Cheiro de gasolina no ar. No momento em que goza o status de potência nuclear – sofrendo sanções de uma Europa capenga economicamente e dos Estados Unidos em ano de eleições para presidente – o Irã dá demonstrações de força e de que tal castigo surte pouco efeito. Além de parecer insuficiente, o embargo ainda favorece os países asiáticos que terão oferta de petróleo mais barato com o encolhimento do mercado comprador. Isso porque China, Coreia do Sul, Índia e Japão são compradores de 60% da produção de petróleo e derivados produzidos no país islâmico.
Principais destinos do combustível produzido nas terras de Mahmoud Ahmadinejad, chineses e indianos já avisaram que vão tirar as vantagens que puderem para obter bom preço e reforçar seus estoques. Coreanos e japoneses – mais politicamente corretos – ainda não se manifestaram. O petróleo é o carro chefe das exportações iranianas respondendo por 80% da pauta. Já o impacto de outra iniciativa americana, desenhada por Barack Obama na noite do réveillon – de punir as instituições financeiras que firmarem negócios com o Banco Central iraniano, impedindo-as de realizar negócios com os Estados Unidos – pode ter sido bem mais eficaz. É uma queda de braço que, sem dúvida, favorece Washington – mercado mais relevante do que Teerã. Europeus e americanos duvidam da natureza pacífica do programa nuclear iraniano. E estão temerosos.
Contra a retaliação, o jeito é retaliar. Ahmadinejad já determinou que o Congresso de seu país vote a suspensão imediata do fornecimento de petróleo e gás aos europeus, o que agravaria ainda mais a crise econômica do bloco. E pior: sem gás nos aquecedores, os europeus morrem de frio. O presidente iraniano bombardeia os Estados Unidos com o que pode: palavras atiradas ao vento. Ele anuncia sistematicamente avanços na tecnologia de guerra. Esta semana revelou a fabricação de um tipo de munição guiado por laser – capaz de detectar e atingir alvos em movimento com “grau alto de precisão”. Pura nitroglicerina verbal.
Teerã não recua e Ocidente não sabe voltar atrás
Ahmadinejad sabe que as sanções têm objetivos imediatos, mas também de longo prazo. Washington deseja uma Teerã ingovernável – implodida sem lançar uma única bomba, se fosse possível. O professor de Direito Internacional da Escola de Direito da FGV, Salem Hikmat Nasser, afirma a Opinião e Notícia que o Irã não interromperá seu programa nuclear: “As sanções só podem ter por objetivo estrangular o Irã e quem sabe levar a revoltas populares e à derrubada do regime. Se isto tampouco acontecer, então elas servem para, por um lado, irem construindo a escadinha de precedentes para justificar a guerra e, por outro, fragilizar o Irã para quando uma guerra de fato acontecer”, ensina.
Nasser avalia que haverá alguma consequência econômica: “Mas há controvérsias sobre o quanto o Irã irá sofrer e sobre o quanto o mundo pode sofrer com incertezas no mercado de petróleo. Nesse ambiente, parece-me que as sanções devem ser lidas, sobretudo, como passos em um caminho no qual o Ocidente já não sabe como voltar atrás”.
Na canção “O Senhor da Guerra”, Renato Russo denunciava que “uma guerra sempre avança a tecnologia/mesmo sendo guerra santa quente, morna ou fria”. Para o professor, a retórica está muito aquecida. “Por vezes, parece que a aprovação de sanções unilaterais mais gravosas tende a afastar no curtíssimo prazo as ameaças de ação armada. Mas tudo indica que não haverá escapatória, alguma ação armada ocorrerá, e já não deve demorar muito. Resta saber, é claro, se a ação armada será circunscrita às instalações nucleares ou se será mais invasiva. Se restrita, pode ter como consequência mais relevante a saída do Irã do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) ou a recusa de inspeções e uma aceleração do programa – talvez até transformando-o em militar. Se mais generalizada, uma ação armada pode virar tragédia de dimensões épicas”, conclui.
Fonte: Opinião e NotíciaNOTA: E é esta mistura perigosa - intransigência iraniana em aceitar resoluções com maciço apoio global e a letargia ocidental na imposição das diretrizes mundiais acerca da proliferação de armas nucleares -, que pode gerar uma série de fatores, os quais podem culminar em um conflito de dimensões mundiais. É necessário por um fim imediato no insano regime de Ahmadinejad e dos intransigentes aiatolás.
Nenhum comentário:
Postar um comentário