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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Expiação Limitada ou Universal? Considerações Históricas

Por David Allen
Adaptado por Artur Eduardo
Que duas coisas todos esses homens tem em comum: João Calvino, Heinrich Bullinger, Thomas Cranmer, Richard Baxter, John Preston, John Bunyan, John Howe, Zacharias Ursinus, David Paraeus, Stephen Charnock, Eduard Polhill, Isaac Watts, Jonathan Eduards, David Brainard, Thomas Chalmers, Phillip Dod-dridge, Ralph Wardlaw, Charles Hodge, Robert Dabney, W.G.T Shedd, J. C. Ryle, A. H. Strong? Todos foram Calvinistas, e nenhum deles ensinou a expiação limitada.[1] Tal alegação com frequência choca igualmente Calvinistas e não-Calvinistas.
Que duas coisas todos esses nomes tem em comum? ? John Davenant, Mattias Martinius, Samuel Ward, Thomas Goad, Joseph Hall, Ludwig Crocius, e Johann Heinrich Alsted ? Todos foram Calvinistas, e todos foram delegados em Dort que rejeitaram a expiação limitada. Que duas coisas esses nomes tem em comum? ? Edmund Calamy, Henry Scudder, John Arrowsmith, Lazarus Seaman, Richard Vines, Stephen Marshall e Robert Harris ? Todos foram Calvinistas e todos foram teólogos em Westminster que rejeitaram a expiação limitada. Todos os homens acima também afirmaram uma forma de expiação universal.
A questão da extensão da expiação surge largamente na história da Reforma. Foi a mais simples questão debatida em Dort. O comitê final modificou a linguagem de Dort e a deixou deliberadamente ambígua a fim de acomodar aqueles Calvinistas Rígidos que acreditavam em expiação limitada (particularismo estrito) e aqueles como John Davenant e outros das delegações Britânicas e Alemãs que rejeitavam o particularismo estrito e acreditavam que a morte de Jesus pagou a penalidade dos pecados de toda a humanidade.[2]
Considerando os dados históricos sobre esta questão, deve-se estar ciente de três coisas. Primeiro, sempre existiu e é significante o debate sobre as crenças concernentes a extensão da expiação na histórica Calvinista. A mesma honestidade usada com interpretação dos dados bíblicos e sistemáticos precisa ser usada com a leitura dos dados históricos. Os Batistas precisam estar cientes dos muitos baluartes Calvinistas dentro da denominação Batista, incluindo os Batistas do Sul, que sustentaram uma forma de expiação universal e rejeitaram a expiação limitada.
Segundo, os Batistas, se Calvinistas ou não, precisam estar historicamente mais conscientes sobre a extensão da diversidade sobre esse ponto. As fontes primárias devem ser consultadas. Existe uma grande ignorância nessa área. Muitos autores contemporâneos de uma perspectiva Calvinista escrevem como se os Calvinistas historicamente tivessem proposto apenas uma visão sobre esse assunto. Visto ser improvável que esses autores desconheçam a diversidade dentro de sua própria tradição sobre o assunto da extensão da expiação, surpreende o fato de somente a posição limitada estrita ser apresentada e argumentada. Uma rápida olhada em muitos blogs administrados por Calvinistas revela a mesma lacuna e a necessidade de ouvir honestamente a teologia histórica. A única forma de fazer isso é ler as fontes primárias cuidadosamente.
Terceiro, precisamos ver a inovação da visão Owenica da expiação limitada na história da igreja. Essa sempre tem sido a visão minoritária entre os cristãos[3] ate mesmo após a reforma. Esse status impopular não o faz incorreto, mas muitos Calvinistas operam sob a suposição de que uma expiação limitada estrita é e foi a única posição dentro do Calvinismo.[4] Não é e nem nunca foi.
A primeira pessoa na história da igreja que sustentou explicitamente a crença em expiação limitada foi Gottschalk de Orbais (AD 804-869).[5] Ao contrário do que alguns Calvinistas pensam, Agostinho não sustentou a visão da expiação limitada.[6] Por outro lado, Gottschalk afirmou que “Cristo não foi crucificado e entregue à morte pela redenção do mundo inteiro, ou seja, não pela salvação e redenção de toda humanidade, mas somente por aqueles que são salvos”.[7] Três concílios franceses condenaram ambos, Gottschalk e suas visões.
