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sexta-feira, 5 de julho de 2013

O exemplo de Antonia Fontenelle

MAIS UM "ÍCONE DO GRANDE PÚBLICO" REVELA A MARCA DO NOSSO PARADOXO OU AINDA BEM QUE NÃO É A MAMÃE

Por Artur Eduardo

   
Esta, acima, é Antonia Fontenelle sem maquiagem e Photoshop em Novembro de 2012...

   
....e esta é a mesma Antonia Fontenelle com maquiagem e Photoshop em Julho de 2013. Que "luto", hein, seu Marcos?

Bem, antes que venham falar bobagens como "você não tem nada a ver com a vida de Fontenelle", ou "cada um faz o que quer, desde que não prejudique o próximo", ou ainda "se ela paga as contas dela, quem é que pode dizer-lhe o que deve e o que não deve fazer?", quero dizer que qualquer comentário esdrúxulo será sumariamente ignorado e, em caso de ofensas, deletado (como é norma no blog). Uma pessoa "pública" tem este status por ter justamente uma imagem pública... que, diga-se de passagem, é, muitas vezes, usada pela mídia como um verdadeiro produto, como camisas, sapatos, papéis higiênicos, bebidas etc. O "legado" destas pessoas públicas de nosso tempo tem sido, por incrível que pareça, não ter legado nenhum, a não ser a exploração de sua imagem para fins de lucro midiático... e, infelizmente, também é o caso desta mulher. Não destaco o caso por ter algo contra ela, pessoalmente. Não a conheço e sei muito pouco sobre sua vida... o que sei, porém, é de domínio público, circula por meios públicos e está sujeito ao escrutínio do público. Ora, se a mídia desprende horas para programas nos quais se enfoca, por exemplo, o que um cantor e uma dançarina de funk vão servir em seu casamento, é porque a vida de pessoas públicas interage, incita, importa ao grande público. Negar isso é negar o óbvio. 

Mas, por que, então, destaco a atitude desta modelo? Porque ela, nesse momento, posa como marca registrada não apenas da capa de uma revista erótica, mas de um consenso moral que predomina em nossa sociedade - uma moral muito estranha, diga-se de passagem. O post acima é uma análise do muito barulho produzido pelas imensas manifestações populares, no Brasil, que denotam a estranha característica de parecerem não estar conectadas entre si: não há uma unidade, um grande motivo pelo qual as pessoas protestam, mas há protestos por toda a parte. Há, como se diz no post, protestos dos mais contrários que se poderia imaginar... e o título é sugestivo: "Brasileiro vai à rua, gosta, mas continua não sabendo de nada". O título não tem o ar de deter pretensiosamente a verdade, mas funciona como crítica a um povo que dá a figuras públicas como Antonia Fontenelle um status, digamos, no mínimo imerecido. Corrupção tem a ver com Ética, e, todo mundo em sã consciência sabe que uma moral inescrupulosa corresponde, na verdade, a uma antiética, uma deturpação daquele código que sabemos ser universal - mesmo para os mais relativistas -, pois nenhum relativista por mais radical que seja admitirá que roubar-lhe é apenas uma questão  moral pessoal

