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domingo, 23 de junho de 2013

Uma breve análise sobre algumas das mais repercutidas acusações dos neoateus

SERÃO VÁLIDAS AS ACUSAÇÕES DOS NEOATEUS?
Neo ateísmo, ou novo ateísmo, é uma corrente ateísta e ceticista contemporânea cujos aderentes compartilham do entendimento de que religião não deve ser tolerada, mas combatida, criticada e exposta através de argumentação racional, sempre que sua influência se mostrar.
Acusações contra cristãos tem sido repetidas ad nauseam por autores neo ateus, frequentemente em formulações virulentas. Pergunto-me se tais autores sabem que nos primeiros dois séculos, cristãos eram acusados de ateus, e perseguidos por isso. Relatos de martírios daquela época descrevem o público nas arenas gritando “fora com os ateus” enquanto cristãos eram trucidados de forma bestial. Atenágoras, filósofo cristão do século II, foi um dos que dedicou parte dos seus escritos a defender os cristãos da acusação de ateísmo.
O que Atenágoras tentou explicar aos pagãos de outrora hoje parece óbvio aos neo pagãos, digo neo ateus: cristãos não são ateus. De lá para cá as acusações contra os cristãos mudaram; a insensatez dos acusadores permaneceu a mesma. Explico.
Uma das acusações neo ateístas é a de que fé cristã seria obscurantista. Assim como aquela que ocupou Atenágoras, a acusação de obscurantismo também resulta de falta de informação. Biografias de muitos grandes cientistas – desde os primórdios da ciência até a atualidade – desautorizam a acusação. Falo de biografias de cristãos como Kepler, Pascal, Joule, Pasteur, Mendel, Faraday, Maxwell, Planck para citar uns poucos. Infelizmente a falta de informação dos acusadores não se limita à ausência (ou supressão) de conhecimento pertinente de história da ciência; estende-se também à ausência (ou supressão) de conhecimento em história da música. Pois a cultura musical ocidental existe graças a realizações monumentais e norteadoras de gênios como Bach, Händel, Haydn, Mendelssohn, Bruckner e Messiaen, todos eles motivados e movidos por sua fé cristã. E mesmo compositores de posição ambígua em relação à Bíblia muitas vezes produziram obras de destaque inspiradas em temáticas judaico cristãs, como Gustav Mahler com sua Sinfonia da Ressurreição composta no final do século XIX, ou Britten com seu War Requiem composto em meados do século XX.
Outra acusação neo ateísta comum é a de que fé cristã resulta numa educação inadequada das crianças. Richard Dawkins, autor neo ateu especialmente sórdido, chega a comparar ao abuso infantil a educação que pais cristãos dão a seus filhos. Há algumas décadas, na União Soviética e em outros lugares, posições como a de Dawkins foram levadas às últimas consequências. Em casos a perder de vista, filhos de cristãos foram impedidos de receber uma educação cristã e lhes impingiram uma educação segundo a ideologia do estado, o ateísmo. Os resultados obtidos indicam que o ateísmo generalizado e seus alegados méritos educacionais não cooperam para o sucesso e bem estar de uma sociedade.
A educação cristã, por outro lado, aquela abominada por Dawkins, consolidou-se ao longo de séculos de pioneirismo. Isto não significa que educação cristã não possa melhorar. Significa que a concepção norteadora continuará sendo a mesma sólida concepção de Comenius, o pioneiro da educação moderna; de Robert Raikes, criador da escola dominical; de Dom Bosco, criador do sistema preventivo; e de tantos outros grandes pioneiros cujos bons frutos permanecem.
Uma terceira acusação lançada por neo ateus aos cristãos, é a de que fé cristã leva a violência e guerras. Há pelo menos dois problemas sérios com tal acusação. Em primeiro lugar, os acusadores parecem desconhecer os Amish, Menonitas, Quakers e demais cristãos que, exclusivamente com base em sua fé cristã, defendem posições categóricas de não violência. Em segundo lugar, os acusadores decidiram esquecer que as maiores tragédias e atrocidades da história da humanidade foram cometidas por ateus convictos (Stalin, Dzerzhinsky, Hoxha, Ceausescu, Pol Pot, etc.) Isso não exime cristãos da apurar a influência que a fé cristã teve (ou não teve) em capítulos violentos da história. Devem fazê-lo, e a boa notícia é que esse tipo de confrontação tem acontecido. A qualidade do processo é evidenciado, entre outros, pelo clima de entendimento e fraternidade nos diálogos católico-luterano, luterano-menonita e católico-menonita. Aos neo ateus fica a possibilidade concreta de seguir o exemplo dos cristãos e tratar com as partes envolvidas os capítulos negros da história do ateísmo. “Como é que você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando você não vê a trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem, para tirar o cisco do olho do seu irmão.” Esse ensinamento de Jesus de Nazaré aos que o seguiam não perdeu atualidade; e parece pertinente a todos.

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