Voltando ao período da Reforma, Martinho Lutero sustentou claramente uma forma de expiação ilimitada: “Cristo levou não somente os pecados de alguns homens mas seus pecados e aqueles do mundo todo. A oferta foi pelos pecados do mundo todo, até mesmo embora o mundo todo não creia”.[8]Em outro lugar Lutero argumentou incisivamente concernente João 1.29:
Você pode dizer: “Quem sabe se Cristo também sofreu pelo meu pecado? Eu não tenho dúvida que Ele sofreu pelo pecado de São Pedro, São Paulo, e outros santos; essas eram pessoas piedosas”. … Você não ouve o que São João diz em nosso texto: “Esse é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”? E você não pode negar que você também faz parte desse mundo, pois você foi nascido de homem e mulher. Você não é uma vaca ou um porco. Se segue que seus pecados devem estar incluídos, tanto quanto os pecados de São Pedro e São Paulo…Você não ouve? Não existe nada faltando no Cordeiro. Ele sofreu todos os pecados do mundo desde o inicio; isso implica que Ele também sofreu os seus, e oferece sua graça.[9]
Semelhantemente, João Calvino sustentou uma forma de expiação universal. Considere o que segue:
“Suportar”, ou “tirar os pecados”, é livrar de culpa por sua satisfação aqueles que pecaram. Ele diz que os pecados de muitos, isto é, de todos, como em Romanos 5:15. É ainda certo que nem todos recebem o benefício da morte de Cristo, mas isso acontece, porque sua incredulidade os impede. Ao mesmo tempo, essa questão não é para ser discutida aqui, pois o apóstolo não está falando de poucos ou de muitos para os quais a morte de Cristo pode estar disponível, mas ele simplesmente quer dizer que Cristo morreu pelos outros e não para si mesmo; e, portanto, opõe muitos a um.[10]
Paulo torna a graça comum a todos os homens, não porque de fato e em verdade se estenda a todos, senão porque ela é oferecida a todos. Embora Cristo sofreu pelos pecados do mundo, e é oferecido pela munificência divina, sem distinção, a todos os homens, todavia nem todos o recebem.[11]
Essa é também a importação do termo mundo, que ele usou anteriormente; porque nada será encontrado no mundo que seja digno do favor de Deus, e ainda ele se mostra reconciliado com o mundo inteiro, quando ele convida todos os homens sem exceção, à fé nEle, que é nada mais do que uma entrada na vida.[12]
Devemos fazer todos os esforços para atrair a todos para o conhecimento do evangelho. Pois, quando vemos pessoas indo para o inferno que foram criados à imagem de Deus e redimidos pelo sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, isso deve, certamente, nos agitar a fazer o nosso dever e instruí-los e tratá-los com doçura e bondade a fim de tentar ter frutos dessa maneira.[13]
É, como eu já havia dito, que, considerando que os homens são criados à imagem de Deus e que suas almas foram redimidos pelo sangue de Jesus Cristo, devemos tentar de todas as formas à nossa disposição atraí-los para o conhecimento do evangelho.[14]
No testamento e última vontade de Calvino, ele afirmou claramente uma forma de expiação universal:
… e rogando-lhe para que me lave e purifique pelo sangue desse grande Redentor, que foi derramado pela raça humana, para que eu possa comparecer diante da sua face trazendo a semelhança dele.[15]
A discussão de Calvino, tanto em seu comentário quanto em seu sermão, sobre o uso da palavra “todos” em Isaias 53.6 (“Todos nós como ovelhas temo-nos extraviado … e o Senhor colocou sobre Ele a iniquidade de todos nós” KJV) claramente não faz distinção no uso. “Todos” como ovelhas desviadas, e sobre o Servo foi colocado os pecados de nós “todos”. Todos sem exceção pecaram, e os pecados de nós todos sem exceção foram colocados sobre o Servo sofredor. Calvino depois diz: “Por adicionar o termo ‘cada um’ ele [o autor de Isaias] descende de uma declaração universal, em que ele incluiu todos, para uma particular, na qual cada pessoa pode ser considerada estar em sua mente, … ele adiciona a palavra ‘todos’ para excluir todas exceções, … até o último individuo …todos os homens são incluídos, sem nenhuma exceção.”[16] Calvino prossegue dizendo que “muitos” significa “todos” em Isaias 53.12.
Com respeito à visão de Calvino da extensão da expiação, a conclusão de Rouwendal em um recente artigo é impressionante:
Se Calvino ensinasse a expiação particular, ele não teria usado a linguagem [para expiação universal] que Clifford tem reunido em grande número. Assim, as proposições universais nas obras de Calvino provam negativamente que ele não subscreveu a expiação particular, mas elas não provam positivamente que ele subscreveu a expiação universal. Essas proposições podem ser usadas para falsificar a conclusão de que Calvino era um particularista, mas não são suficientes para provar que ele era um universalista.[17]
Perceba cuidadosamente que o próprio Rouwendal concluiu que a evidência mostra que Calvino não aprova a expiação limitada. Perceba também que ele não diz que Calvino não aprovou a expiação universal; antes ele dizer que as “proposições universais” de Calvino em seus escritos “não provam positivamente que ele subscreveu a expiação universal”. Francamente, dada a clara evidência que Calvino, de fato, aprovou uma forma de expiação universal, a objeção de Rouwendal é desnecessária.
Dois anos após sua morte, o universalismo bíblico de Calvino foi refletido na Segunda Confissão Helvética (1566).[18] A última das grandes confissões Reformadas, foi elaborada pelo amigo de Calvino Heinrich Bullinger (1504-75),[19] sucessor de Zwinglio em Zurique.