E o que é que moral tem a ver com Antonia Fontenelle? Antes que me acusem de moralista - como se fosse intrinsecamente ruim defender um moralismo social -, quero dizer que é um erro dissociarmos, no conjunto de normas éticas, as práticas morais que fazem destas justamente o corpo normativo da ética de um povo. É claro que a moral muda,.... e muda tanto que pode até se tornar antiética, pois a antiética é um tipo de ética, o seu "avesso", uma "imagem" da ética, pois possui suas próprias normas de moral, ou antimoral. No antimoralismo vigente, a norma muitas vezes é ser volúvel, leviano, promíscuo, egocêntrico e jamais se importar com nada disso. Assim, sendo, quando se fala de Antonia Fontenelle, hoje, fala-se na mídia de um modo geral, da "viúva do corpão", na "voluptuosa ex-esposa do finado dir. Marcos Paulo", como se Marcos Paulo tivesse morrido há décadas (e não há 8 meses). Ora, (quase) todo mundo que acompanha um pouco as notícias da mídia nacional sabe que Marcos Paulo lutava desde Maio de 2011 contra um câncer no esôfago, vindo a falecer em Novembro de 2012. Segundo Fontenelle, o "projeto" de posar nua na Playboy tinha a concordância do ex-marido, desde que fosse feita com determinado fotógrafo. Estas coisas vêm a público assim, prezados, porque não há marido ou esposa que, no fundo no fundo, queira ver seu cônjuge nu, numa revista, sendo cobiçada(o) por todo tipo de pessoas. Isto sem falar nas investidas e pressões pelas quais passa uma pessoa que posa nua (Mara e a "ex-feiticeira", Joana Prado, ambas evangélicas atualmente, que o digam). 

Recentemente, Fontenelle afirmou que não teria problema em desenvolver um relacionamento com uma mulher, talvez seguindo o exemplo de Daniela Mercury, que, irritada com a desaprovação de cristãos evangélicos quanto à sua prática sexual, afirmou que "quem precisa de pastores são ovelhas". O que acho incrível - incrível, mesmo - é que a própria Fontenelle afirmou que, quando estava com o dir. Marcos Paulo, foi uma "esposa para todas as horas", comprometida, auxiliadora, etc. Por que, após oito meses da morte do seu marido, ninguém, absolutamente ninguém diz nada, absolutamente nada, sobre este "padrão" que Fontenelle apresenta? Será que posar nua é uma forma, hoje, entre as celebridades, de se homenagear um cônjuge morto? O que se pensará do casamento destes dois quando o Marcos Paulo ainda era vivo? A total indiferença a esta pergunta na cabeça dessa pessoa pública é justamente o que me preocupa, pois ela sabe que está posando para um grande público que está mais indiferente ainda quanto ao fato de comprarem esta revista erótica aos milhares, piratearem as fotos, ovacionarem-na em um auditório televisivo qualquer diante do qual milhões de outras pessoas também a estarão ovacionando - como, por exemplo, no educativo "Domingão do Faustão". Fausto Silva entrevistou a filha de Gretchen, ex-atrix pornô (como a mãe), num festival besteirol de ovação pública em que chegou ao cúmulo de chamá-la de "guerreira", ou, em outras palavras, um "exemplo para as mulheres brasileiras"... ou não foi isso?. 

Como se encontrava em Paris, Gretchen deu um depoimento sobre a filha através da internet."Ninguém sabe metade do que você passou. Conto agora para o Brasil inteiro, tenho muito orgulho de ver o Brasil se curvando para você", falou a cantora, que também chorou durante o depoimento.

Este é o mesmo público que execra que haja corrupção com o dinheiro público - o que também abomino -, que fala de imoralidade, antiética, etc., etc., etc... como se a moral fosse exclusivamente concernente ao funcionalismo público. A coisa está tão séria que me lembro de um fato inusitado: certa vez, um colega e seu amigo foram surpreendidos por uma blitz policial. Haveria uma multa a ser aplicada por um motivo qualquer, mas, negociou-se algo com o policial e lhe deram dinheiro. Esse meu colega me relatou, depois, que seu amigo, o motorista do carro e quem dera dinheiro ao policial, reclamou muito, chamando os policiais da blitz de "ladrões" e "corruptos". Essa falta de percepção que é convenientemente auto-indulgente disseminou-se com a força de uma gripe espanhola em nossa sociedade, que não consegue perceber, de forma nenhuma, que o constructo ético-moral social é algo que concerne a todos os que nela estão inseridos, principalmente das chamadas "figuras públicas", cujo procedimento interage, mesmo que inconscientemente, com milhões de figuras não-públicas, as quais adaptam-se, imitam, copiam o estilo, o comportamento até os gostos de seus "ídolos públicos". Ora, se não fosse assim, tais ídolos não teriam qualquer tipo de influência na sociedade, mas não é o isso o que pensam os grandes publicitários do país. 

