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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O "Quadro" da Crucificação

O "QUADRO" DA CRUCIFICAÇÃO

Nas infindáveis representações em quadro da crucificação, penso haver um elemento fundamentalmente errado: a cena estática não faz jus à dinâmica real, por mais belas que sejam as formas pelas quais as tintas foram colocadas nas telas. Inigualável é a forma como o Evangelho de Lucas, por exemplo, pinta a imagem com as letras. À esquerda e abaixo de Cristo o Evangelho sugere que eclode o que há de ...pior na Humanidade; à direita, de um dos ladrões que foram crucificados com o Senhor, o Evangelho reproduz-lhe as palavras, fazendo-nos perceber que o Homem pode ao menos clamar por esperança; ao centro está Cristo.

Não creio que se deva imaginar apenas um homem moribundo, como os quadros geralmente fazem, pois não são dinâmicos e o momento da morte torna-se o mais iconográfico. Pelo contrário, a dinâmica da cena descrita no Evangelho descreve escárnios, confusão, alvoroço e trevas, que cobriram toda a cena. É a hora da morte de Cristo. Mas, espiritualmente, é a partir das trevas descritas que temos certeza da Luz divina que perpassa a cruz e ainda salva "o Homem da direita".

É através da Luz de Deus pela cruz em trevas que o "quadro" da crucificação deveria ser pintado, mas penso não ser possível tal feito apenas com pincel e tinta. Creio que é por isso que muitos pintores esforçam-se ao máximo para reproduzirem, a partir do que eles mesmos sentem e da maneira mais dinâmica possível, o que realmente significou o momento da crucificação. Como, por mais hábeis que sejam, tais pintores só podem reproduzir um momento de cada vez, tentam fazê-lo beirando a perfeição. E assim eternizam, da cena, espanto, dor, lamento, lágrimas, morte e, em alguns trabalhos mais acurados, Luz.



Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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