Outro importante documento da reforma afirmando expiação universal é o Catecismo de Heidelberg (1593). A Questão 37 diz:
O que você confessa quando diz que Ele [Cristo] sofreu? Resposta: durante todo o tempo de sua vida na terra, mas especialmente no fim, Cristo suportou a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana. Assim, por seu sofrimento, como o único sacrifício expiatório, Ele redimiu nosso corpo e alma da condenação eterna, e obteu pra nós a graça de Deus, santidade e vida eterna.
Zacharias Ursinus (1534-1583), em seu comentário do Catecismo de Heidelberg. Disse:
Questão: se Cristo fez uma satisfação por todos, então todos devem ser salvos. Mas todos não são salvos. Portanto, Ele não fez uma satisfação perfeita.
Resposta: Cristo fez uma satisfação por todos, com respeito a suficiência da satisfação que Ele fez, mas não com respeito a aplicação dela.[20]
De acordo com Rouwendal, o criticismo de Beza da fórmula Lombardiana lançou uma nova etapa no desenvolvimento da doutrina da expiação limitada. Até aquele dia, Calvino e todos os Reformadores aceitaram a fórmula Lombardiana. Seguindo Beza, outros Reformadores começaram a aceitar a abordagem crítica de Beza. Bucanus, que foi um professor em Lausanne de 1591 a 1603, escreveu que a morte de Cristo:
“Poderia ter sido” (ao invés de “foi”) um resgate pelos pecados de todas as pessoas. Piscator foi ainda mais longe e chamou a fórmula clássica de a distinção “contraditória”. Outros, como Ames e Abbot, foram críticos também. A tendência de restringir a expiação ao eleito em cada aspecto iniciou com Beza. É de grande importância reconhecer que essa tendência não iniciou até 1588, vinte e quatro anos após Calvino ter morrido.[21]
Todos os primeiros Reformadores Ingleses sustentaram a expiação universal. Por exemplo, Thomas Cranmer afirmou claramente a expiação universal na citação que segue:
Esta é a honra e glória desse nosso grande sacerdote, em que Ele não admitiu nem parceiro nem sucessor. Por sua própria oblação Ele satisfez seu Pai pelos pecados de todos os homens, e reconciliou a humanidade à sua graça e favor. E todo aquele que o priva de sua honra, e tomam sobre si mesmos esta honra, eles são muitos anticristos, e a maioria arrogantes blasfemadores contra Deus e contra seu filho Jesus Cristo, a quem Ele enviou.[22]
Em 1571, a Igreja Anglicana adotou a declaração doutrinária conhecida como os Trinta e Nove Artigos. O Artigo 31 dos Trinta e Nove Artigos afirma: “A oferta de Cristo feita uma vez é a perfeita redenção, propiciação e satisfação por todos os pecados do mundo todo, ambos originais e atuais; e não existe outra satisfação pelo pecado, mas apenas essa”.[23]
A Assembleia de Westminster ocorreu de 1643 a 1649 em Londres. As vezes se pensa que todos aqueles que foram membros na Assembléia de Westminster abraçaram a expiação limitada (particularismo estrito). Eles não abraçaram. Por exemplo, escute Henry Scudder (1585-1652):
Eu devo estar certo, que Cristo deu a si mesmo em resgate por todos. Esse resgate pode ser chamado geral, e por todos, em algum sentido: mas como? A saber, em respeito a natureza comum do homem, que ele levou, e da causa comum da humanidade, que ele suportou; e em si mesmo foi um preço suficiente para redimir todos os homens; e por causa da aplicabilidade a todos, sem exceção, pela pregação e ministério do evangelho, que o emplastro deve ser tão grande como a ferida, e que não deve ter defeito no remédio, isto é, no preço, ou o sacrifício de si mesmo oferecido na cruz, pelo qual o homem deve ser salvo, mas que todos os homens, e cada homem em particular, possam nesse respeito tornar-se salváveis por Cristo.[24]
Em um amplo contexto dessa citação Scudder discute o fato que a morte de Cristo foi por todos os homens. Ele negou o argumento que todas as pessoas serão salvas porque Cristo resgatou toda a humanidade. Scudder não nega isso por rejeitar a premissa que Cristo resgatou toda a humanidade;[25]antes, ele argumenta que o Novo Concerto da graça é condicional: somente aqueles que crêem obterão a salvação.[26] Ainda mais, ao conceder que Cristo morreu pelos pecados de cada pessoa individual, ele baseia essa verdade na humanidade comum de Cristo. Essa visão é a Cristologia Clássica de acordo com Hebreus 2.5-14. A suficiência de que Scudder fala é uma suficiência extrínseca, pela qual Cristo suportou os pecados de toda a humanidade. Scudder fundamenta a oferta universal de Deus sobre suficiência extrínseca. Ele ainda associou o “amor geral e comum” de Deus “pela humanidade” com a morte de Cristo por toda a humanidade.[27] Todos os homens são “salváveis” em virtude do que Cristo fez na cruz. Ninguém é deixado sem um remédio pelo seu pecado. Portanto, aqueles que ouvem o evangelho e perecem, tem somente a si mesmos para culpar.[28] Se notará também que Scudder não usa “mundo” em conotação com o eleito em suas referências e alusões escriturísticas.