Outrossim, não se pode falar de ética num país majoritariamente cristão, como o Brasil, sem se falar da ética cristã. E o Cristianismo é muito maior do que a sociedade brasileira. É claro que, para que se instaure uma "ética" ou antiética completamente avessa à ética cristã, esta precisa ceder espaço, ser demolida por aquela, dado que não combinam. Ora, mas se ética cristã não é, definitivamente, o que impera hoje de fato entre o grande público, cujos "ídolos" são os que mais protagonizam um comportamento anticristão, que tipo de ética insurge-se então? A maneira mais rápida e menos errada de se responder é aludindo àquilo que já expusemos, no presente texto: o que temos visto é o florescimento de uma antiética cristã, na qual já não existem "pecados", como nos moldes cristãos. O "pecado" da antiética cristã é uma espécie de contraste bizarro, distorcido do que é o "pecado" nos moldes cristãos; é, na verdade, o seu oposto: enquanto a egolatria seria um pecado nos moldes cristãos, a egolatria é vista como uma virtude na perspectiva da antiética cristã. Se a prostituição é algo que, nos parâmetros éticos do cristianismo bíblico, considerado ofensivo a Deus, nos parâmetros morais da antiética cristã é uma prática absolutamente normal, estritamente pessoal e, como tal, sacralizada como um "direito" do cidadão, como tantas outras práticas.

Agora me responda sinceramente, prezado internauta: o que você, que porventura está achando que este meu texto "é mais um exemplo do reacionarismo cristão conservador", acharia do psicólogo educacional da escolha onde seu filho e/ou sua filha estudam, digamos um com 16 e outro com 17 anos, se você viesse a saber que o mesmo tem uma tara, um desejo sexual compulsivo por jovens rapazes e moças, todos na faixa dos 18 anos? E que esse cidadão, lá no recôndito de seu lar, passa horas se masturbando vendo filmes como "Lolita", "Sociedade dos Poetas Mortos", "Ao Mestre com Carinho" e outros com temática educacional de jovens e compulsão sexual por adolescentes? Não estou falando de um pedófilo ou de um tarado, que ataca alunos... nada disso. Mas, você ficaria confortável com esse psicólogo dando conselhos aos seus filhos sobre a sexualidade deles, caso você viesse a descobrir as compulsões sexuais do indivíduo, mesmo que você não nunca houvesse sabido de nenhuma prática na escola que denegrisse a imagem deste(a) psicólogo(a)? Imagine que você tem um chefe, com quem você se dá muito bem, profissionalmente. Agora, imagine que você fica sabendo que esse seu chefe, como pessoa, é um ser inescrupuloso, promíscuo ao extremo, viciado em cocaína e bebidas alcólicas e que tem uma filha, muito amiga da sua filha, e que a chamara para passar um fim de semana na casa, com seu pai, que é esse seu chefe? Você deixaria sua filha ir, "confortavelmente", mesmo ela sendo de maior? Não? Não se culpe, pois o estrando é se você respondesse  apaticamente com um sonoro "sim" a estas duas perguntas, sendo verdadeiramente apático. Mas, posso lhe garantir que, no seu interior (principalmente se você tem filhos), você NÃO estaria apático ou indiferente, porque você sabe, no seu íntimo, que há algo de errado, equivocado, de ruim naquelas práticas, uma "moral" que não combina com o modo como vivemos, posto que, se todos vivessem daquela maneira, não haveria sociedade para se viver. É simples assim.

