próprios membros da banda e por sua legião de fãs , a saída, na época, recente, de um dos seus fundadores, Syd Barret, um típico jovem artísta-revelação : as drogas consumiram seu talento, inspiração e, por fim, suas sequelas llhe tiraram a vida - Syd morreu em 2006, com décadas de sumiço do grande público e no ostracismo total, embora ainda lembrado tanto pelos demais membros da banda, como por fãs, que o consideram "o pai do rock psicodélico". A segunda, menos romântica, era o niilismo que, como está expresso na segunda música, "Eclipse", deste mini pout pourri, que inevitavelmente obscurecia os corações e mentes daquela geração. Os caras usaram câmera lenta e podiam, ainda, se dar ao luxo de mostrarem "objetos de consumo" - como radiolas - explodindo, sem parecerem clichês. Era a época áurea da rebeldia com causa; um grito de desespero, lá de dentro, que corroia os sonhos e anseios de uma juventude que mais e mais se entregava às drogas.

Músicas "Brain Damage" e "Eclipse", do disco The Dark Side of the Moon. O eclipse do niilismo tomava com avidez os corações dos jovens, naqueles dias. "...mas o sol continua eclipsado pela lua" é o que diz a frase final da faixa.

Demorou um pouco para que a Igreja entedesse, na época, que o que perturbava os jovens não podia ser materializado, como um traficante que vende drogas na entrada de uma escola, que pode ser preso, condenado e sair de circulação! O problema não eram ladrões de carros, mas de sonhos: sim, o niilismo que tomou conta daquela geração produziu, posteriormente, uma sociedade cujos proponentes e principais críticos viriam a mergulhar de cabeça no seu modus operandi: os rebeldes com causa daqueles dias formariam a elite sócio-econômica e cultural que, posteriormente, transitaria com cinismo e sem constrangimentos entre o marxismo teórico e o capitalismo prático. Como "a natureza detesta o vazio", tentou-se preenchê-lo com dinheiro. Como diz o professor Olavo, nossa sociedade não consolidou o capitalismo, nós nos tornamos realmente dinheiristas. Martin Luther King disse, certa vez, que "pessoas oprimidas não podem viver oprimidas para sempre", e isto é verdade tanto para os oprimidos no corpo, quanto os oprimidos na alma.

A opressão nas mentes daqueles jovens não passou, prezado internauta, mas deu lugar a um estado de sofrimento ainda maior, pois pior do que simplesmente esquecer do problema é tentar inutilmente e das maneiras as mais erradas possíveis resolvê-lo de qualquer forma. O resultado seria uma sociedade não mais do "amor livre" - germe de Woodstock -, mas de "sexo livre". Uma sociedade tão prostituída moralmente que não demorou muito para que a prostituição atingisse os corpos, que se tornaram máquinas de auto-satisfação, "brinquedos" de experimentação de todo o tipo de efemeridades que podemos imaginar... e tudo embalado ao som de guitarras e da recém chegada "música eletrônica".

É neste contexto que surge o Grupo Elo, extremamente conservador (musicalmente falando) em seu início, em 1977, e notoriamente mais criativo perto do seu término, em 1981. Em 1980 o Elo gravou o LP "Nova Canção", cujo repertório incluía várias músicas que, na época, não tocariam em muitas igrejas! Uma dessas músicas é "Existe Alguém". Particpam deste extraordinário (e último) trabalho do Grupo Elo os músicos: Jayrinho (que em 81 viria a morrer tragicamente, num acidente de carro), Beto, Timothy, Paulo Cézar (hoje, "Grupo Logos") e Oscar Valdez. A influência musical de bandas como o Pink Floyd é inegável, como no momento do solo de guitarra, performance do argentino Oscar Valdez. A música é um apelo cristão que surge como um raio de luz do sol quando sai do eclipse. É uma tentativa de lançar, nos corações daqueles jovens drogados niilistas, que lotavam as praças e os centros, um pouco da esperança, que a sociedade esquizofrênica que os cercava insistia em continuar perpetrando-lhes.

Uma coisa é certa: esta foi uma época de talentos inigualáveis! Surgiriam na Igreja e fora dela pessoas competentíssimas naquilo que faziam, mas com destinos de influência muito, muito diferentes. O niilismo venceu nos corações de alguns; estes viriam a, pouco tempo depois da loucura de Woodstock, litigiarem-se do estilo despojado e despreocupado para o qual haviam jurado amor eterno. O cristianismo venceu, também, nos corações de alguns. Vários que respondiam ao chamado de Jesus Cristo, que ecoa através da Igreja para todas as gerações que surgem e desaparecem! No vazio existencial de milhões, Paulo Cézar da Silva (o vocalista desta música do Grupo Elo) e seus companheiros de grupo, levantam-se e surgem como aqueles raios da aurora, proclamando àquela juventude ambígua, desesperada e solitária que a mesma não estava só. Aliás, nunca, em quaisquer épocas, o homem está só (por mais que ele sinta isto)...

... Existe alguém!

Este foi seu último trabalho do Grupo Elo e, com certeza, o mais expressivo. Tragédia e uma série de fatores fizeram com que os integrantes do grupo, jovens crentes no Senhor Deus, tomassem rumos diferentes.... todos, porém, no Reino. Mas o pessoal não iria sair do "palco" sem, antes, brilhar como luz no mundo!