Outro importante Teólogo de Westminster foi Edmund Calamy (1600-1666). Ele disse:
Eu estou longe de uma redenção universal em um senso Arminiano. Mas que eu abracei em um senso de nossos teólogos no Sinodo de Dort, que Cristo pagou o preço por todos, – absoluta intenção pelo eleito, intenção condicional pelo reprovado no caso deles crerem, – que todos os homens devem ser salvabiles, non obstante lapsu adami…que Jesus Cristo não somente morreu suficientemente por todos, mas Deus pretendeu, em dar a Cristo, e Cristo dando a si mesmo, colocar todos os homens em um estado de salvação caso eles creiam.[29]
Eu argumento de João 3.16, em que as palavras são fundamentadas na intenção de Deus de dar a Cristo, o amor de Deus pelo mundo, uma filantropia do mundo dos eleitos e reprovados, e não apenas do eleito; isso não pode significar o eleito somente, pelo fato de que “Todo aquele que crer”…se o pacto da graça é para ser pregado a todos, então Cristo redimiu, em algum sentido, a todos – ambos, eleitos e reprovados.[30]
Deve-se observar vários pontos salientes nessas citações. Primeiro, Calamy diz que ele abraçou uma forma de redenção universal que é distinta da visão Arminiana. Segundo, ele vê sua visão expressada por alguns no Sínodo de Dort. Terceiro, ele fala de uma suficiência intencional, (condicional para o não-eleito; absoluta para o eleito) de tal forma que Cristo atualmente pagou o preço por todos. O objetivo do preço pago por todos torna todos os homens salváveis, mas eles devem crer para obter o benefício. Perceba que Calamy usa João 3.16 como uma prova de sua visão, e ele argumenta que “mundo” não pode significar “somente o eleito” nessa passagem. Ele também argumenta que a proclamação universal pressupõe uma forma de expiação universal.
Em sua Chain of Principles [Cadeia de Princípios], Arrowsmith interpreta João 3.16 a se referir “o mundo indigno da humanidade”, não o “mundo eleito”, como Calamy fez.[31] Muitos em Westminster não afirmaram a expiação limitada (particularismo estrito).[32]
Igualmente, vários Puritanos abraçaram uma forma de expiação universal. Por exemplo, a posição de Richard Baxter pode ser resumida, segundo Curt Daniel, na sentença que segue: “Cristo, portanto, morreu por todos, mas não por todos igualmente, ou com a mesma intenção, motivo ou propósito”.[33][nota do tradutor: no livro Hyper-Calvinism and John Gill, no contexto dessa citação, Curt Daniel diz que essas palavras de Baxter referem-se a dualismo e não universalismo. Ele discute neste mesmo contexto que dualismo significa que Cristo morreu por todos indiscriminadamente, mas só alguns recebem os benefícios do sacrifício divididos em dois estágios, o primeiro é a expiação, essa é ilimitada e o segundo estágio, a recepção/aplicação, essa é limitada, p. 500] João Bunyan declarou que:
Cristo morreu por todos…pois se aqueles que perecem nos dias do evangelho, deverão ter, pelo menos a condenação deles aumentada, porque eles negligenciaram e recusaram receber o evangelho, deve ser necessário que o evangelho foi com toda fidelidade para ser carinhosamente dado a eles; o que não poderia ocorrer, a menos que a morte de Cristo fosse estendida de si mesmo a eles; João 3.16. Hb 2.3. Pois a oferta do evangelho não pode, com a provisão de Deus, ser oferecida ainda mais do que a morte de Jesus Cristo foi; porque se ele for tirado, não existe de fato nenhum evangelho, nem graça a ser estendida.[34]
Voltando nossa atenção para a América, ninguém se acanharia em afirmar que Jonathan Edwards foi o grande teólogo do século dezoito. Ele raramente discutiu a questão da extensão da expiação em seus volumosos escritos. Quando ele fez, ele claramente abraçou uma forma de universalismo: “dessas coisas inevitavelmente se seguirá que, embora Cristo em algum sentido pode ser dito que morreu por todos e para redimir[35] todos os cristãos visíveis, sim, o mundo todo por sua morte; ainda deve haver algo departicular no projeto de sua morte, com respeito a maneira como ele pretendeu quem devesse ser realmente salvo dessa forma.”[36] Pode-se ver que Edwards está advogando uma forma de dualismo na extensão da expiação. Pode ser dito que Cristo morreu por todos, em que Ele redimiu todos, mas existe ainda alguma coisa particular em Sua obra no caso do eleito, tanto que ele propõe que eles sozinhos deveriam obter o benefício por meio da fé. Redenção aplicada é limitada, mas não redenção consumada. Redenção consumada é ilimitada.
