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terça-feira, 31 de julho de 2018

Tráfico no Rio de Janeiro: o aumento da violência e a herança maldita da era PT

O NOVO PERFIL DO TRÁFICO NO RIO DE JANEIRO: TRAFICANTES CADA VEZ MAIS JOVENS, MAIS VIOLENTOS E NADA DE RESOLUÇÃO NO HORIZONTE

A Polícia Civil do Rio prendeu em 2017 Alberto Ribeiro Sant'anna, o Cachorrão, apontado como um dos líderes do tráfico de drogas na Rocinha

Esse é o perfil histórico dos adolescentes e jovens inseridos na rede do tráfico de drogas no varejo no Rio de Janeiro. Algumas características, no entanto, parecem ter mudado recentemente, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira.
Aumentou, por exemplo, o número dos que entraram para o tráfico antes dos 12 anos de idade e também dos que se dizem evangélicos. Além disso, os traficantes parecem ter um comportamento mais "família" do que há dez anos.
Essas são algumas das conclusões de uma pesquisa realizada pela ONG Observatório de Favelas, sediada no Complexo da Maré, conjunto de favelas no Rio. O estudo traça o perfil e as práticas de jovens inseridos na rede do tráfico de drogas no varejo e sugere caminhos para a construção de políticas e ações públicas.
A ONG havia feito um levantamento similar entre 2004 e 2006, o que permitiu uma comparação de resultados em alguns pontos.
"Nos últimos dez anos, vivemos intervenções significativas na segurança pública no Rio, como a experiência da política de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Queríamos saber como elas tinham impactado no perfil e nas práticas das redes criminosas", diz Raquel Willadino, uma das coordenadoras do estudo.

Desigualdade de sempre

Foram entrevistados 150 jovens inseridos na rede do tráfico de drogas no varejo em favelas do Rio e 111 adolescentes no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).
A UPP não impactou no perfil dos "funcionários" do tráfico. "O que observamos foi uma reiteração de desigualdades que tínhamos identificado antes", diz Willadino.
A maior parte dos ouvidos (62,8%) tinha entre 16 e 24 anos, se identificava como preta e parda (72%). As mães foram majoritariamente citadas como responsáveis pela criação dos entrevistados (50,2%).
Também segue sendo verdade que os jovens deixam a escola na mesma faixa de idade em que entram para o tráfico. "Isso mostra que temos uma escola que não atrai o jovem, o que é fundamental para pensar estratégias preventivas", diz a pesquisadora.
Além disso, diz o estudo, a maior parte teve outros trabalhos antes de entrar para o tráfico. "O que importa é muito mais a precariedade do tipo de trabalho ao qual tiveram acesso", observa Willadino.

Criança e traficante

Um número maior de entrevistados disse ter entrado para o tráfico antes de fazer 12 anos: passou de 6,5% em 2006 para 13% em 2017. Não estava no escopo da pesquisa tentar explicar o porquê, mas isso chamou a atenção dos entrevistados.
A maior parte, no entanto, ainda entra para o tráfico entre os 13 e os 15 anos.
"Esses resultados reforçam a relevância do desenvolvimento de políticas preventivas voltadas para a infância e a adolescência e de iniciativas que levem em conta vulnerabilidades do contexto familiar", diz Willadino.
"Isso não quer dizer que a raiz do problema esteja na família. Observe que 55% das famílias não têm nenhum membro em atividades ilícitas, mas tampouco se pode ignorar", diz a pesquisadora.
Fonte: BBC

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