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terça-feira, 11 de agosto de 2009

William L. Craig fala sobre a infinitude divina

PERGUNTAS AO DR. WILLIAM LANE CRAIG SOBRE A INFINITUDE DE DEUS

Pergunta 1:

Como estou sempre debatendo e defendendo argumento cosmológico - Kalam, eu sempre refuto a possibilidade de um universo cujo início no tempo é inexistente, simplesmente explicando a diferença entre o infinito real e o potencial. Agora é um tanto simples “contestar” um infinito real, mas a questão sempre ‘me ataca a mente’: “como Deus é infinito se os infinitos reais não podem existir?” Eu faço de tudo para responder, mas parece que nunca consigo fazê-lo da maneira que gostaria. Eu geralmente digo que os infinitos reais não existem no universo físico; Deus é mesmo infinito, mas transcende o universo físico e não é limitado aqui e ali. Agradeço muito qualquer resposta que me vier.

Russ

Pergunta 2:

Se os infinitos reais não existem como você defende, você não concorda que Deus conheça uma quantidade infinita de coisas? Claramente há um número imensurável, mas finito de coisas no universo para Ele conhecer, mas, e quanto a seus próprios pensamentos? Não há uma quantidade infinita de pensamentos em sua própria mente inerentes à trindade?

Alan

Pergunta 3:

Eu não tenho uma pergunta; estou relatando um detalhe tipográfico. Na entrada mais recente do trabalho do WLC sobre Carrier, ele diz:

“É só para dizer que não é necessário estabelecer uma credibilidade geral de documento antes de estabelecer que o que aquele documento registra é um evento específico plausível”.

Note que há dois “que” na frase acima.

Que Deus abençoe.

Michael

Dr. William Lane Craig responde:

Eu responderia sua pergunta de maneira diferente, Russ. Se algo é físico ou não, isto me parece irrelevante com relação à questão de sua quantidade, desde que tais coisas possam ser contadas ou numeradas. Portanto, é, por exemplo, perfeitamente inteligível perguntar se realmente há um número infinito de anjos ou realmente um número infinito de almas. As coisas não têm de ser físicas para serem contáveis. (Matematicamente, também há infinitos não enumeráveis (non-denumerable infinites), mas estes não vêm ao caso aqui).

Em vez disso, a chave para sua pergunta é entender que a noção matemática de um infinito real é um conceito quantitativo. Ele diz respeito a uma série de elementos definidos e discretos que são membros de um conjunto. Porém, quando os teólogos falam da infinidade de Deus, eles não estão usando a palavra com razão matemática para se referir a um agregado de um número infinito de elementos. A infinidade de Deus é, como já era, qualitativa, não quantitativa. Isto significa que Deus é metafisicamente necessário, moralmente perfeito, onipotente, onisciente, eterno e assim por diante.

Realmente, a “infinidade” é apenas um tipo de “guarda-chuva” usado para encobrir todos os atributos superlativos de Deus. Se você abstrair todos estes atributos, não sobrará realmente um atributo distinto chamado “infinito”. Só que nenhum desses atributos precisa envolver um número infinito de coisas. Para usar seu exemplo, Alan, a onisciência não precisa implicar o conhecimento de um número infinito de, digamos, proposições, muito menos ter um número infinito de pensamentos; nem precisamos pensar na onipotência de maneira que implique a habilidade de fazer um número infinito de ações[1]. Quando definimos onisciência como o conhecimento de única e simplesmente proposições, estamos expressando a extensão do conhecimento de Deus, não sua forma. A forma de conhecimento de Deus é considerada como não-proposicional em natureza. Deus tem uma única intuição indivisível de realidade, que nós, conhecedores finitos, fracionamos em pedaços individuais de informação chamados proposições. Logo, o número de proposições está em seu melhor infinito potencial. Da mesma forma, a onipotência não é definida em termos de quantidade de poder possuído por Deus ou número de ações que Deus pode realizar, mas em termos de Sua habilidade de atualizar o estado das coisas. Desta forma, ela não envolve comprometimento com um infinito real de coisas. Portanto, não há razão para pensar que Deus é suscetível à quantidade de análises quantitativas imaginadas pela objeção.

Assim, negar que Deus seja realmente infinito na razão quantitativa de forma alguma implica que Deus seja finito. Esta inferência não procede, uma vez que o senso quantitativo de infinidade pode ser simplesmente inaplicável a Deus.

Finalmente, eu não poderia resistir à sua pergunta, Michael, porque ela me lembra de uma história que ouvi uma vez. Um professor estagiário de ensino médio dava notas aos trabalhos de seus alunos e corrigiu o uso do termo “que” repetido pelo aluno em sequência no tema de seu trabalho. O aluno reclamou com o professor titular que, depois de olhar o trabalho, reverteu a correção do professor estagiário, fazendo uma observação: “Embora as chances sejam de uma em um milhão de que essa forma ocorra, nós temos que admitir que aqueles “que” que o aluno usou estavam corretos!”

Da mesma forma, na minha frase o primeiro “que” é um conectivo e o último é um pronome relativo - para bom entendedor de gramática!

Notas finais

[1] Veja William Alston, “Does God Have Beliefs?” ("Deus tem crenças?"), Religious Studies 22 (1986): 287-306; Thomas P. Flint e Alfred J. Freddoso, “Maximal Power” ("Poder Máximo"), em The Existence and Nature of God (A Existência e Natureza de Deus), ed. Alfred J. Freddoso (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1983), pp. 81-113.

Fonte: Apologia

NOTA: Para uma correspondência linguística mais adequada em relação à concepção de infinitude (ou ilimitação) de Deus, recomendo a leitura DESTE ARTIGO.

Em Cristo Jesus,

Pr. Artur Eduardo

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