Debaixo dessa leitura “Redenção Universal”, Edwards escreveu:
REDENÇÃO UNIVERSAL. Em algum sentido, redenção é universal para toda a humanidade: toda humanidade agora tem uma oportunidade para ser salva ao contrário do que eles teriam caso Cristo não tivesse morrido. A porta da graça está, de alguma forma, aberta pra eles. Isso é um benefício, na realidade, consequente da morte de Cristo; mas os benefícios que são, realmente, consequência da morte de Cristo e são obtidos pela morte de Cristo, certamente Cristo pretendeu obter por sua morte. Foi uma coisa que Ele almejou por sua morte; ou que é a mesma coisa, Ele morreu para obtê-la, como foi um fim da sua morte.[37]
Igualmente, Edwards escreveu,
A encarnação de Cristo, seus labores e sofrimentos, sua ressureição, etc., foram para a salvação dos tais que não foram eleitos, na linguagem da Escritura, no mesmo sentido com o significado da graça para a salvação deles; no mesmo sentido como a instrução, conselhos, advertências e convites que são dados a eles, são para a salvação deles.[38]
Dessas citações de Baxter, Bunyan e Edwards, pode-se ver claramente que eles não abraçaram a expiação limitada no sentido Owenico do termo.
A evidência histórica sobre a extensão da expiação pode ser resumida em quatro afirmações. Primeira, quase todos[39] dos primeiros reformadores, incluindo Calvino,[40] abraçaram uma forma de expiação universal. Segundo, expiação limitada como uma posição doutrinária dos Calvinistas desenvolveu-se na segunda e terceira geração de reformadores, iniciando primeiramente com Beza. Terceiro, o Sínodo de Dort debateu a questão extensivamente, e a linguagem final de Dort foi deixada ambígua deliberadamente sobre o assunto para permitir aqueles entre os delegados que rejeitaram o particularismo estrito e abraçaram uma forma de expiação universal assinassem o documento final. Quarto, a Assembleia de Westminster consistiu de uma minoria de delegados que rejeitava a expiação limitada (particularismo estrito) e afirmaram uma forma de universalismo, como fizeram vários dos Puritanos nos séculos dezessete e dezoito, incluindo Jonathan Edwards.
A controvérsia que ocorreu com a segunda e terceira gerações de teólogos Reformados não envolveu arejeição da expiação limitada, mas a introdução da expiação limitada. De fato, cronologicamente, após a introdução da expiação limitada, o Calvinismo lentamente começou a abrir a porta para a rejeição da livre oferta do evangelho.[41] Quando a livre oferta foi finalmente e explicitamente rejeitada, o Hyper-Calvinismo nasceu.[42]
Porque falar sobre história e citar tantos homens? A verdade não pode ser determinada por contar o número de pessoas. Eu discordo significativamente com esses homens em outras áreas do seu calvinismo, para não mencionar a visão deles sobre batismo e eclesiologia; mas essas discordâncias não negam a verdade e significância do que eles, como Calvinistas históricos influentes, estão admitindo e afirmando na questão da extensão[43] da expiação. Muita coisa tem sido escrita sobre a extensão da expiação em anos recentes, e muito disso se baseia em fontes secundárias modernas. Existe uma grande ignorância sobre a visão da igreja primitiva, as perspectivas dos primeiros reformadores e as diversas opiniões sobre o assunto dentro do movimento Puritano.[44] Genericamente falando, os Calvinistas modernos tem somente três categorias: a posição calvinista (ou cinco pontos do calvinismo), que eles igualam com o particularismo estrito; Amyraldismo, que é com frequência filtrado como uma fonte secundária não confiável; e Arminianismo. Essa classificação é, de longe, muito simplista.[45]
A atenção agora focará os dados bíblicos. Por fim, a questão da extensão da expiação deve ser firmada pelo apelo da Escritura. A exegese deve preceder a teologia sistemática tanto quanto a teologia histórica.
Fonte: Whosoever Will: A biblical-theological of five-point calvinism, pp. 67-78
Tradução: Walson Sales
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[1] O ponto aqui é que eles não ensinaram “expiação limitada” no sentido de uma imputação limitada do pecado em Cristo, como Owen ensinou e como a maioria dos Calvinistas modernos de “cinco pontos” pensam. Ao invés disso eles sustentaram uma forma de expiação universal.
[2] Veja W. Godfrey, “Tensions Within International Calvinism: The Debate on the Atonement at the Synod of Dort, 1618-1619″ [Tenções dentro do Calvinismo Internacional: O debate sobre a expiação no Sínodo de Dort, 1618-1619] (Ph.D diss., Stanford University, 1974), 252-69; e R. Muller, Post-Reformation Reformed Dogmatics [Pós-reforma Dogmáticas reformadas] (Grand Rapids: Baker, 2003), 1:76-77. Muller até mesmo diz que o mesmo compromisso confessional na linguagem da extensão da expiação ocorreu em Westminster de modo a permitir ambas visões.
[3] Mas não necessariamente entre os cristãos Reformados após o período da Reforma.