Ainda não está convencido? Ok. Como tudo neste mundo é contingente, digamos que poderíamos ter nascido de pais diferentes. Imagine, por um instante, que Fontenelle é a sua mãe (sim, ela poderia ter sido a sua mãe e você seu filho ou filha adolescente ou jovem). Ora, agora, mesmo, Fontenelle está posando para um fotógrafo desconhecido, mostrando as partes íntimas Deus sabe para quem e em quê circunstâncias, e sendo conhecedor de que tais partes íntimas estarão à disposição, inclusive, de seus amigos, colegas, conhecidos. Sei que é relativamente fácil afirmarmos que um texto como o meu é "moralista" e "reacionário" quando o assunto é Antonia Fontenelle, mas ele fica um tanto sem graça e reflexivo quando, no lugar da viúva de Marcos Paulo eu coloco a sua mãe. Sei que é relativamente fácil apoiar uma operação de transexualidade de um senhor de 57 anos, por exemplo, que decidiu que quer se tornar uma "mulher", afirmando que quem pensa contrário é "moralista" e etc. Mas, quando esse senhor é o seu pai, que reúne a família para dar-lhes esta notícia, tem algo - posso assegurar-lhe - no seu íntimo, que pode estar louco para ver as fotos de Antonia Fontenelle e de tantas outras mães, ou filhas, ou viúvas de alguém, ou mesmo casadas, nuas, que rejeita quando esta mãe, ou pai, ou esta filha, ou mulher é nossa(o). Sei que há pessoas para quem, realmente, nada ou quase nada importa mais. Estão tão preenchidas de uma antiética cristã que suas mentes não se chocariam em ver suas mães, por exemplo, viúvas, namorarem rapazes da idade de seus filhos ou netos. Mas, também sei que este NÃO é o sentimento do "grande público"... o mesmo "grande público" que, ao começar a ler este texto, pode ter "discordado" veementemente do que expus inicialmente. 
Perdoem-me por dar o exemplo de mães, filhas, filhos e pais. Sei que, infelizmente, muita gente, muitas famílias têm sofrido com esta onda de antiética cristã que varre o globo, dilacerando famílias, destruindo lares, relacionamentos de pais e filhos, maridos e esposas. É necessário que a Igreja saia do canto de onde está "acuada" e "com medo", dadas as inúmeras acusações que as pessoas lhe têm imposto, algumas verdadeiras, outras fantasiosas, como se, pelo fato de ter havido erros desta ou daquela figura, erros aqui ou ali, a Igreja não estivesse apta a defender os princípios que compõem a nossa sociedade há praticamente 1500 anos. E o Cristianismo foi um agregador social, um impulsionador da civilização ocidental porque trabalhou, prezados, com uma ética universal, com padrões universais, sem os quais a sociedade simplesmente se torna um projeto inviável, impossível. Ninguém consegue viver em um mundo onde só se prevalece a iniquidade, a mentira, o desapego entre os seres humanos como pessoas humanas. Ninguém consegue viver numa realidade como essa, de relativismo total, desde que não seja.... com a minha mãe!! Mas, é por essa sociedade paradoxal que muitos têm brigado, protestado e se manifestado, inclusive nas ruas. É por essa sociedade impossível, que privilegia o indivíduo a tal ponto se sacralizar sua vontade, que nós temos construído posicionamentos paradoxais, fingindo que sabemos que darão certo. Isto é tão "certo" como um torneio de tiro de arco e flecha, no qual um ou mais participantes, privilegiados, disparam suas flechas a esmo, não se importando onde elas vão fincar. E depois, os juízes do torneio prontamente deslocam-se para esses lugares com pincel e tinta na mão, pintando alvos bem ao redor dessas flechas. 

O que tem nesse fictício e absurdo torneio que pode ser usado como análogo desta sociedade, onde uma recém viúva como Antonia Fontenelle, em aberto respeito antiético ante à sua família e à de seu marido, posa nua e (com certeza) será ovacionada pela grande mídia, talvez como mais um "exemplo de guerreira" a ser seguido pelo grande público? A hipocrisia...

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