Pesquisar no blog

quarta-feira, 16 de março de 2016

Porque prefiro a trilogia "Mad Max" ao filme pomposo de 2015


Cena de "Mad Max".

Sempre fui o maior fã da trilogia cinematográfica "Mad Max". Não pela violência, que é uma de suas marcas características, mas pelo fato de, em 1979, o diretor George Miller ter inventado um estilo cinematográfico que viraria um "mito": o gênero "pós-apocalíptico". Nunca antes alguém tinha pensado em algo parecido. É claro que já havia filmes que falavam sobre futuros distópicos, como o cultuado "Ômega Man" ("A Última Esperança da Terra") e "A Máquina do Tempo", baseado no romance homônimo de Julio Verne. Mas, "Mad Max" é uma obra única, em vários sentidos: George Miller criou um retrato fiel do caos que há anos se instaura na raça humana, a despeito de todo avanço tecnológico que experimentamos no último século. Isso está presente no primeiro filme da trilogia original. Max é um policial, cujo amigo, "Goose", após se envolver com criminosos motociclistas nômades, é perseguido e queimado até à morte. Apesar de Max sair da polícia, com medo do que acontecesse à sua família, os caras vão atrás dele, impiedosamente. Tendo perdido tudo, Max põe a cabo sua vingança, perseguindo a gangue nômade de motoqueiros e, por fim, seu chefe, conhecido como "Toecutter", com quem Max tem um desfecho final explosivo.

Cena de "Mad Max".

No segundo, a sociedade já sucumbiu perante si própria, naquela "tempestade de fogo e medo" que varre a humanidade, em uma interminável guerra por gasolina. O filme é realmente parecido com um tipo western, com o relutante herói acabando por ajudar um grupo que entrincheira-se em uma estação de bombeamento de petróleo, no deserto, e que é cercado e atacado impiedosamente por uma horda de motoqueiros e motoristas nômades, sedentos por mais gasolina. A antítese do Homem está registrada em meio ao cenário caótico: o que há de "melhor" e "pior" em nós, ali aparece com aquela inconveniente sensação de que a humanidade está se esvaindo como a areia nas mãos do herói, em uma das cenas finais do longa. 


Cena de "Mad Max II".

E o terceiro, considerado (injustamente) o mais fraco da trilogia original, é totalmente diferente dos demais: embora situado sim num futuro pós-apocalíptico e terminando, como fora nos dois filmes predecessores, com uma corrida alucinante, a simbologia desta última corrida do herói "Max" é diferente do que já fizera. O herói começa o filme levando um "revés", ficando só, sem água, sem comida, sem abrigo, sem carro e o pior, sem combustível. Seco, portanto, como o deserto que o rodeia e sem "nada a perder", envolve-se em uma trama, numa cidade chamada "Battertown", que encontra ao perambular pela "wasteland" ("terra devastada"). É na "Cúpula do Trovão" (nome original inglês do terceiro filme, "Thunderdome"), na cidade de "Battertown", que Max parece selar seu destino.


Cena de "Mad Max II".

Não levando o plano adiante, o herói é banido, vai parar em um canyon paradisíaco, onde moram apenas pré-adolescentes e adolescentes deixados há muito tempo, por adultos que fizeram uma viagem desesperada para encontrarem resquícios de civilização, após a catástrofe nuclear. Os adultos nunca mais voltaram e os meninos permaneceram ali, perdidos no tempo, falando como primitivos, cheios de erros de português; e é quando um grupo decide se aventurar pelo deserto. Max tenta resgatá-los, volta para Battertown e rouba um trem, que servia como plataforma de controle para a extração do gás metano (oriundo de fezes de porcos), que é o que mantém Battertown como cidade. A corrida que se segue é impressionante sob muitos aspectos (há quem diga que a corrida final do II é superior à deste III, mas ambas valem a pena serem vistas).


Cena de "Mad Max III".

Este quarto Mad Max é um filme que destoa completamente da trilogia original. Seco, rápido e com aquela sensação de que vai "do nada a lugar nenhum". Até o niilismo que é bem apresentado na trilogia original, estrelada por Mel Gibson, é esquecida. Sei que o filme ganhou 6 (isso mesmo, seis!) Oscars na última edição do evento, mas, não nos esqueçamos de que foram todos Oscars técnicos. Tecnicamente, o filme é um deslumbre. Mas, "Mad Max" não é só técnica, é um conceito muito bem elaborado: a maior prova de que, em meio a todo o niilismo ansioso que provinha das mentes de diretores como George Miller, que, em plena guerra fria imaginou o que seria a sociedade após uma hecatombe nuclear, a necessidade de "heróis" no meio do caos generalizado ressoaria, e alguém teria de "ouvir". Mel Gibson interpretou um personagem, cuja característica maior é exatamente o nome do filme.


Cena de "Mad Max III".

"Max" torna-se inevitavelmente "Mad", pois os acontecimentos o levam ao limite e, por fim, depois da espiral de loucura e decadência pela qual toda a raça humana é consumida, numa "terra devastada" ("wasteland"), sem família (morta no 1), sem amigos, sem esperança, Max encontra motivos para seguir vivo. Esta é a força da centelha de vida presente em todos os heróis, até nos mais relutantes e improváveis, os quais são capazes dos mais elevados atos de altruísmo e compaixão pelo próximo, pois sem dúvida alguma, sua corrida final visava em última análise o resgate da própria humanidade


Cena de "Mad Max III".

Um comentário:

Adailton Vidal disse...

Eu também vivi no contexto de guerra fria e adoro Mad MAx com o contexto de mundo pos guerra nuclear. Eu diferentemente dos outros meninos de minha época prestava muita atenção nos acontecimentos politicos dos anos 80. Morria de medo quando o Ronald Reagan ia se encontrar com Gorvachev em mais uma tentativa de desarmamento. Lembro que chegava a ficar desanimado e parar de brincar quando via essas noticias. Também, ficava assistindo com 12 anos aqueles programas do globo reporter sobre o que aconteceria com o mundo apos uma guerra nuclear com frases do tipo: "Os que sofrerão menos, serão os que morrerem primeiro".
O clip da Tina Turner é de uma nostaugia tremenda. E o Thunderdome foi o que achei o melhor de todos! Não me interessa o que disse a crítica!

Ofertas Exclusivas!!!!