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sábado, 22 de junho de 2013

Um especialista dá a dica do que fazer para escapar do que parece ser a "evolução da burrice"

MAIS UM POST SOBRE O PREOCUPANTE AUMENTO DA BURRICE ATUAL

Pronto!... Eu gosto mais dessa ilustração que aquela outra, que mostra o contrário... esta aí é muito, muito mais realista!

Por Stephen Kanitz (professor da FEA/USP)
Adaptado por Artur Eduardo

Você já teve a impressão de que seu chefe, seu supervisor ou seus colegas de trabalho estão ficando menos inteligentes a cada ano que passa? E que essa onda está afetando inclusive você? Que o mundo está cada vez mais difícil de entender? Se você está se sentindo cada vez menos inteligente, fique tranqüilo, estamos todos emburrecendo a passos largos, inclusive eu. O conhecimento humano está aumentando explosivamente. Antigamente, dizia-se que o conhecimento humano dobrava a cada dezoito meses. Hoje, parece que ele dobra a cada nove. Embora coletivamente o mundo esteja ficando mais inteligente, individualmente estamos ficando cada vez mais burros. 
Antigamente, você precisava entender de mecânica para dirigir um carro. Hoje, os computadores são feitos à prova de idiota, graças a Deus! É justamente por isso que sobrevivemos. Equipamentos incorporam conhecimento, e muitas vezes tomam decisões por nós. Por essa Darwin não esperava, pela sobrevivência dos menos inteligentes. Se você ler três livros por mês, dos 20 aos 50 anos, serão 1.000 livros lidos numa vida, que nem chegam perto dos 40.000 publicados todo ano só no Brasil. Comparado com os 40 milhões de livros catalogados pelo mundo afora, mais 4 bilhões de home pages na internet, teses de doutorado, artigos e documentos espalhados por aí, provavelmente seu conhecimento não passa de 0,0000000000025% do total existente.
Há intelectual que acha que tem o direito de mudar o mundo só porque já leu 5.000 livros. É muita arrogância. A idéia de intelectuais superesclarecidos governando nações hoje não faz o menor sentido, é até perigosa. Como sobreviver num mundo onde cada um de nós só poderá almejar saber 0,0000000000025% do conhecimento humano ou até menos? O segredo é cada um se esforçar para saber 100% de um pequeno nicho, uma parcela mui, mui pequena do conhecimento humano.
Não basta mais tirar a nota mínima 5 em 58 matérias e achar que um diploma vai resolver sua vida. Não basta mais saber 90% de uma única matéria acadêmica. Você precisará saber 100% de algo que seja útil para os outros. Você vai ter de ser o maior especialista do mundo num assunto e vender o que sabe fazer bem aos demais miniespecialistas do planeta, e vice-versa. Quantos alunos se formam especialistas em coisa alguma? Infelizmente, as universidades hoje em dia produzem commodities. Preferem formar generalistas, porque é bem mais barato do que formar especialistas. Só que generalista que não tenha uma especialidade não arruma o primeiro emprego. Faculdades oferecem basicamente o mesmo curso todo ano, obedecendo a um mesmo currículo, chamado de mínimo. Não é à toa que há tanto desemprego.
Antigamente, superespecialistas poderiam morrer de fome por falta de mercado. Hoje, a globalização permite mercados cada vez maiores. Por isso a enorme preocupação dos especialistas em ampliar mercados como a Alca, Brindia e Mercosul. Um técnico de manutenção de rodas de avião morreria de fome no Uruguai. O segredo daqui para a frente é ignorar uma série de leituras, publicações e jornais que você lia anteriormente, com exceção de VEJA, para não parecer um ET. Curiosamente, você vai ter de se tornar um ignorante, alguém que deliberadamente ignora milhares de informações para se concentrar na sua especialidade. O segredo não é mais ser um intelectual que sabe um pouquinho de tudo, mas ser um ignorante que sabe tudo sobre um pouquinho.
NOTA: É claro que a visão do prof. Kanitz é adequada ao pragmatismo atual, que é tecnicista. Hoje, a idéia de "técnicos" e "gerentes" afeta todos os setores, inclusive os serviços públicos. Políticos do Executivo, como prefeitos e governadores, especializam-se na "gerência do município ou do estado", desconhecendo, às vezes completamente, as bases histórico-filosóficas do exercício político em sua essência. Hoje, a palavra da ordem é a formação de gente "técnica", pois essa idéia associa-se melhor àquela de "produzir"... e, se tem uma palavra que caracteriza nossa sociedade tecnicista é "produção". As pessoas estão cada vez mais acostumadas a se verem, em todos os aspectos, através de números técnicos que medem de índices de "saúde" ao "desenvolvimento profissional". Este tecnicismo realmente tende a informar as pessoas, mas não formá-las, posto que esta visão de mundo projeta o homem como "parte" de um maquinário, de um sistema ou engrenagem, como o elo de uma corrente: não há sentido em se ter ou mesmo olharmos para um elo de corrente separado, solto, livro... o elo só tem algum propósito se tiver conectado corretamente a outros elos, formando uma corrente de elos. Este funcionalismo dirigido é o que marca a vida dos jovens de hoje, que não procuram mais profissões por interesses pessoais, mas pela necessidade cada vez mais geral de adaptação a qualquer custo para a manutenção de um estilo de vida que permita aos jovens se inserirem na sociedade onde vivem. Só as classes mais abastadas podem ainda se dar ao luxo de proporcionar aos seus jovens as condições necessárias para que eles façam o que querem... mas, mesmo na chamada "classe média", as opções têm se tornado mais escassas; não há condições de se informar intelectuais numa sociedade como a nossa, apenas "bons técnicos", especialistas, como diz o autor do texto, com uma conduta impessoal e para a qual devemos estar totalmente indiferentes. Uma sociedade como a nossa, que não forma, apenas informa, corre o risco de desintegrar-se, mas de dentro para fora, a partir de pessoas nascidas e criadas no sistema e que farão de tudo, mesmo que inconscientemente, para manterem o sistema de pé. 

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