[4] Richard Muller começou a informar a igreja sobre a diversidade histórica no campo reformado. Consulte suas palestras em Mid-America Reformed Seminary em Novembro 2008, intitulado “Revising the Predestination Paradigm: An Alternative to Supralapsarianism, Infralapsarianism and Hypotetical Universalism” [Revisando o paradigma da Predestinação: Uma alternativa ao Supralapsarianismo, Infralapsarianismo e Universalismo Hipotético]. Ele considera os seguintes de ser “Universalistas Hipotéticos” de uma variedade não-Amyraldiana: Musculus, Zanchi, Ursinus, Kimedoncius, Bullinger, Twisse, Ussher, Davenant (e outros da delegação Britânica em Dort), Calamy, Seaman, Vines, Harris, Marshall, Arrowsmith (os seis últimos foram Teólogos em Westminster), Preston e Bunyan.
[5] G.M. Thomas, The Extent of Atonement: A Dilemma for Reformed Theology from Calvin to the Consensus (1536-1675) [A Extensão da Expiação: Um dilema da Teologia Reformada de Calvino ao Consenso (1536-1675)] (Carlisle: Paternoster, 1997), 5.
[6] Curt Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill” (Ph.D. Diss., University of Edimburgh, 1983), 497-500. Está claro que Agostinho pensou que Jesus redimiu Judas. Veja Augustine, Exposition of Psalm LXIX, Section 27 (Nicene and Post-Nicene Fathers, Series 1, 8:309) [AgostinhoExposição dos Salmos LXIX, Seção 27 (Pais Nicenos e Pós-Nicenos, Series 1, 8:309)]. Além disso, Prosper de Aquitaine é visto historicamente como o interprete normativo de Agostinho (não Gottschalk), e ele sustentou muito claramente a redenção universal. Veja a sua Defense of St. Augustine [Defesa de Santo Agostinho] (Trad. P. De Letter; Nova York: Newman Press, 1963), 149-51, 159-60, 164.
[7] Citado em John Davenant, An Exposition of the Epistle of St. Paul to the Colossians: With a Dissertation on the Death of Chist [Uma Exposição da Epístola de São Paulo aos Colossenses: Com uma dissertação sobre a morte de Cristo] (2 Vols.; London: Hamilton, Adams, and Co., 1831), 334. [ A The Banner of Truth 2005 reimprimiu os comentários de Davenant e omitiu a dissertação da morte de Cristo.] Davenant refuta as “Inovações Doutrinárias” de Gottschalk com muitíssimas citações dos primeiros pais da igreja, incluindo Agostinho e Prosper. Veja também Curt Daniel, “Hyper-Calvinismo and John Gill”, 503.
[8] M. Lutero, Lectures on Galatians [Sermões sobre Galátas] – 1535 Capítulos 1-4, nas Luther’s Works[Obras de Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St. Louis: Concordia, 1963), 26: 38.
[9] M. Lutero, Sermons on the Gospel of St. John Chapters 1-4 [Sermões no Evangelho de São João Capítulos 1-4], nas Luther’s Works [Obras de Lutero] (Trad. e Ed. J. Pelikan; St. Louis: Concordia, 1957), 22: 169.
[10] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Hebrews and the First and Second Epistles of St. Peter [A Epístola de Paulo, o Apóstolo aos Hebreus e a Primeira e Segunda Epístolas de São Pedro] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. W.B. Johnston; Grand Rapids: Eerdmans, 1963), 131.
[11] João Calvino, The Epistle of Paul the Apostle to the Romans and to the Thessalonians [A Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos e aos Tessalonicenses] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. R. Mackenzie; Grand Rapids: Eerdmans, 1960), 117-18.
[12] João Calvino, The Gospel According to St. John 1-10 [O Evangelho de acordo com São João 1-10] (ed. D.W. Torrance and T.F. Torrance; Trad. T.H.L. Parker; Grand Rapids: Eerdmans, 1961), 74.
[13] Para o tratamento de João Calvino de Atos 7.51, veja seu sermão “Sermon 41″ [Sermão 41], emSermons on Acts 1-7 [Sermões em Atos 1-7] (Edinburgh: Banner of Truth, 2008), 587-88.
[14] João Calvino, Sermons on Acts 1-7 [Sermões em Atos 1-7], 593.
[15] João Calvino, Letters of John Calvin [Cartas de João Calvino] (ed. and Trad. J. Bonnet; New York, 1858, repr. [Edinburgh: Banner of Truth, 1972]), 4: 365-69; veja também Bezás Life of Calvin [A vida de Calvinode Beza] em Tracts and Treatises [Tratos e Tratados] (ed. T.F. Torrance; Trad. H. Beveridge; Grand Rapids:Eerdmans, 1958), 1:cxiii-cxxvii.
[16] João Calvino, Sermons on Isaiah [Sermões em Isaias], 66, 70, 78-79. Veja o capítulo nesse volume por K. Kennedy sobre A visão de Calvino sobre a Extensão da Expiação.
[17] P.L. Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement: About Sufficiency, Efficiency, and Anachronism,” [A posição clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da expiação: sobre Suficiência, Eficiência e anacronismo], Westminster Theological Journal 70 (2008): 328.
[18] Veja A. Cochrane, ed., Reformed Confessions of the Sixteenth Century [Confissões Reformadas no Século 16] (London: SCM Press, 1966), 220-22, 242, 246.
[19] R. Muller reconhece que Bullinger (como Musculus, Zanchi e Ursinus) ensinaram uma forma de “universalismo hipotético não-especulativo”. Veja a revisão de Muller do English Hypothetical Universalism: John Preston and the Softening of Reformed Theology [Universalismo Hipotético Inglês: John Preston e a amenização da Teologia Reformada ] de J. Moore no Calvin Theological Journal 43 (2008): 149-50. Também pode ser encontrada uma forma calvinista de redenção universal nos escritos de Rudolf Gwalther, aluno e sucessor de Bullinger. Veja A Hundred Threescore and Fifteen Homilies ou Sermons upon the Acts of the Apostles [Cento e Setenta e Quinze Homilias e Sermões em Atos dos Apóstolos] (Trad. J. Bridges; Impresso Henrie Denham, domiciliado em Pater Noster Rowe, no the signe of the Starre, 1572), 108; 751-52. Gwalter foi casado com Regula Zwinglio, a filha do reformador.
[20] Z. Ursinus, The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heideberg Catechism [O comentário do Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg] (Trad. G.W. Willard; Philipsburg: P&R, 1994), 215. Novamente, veja o artigo de Muller no Calvin Theological Journal em nota de rodapé anterior. Ele concorda com o historiógrafo de Ursinus, John Davenant.
[21] Rouwendal, “Calvin’s Forgotten Classical Position on the Extent of the Atonement [A posição clássica esquecida de Calvino sobre a extensão da expiação], 320.
[22] T. Cranmer, The Works of Thomas Cranmer [As Obras de Thomas Cranmer] (Cambrigde: University Press, 1844), 1: 346 [ênfase minha].
[23] P. Schaff, The Evangelical Protestant Creeds, With Translations [Os Credos Evangélicos Protestantes, com Traduções], Vol. 3 em Creeds of Christendom [Credos da Cristandade] (Grand Rapids: Baker, 1966), 507. Eu atualizei a grafia do inglês antigo para o inglês moderno.
[24] H. Scudder, The Christian Daily Walk in Security and Peace [O andar cristão diário em paz e segurança] (Glasgow: William Collins, 1826), 279-82.
[25] Como aqueles que aceitam o argumento do “duplo pagamento”. Veja a discussão abaixo.
[26] Isso foi também como Ursinus conduziu a questão. Veja The Commentary of Dr. Zacharias Ursinus on the Heideberg Catechism [O Comentário do Dr. Zacharias Ursinus sobre o Catecismo de Heidelberg], 215.
[27] Essa é também a verdade de Charnock. Veja S. Charnock, “A Discourse of the Subjects of the Lord’s Supper,” [Um Discurso sobre a Ceia do Senhor], em The Complete Works of Stephen Charnock [As Obras completas de Stephen Charnock] (Edinburgo: James Nichol, 1865), 4:464. Amyraut também fez frequentemente essa conexão. Veja L. Proctor, The Theology of Moise Amyraut Considered as a Reaction Against Seventeenth-Century Calvinism” [A Teologia de Moisés Amyraut Considerada como uma reação contra o Calvinismo do Século Dezessete] (Ph.D., University of Leeds, 1952), 200-259.
[28] C. Hodge faz todos esses pontos. Veja sua Systematic Theology [Teologia Sistemática] (Grand Rapids: Eerdmans, 1993), 2:556-57.
[29] A. F. Mitchell e J.P. Struthers, eds. Minutes of the Sessions of the Westminster Assembly of Divines [Minutos das sessões da Assembleia dos Teólogos em Westminster] (Edinburgh: W. Blackwood and Sons, 1874), 152.
[30] Ibid., 154.
[31] J. Arrowsmith, Armilla Catechetica: A Chain of Principles; [A Cadeia de Princípio]s; ou uma Ordely Concatenation of Theological Aphorism and Exercitations [Concatenação Organizada de Aforismos e Exercícios Teológicos]; Onde, the Chief Heads of Christian Religion Are Asserted and Improved [Os Principais Cabeças da Religião Cristã são Afirmados e Melhorados] (Cambridge: printed by John Field, Printer to the University, 1659), 182. Mitchell e Struthers dizem que Gataker, Caryl, Burroughs e Strong concordaram com essa interpretação de João 3.16. veja Minutes, Ivii.
[32] Mitchell e Struthers, Minutes, liv-lxi. P. Schaff também menciona o nome de Thomas Gataker em sua análise da Confissão de Westminster. Veja The Creeds of Christendom [Os Credos da Cristandade] (Grand Rapids: Baker, 1993), 1:770.
[33] Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 531; Veja também Richard Baxter, Catholicke Theologie[Teologia Católica] (London, printed by Robert White, for Nevill Simmons at Princes Arms in St. Paul’s Church-yard, 1675), II:53. Baxter apela para a interpretação universal de Twisse de João 3.16 emUniversal Redemption [Redenção Universal], 287-88. Pode-se consultar na dissertação doutoral recentemente impressa em Oxford de J.I.Parker sobre a cosmovisão de Baxter sobre sua Teologia da Redenção. Veja The Redemption and Restoration of Man in the Thought of Richard Baxter [A Redenção e Restauração do Homem no Pensamento de Richard Baxter] (Vancouver: Regent College Publishing, 2003), 183-208.
[34] J. Bunyan, Reprobation Asserted [Reprovação Afirmada], nas Works of John Bunyan [Obras de João Bunyan] (Grand Rapids: Baker, 1977), 2:348. Veja também “The Jerusalem Sinner Saved” [O Pecador de Jerusalém salvo], ou, “Good News for the Vilest of Men” [Boas Novas para o mais Vil dos Homens], emThe Whole Works of John Bunyan [Todas as obras de João Bunyan] (London: Blackie and Son, 1862), 1:90. Aqui Bunyan faz uma “proclamação ousada” aos descrentes e diz que o Filho “morreu por eles.”
[35] É crucial notar o uso universal do termo “redimido” de Edwards aqui, que é como Calamy acima. Enquanto alguns Calvinistas Rígidos dizem que “Cristo morreu por todos” no sentido de adquirir a graça comum para até mesmo o não-eleito, eles são cuidadosos em não dizer que Cristo “Redimiu” nenhum dos não-eleitos, desde que isso envolve o pagamento do preço do resgate deles.
[36] J. Edwards, “On the Freedpm of the Will” [A Liberdade da Vontade] nas The Works of Jonathan Edwards [As Obras de Jonathas Edwards] (Edinburgh: Banner of the Truth, 1979), 1:88. Isso não é dizer que Edwards viu nenhum sentido de particularidade no projeto ou intenção na Morte de Cristo, mas somente que ele não vê nenhuma limitação na extensão do sofrimento de Cristo em nome do mundo todo.
[37] J. Edwards [1743], “Books of Minutes on the Arminian Controversy” [Livro dos Minutos na Controvérsia Arminiana] Gazeteer Notebook, nas Works of Jonathan Edwards Online [As Obras de Jonathas Edwards Online], vol. 37, Documents on the Trinity, Grace and Faith [Documentos sobre a Trindade, Graça e Fé] (Jonathan Edwards Center em Yale University, 2008), 10-11.
[38] J. Edwards [1743], Works of Jonathan Edwards Online [Obras de Jonathan Edwards Online], vol. 27, “Controversies” [Controvérsias] Cadernos de anotações (Jonathan Edwards Center em Yale University, 2008), part III.
[39]Existem ainda algumas questões sobre a visão de Martin Bucer.
[40] D. Ponter hospeda o WebSite www.CalvinandCalvinism.com (veja o index da página), que contem uma larga coleção de citações copiadas das Obras de João Calvino sobre o assunto da extensão da expiação. Foram cuidadosamente postadas em contexto, Ponter provou além de uma dúvida razoável que o próprio João Calvino não abraçou a expiação limitada (particularismo estrito).
[41] De fato, já existiam alguns delegados extremos no Sínodo de Dort da Gelderland e Friesland que rejeitaram indiscriminadamente a oferta do evangelho. Veja Godfrey, Tensions [Tensões], 210; e Thomas,Extent of the Atonement [Extensão da Expiação], 149.
[42] Veja Daniel, “Hyper-Calvinism and John Gill”, 514. Não é pensado que os hyper-Calvinistas foram contra a pregação a todos (contrário a opinião popular). Antes, eles foram contra a ideia que Deus está “oferecendo” Cristo por todos e que pregadores deveriam indiscriminadamente fazer o mesmo (Daniel, Hyper-Calvinism and John Gill, 448-49; e I. Murray, Spurgeon v. Hyper-Calvinism: The Batttle for Gospel Preaching [Spurgeon v. Hyper-Calvinismo: A Batalha pela Pregação do evangelho] [Carlisle, PA: Banner of Truth, 2000], 89).
[43] Note que a extensão da expiação aqui é para ser distinguida do que Calvinistas dizem sobre a intenção de Cristo na expiação e a natureza de sua aplicação.
[44] Alguns sabem sobre a visão de John Howe e Stephen Charnock, por exemplo. Ambos abraçaram uma forma Calvinística de redenção universal.
[45] Com respeito a primeira e segunda categorias, Muller tem observado que a trajetória de Ursinus, Bullinger, Musculus, Davenant, Ussher e Preston é distinta do modelo de Saumur, mesmo embora todos eles abraçaram uma forma de “universalismo hipotético” (veja R. Muller, crítica de English Hypothetical Universalism:John Preston and the Softening of Reformed Theology [Universalismo Hipotético Inglês: John Preston e a Amenizada da Teologia Reformada], por J. Moore, Calvin Theological Journal 43 [2008], 149-50). Ainda mais, em seu Post-Reformation Reformed Dogmatics [Dogmáticas Reformadas Pós-Reforma], 1:76-78, Muller declara que a visão do Amyraldismo é compatível com Dort e com a Confissão de Westminster. De acordo com Muller, então, existia no mínimo três ramos dentro da posição Calvinista, e as discussões correntes que cercam a extensão da expiação raramente reconhece esse fato.

Fonte: Deus Amou o Mundo

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