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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Israel e sua história de tristes conflitos sem fim

CONHEÇA UM POUCO SOBRE OS ETERNOS CONFLITOS QUE PERMEARAM A CRIAÇÃO E
A HISTÓRIA DA NAÇÃO DE ISRAEL



Por Gilfrancisco (Jornalista, escritor e professor universitário)
Adaptado por Artur Eduardo

Todos os povos conheceram guerras. Para os
judeus, a guerra é simbolizada por Armagedon, um lugar mítico, que consta na Bíblia como uma região de desastre, de tragédia. Israel nasceu e cresceu sob o signo de Armagedon, ora no ataque, ora na defesa. Dispersos pelo mundo, desde a diáspora ocorrida no Antigo Império Romano, os judeus eram vítimas do anti-semitismo – movimento de ordem religiosa, política, econômica e radical, que impunha o segregamento material e cultural aos judeus, bem como a limitação de seus direitos de cidadania. A trajetória secular dessa região repleta de conflitos, muitas vezes agravados pelas conjunturas contemporâneas não permite estabelecer um cenário político estável de médio e longo prazo. Um exemplo evidente dessa indefinição e contradições é o confronto entre Israel e a Palestina.

Sionismo – O Estado de Israel bem pode ser considerado a consagração do movimento sionista, que trabalha pelo restabelecimento da soberania política do povo judeu e pelo retorno à terra de seus antepassados. Poucas vezes na história uma utopia voluntária originou uma realização de tamanha importância. O termo “sionismo”, que surge por volta de 1890, refere-se à Sion, colina de Jerusalém sobre a qual foi construído o primeiro templo, e que simboliza a Terra Prometida. Também chamado Mesquita de Omar, é um dos três grandes lugares sagrados do islamismo, segundo a tradição, foi aí que o profeta Maomé terminou sua misteriosa viagem noturna “Louvor Àquele que transportou Seu servo durante a noite, do lugar do culto sagrado (Medina) ao lugar do culto mais longínquo (al-Aksa), de onde lançamos uma bênção sobre os arredores, a fim de lhe mostrar alguns de nossos sinais maravilhosos”.

O sionismo ficou profundamente marcado pelo contexto em que surgiu: o anti-semitismo europeu. E, na realidade, a construção do estado de Israel não se fez tanto contra os árabes da Palestina – ou apesar deles -, mas contra o Ocidente que rejeitava os judeus. Porém como o motivo da imigração judaica e suas referências culturais e políticas se situavam na Europa, a idéia sionista foi considerada estrangeira à religião e vinculada ao colonialismo. As origens do sionismo nasceram num contexto onde aparentemente triunfam as exigências de justiça e de igualdade para todos os cidadãos, que nasce o ideal sionista de “saída” da Europa e de reagrupamento dos judeus na Palestina.

O Estado de Israel – A história dos judeus é marcada por episódios de muita luta e sofrimento: escravidão no Egito, depois na Babilônia, e também a expulsão da Palestina, em 135 d. C. Podemos ainda mencionar as perseguições sofridas durante a Inquisição, na Europa, a expulsão da Espanha e, finalmente, o fato mais terrível, o confinamento nos campos de extermínio nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Esse fato tornou mais dramático as aspirações do povo judeu a um país próprio. Em 1942, os líderes sionistas, reunidos em Nova York sob a direção de Bem Gurion (presidente da Agência Judaica), haviam afirmado a disposição de fundar um Estado independente na Palestina. Entretanto, a Grã-Bretanha, mais do que nunca ansiosa por obter a amizade dos árabes, manteve sua política de bloquear a imigração.

A partir de 1944, as organizações nacionalistas judaicas na Palestina – a Irgun (dirigida por Menahem Begin) e o Grupo Stern (surgido de uma cisão da Irgun) – fizeram atentados terroristas contra a presença britânica. Em novembro daquele ano, Stern assassinou lorde Moyne, ministro britânico para assuntos do Oriente Médio; em julho de 1946, uma bomba da Irgun matou dezenas de pessoas no hotel King David de Jerusalém, onde estava sediada parte da administração britânica. A Palestina contava então com seiscentos mil judeus, contra 1,25 milhões de árabes. Os britânicos continuaram a negar entrada a novos imigrantes, como os passageiros do navio “Exodus” em julho de 1947. Mas, incapaz de restabelecer a ordem, a Grã-Bretanha finalmente decidiu passar o assunto à ONU.

Jerusalém – Estado latino do Oriente Próximo que durou de 1099 a 1291, foi fundado após a tomada de Jerusalém (1099) pelos cruzados, por ocasião da I Cruzada e governada por Godofredo de Bulhões, oficial do Santo Sepulcro, foi definitivamente constituído por Balduínio I, sagrado rei de Jerusalém em 1100. Hoje, centro religioso e local de peregrinação para judeus, muçulmanos e cristãos. Os lugares santos da cidade estão sob a jurisdição das três religiões.
Uma das mais importantes cidades de Israel, Jerusalém constitui um centro administrativo e cultural, contando com bons Museus apresentando uma cidade antiga e bairros modernos a oeste e ao norte. Jerusalém é um dos grandes centros acadêmicos de Israel. Nela se situa a Universidade Hebraica, que possui modernas instalações, bem como outra importante instituição educativa e cultural que é a “Academia de Artes e Design Bezalel”.

Situada a oeste do Mar Morto a cerca de 50 quilômetros do Mar Mediterrâneo, a 785 metros acima do nível do mar, é rodeada por vales, apresentando um clima seco e quente. A chamada “Cidade Antiga” é uma área em forma retangular rodeada por uma muralha mandada construir em 1538 ou 1542 pelo sultão Solimão, O Magnífico. Oito portões permitem o acesso à cidade antiga. Ela é o centro histórico de Jerusalém e nela se concentram os principais locais sagrados. Está dividida em quatro partes: a judaica, a cristã, arménia e a muçulmana. O bairro cristão ocupa a parte noroeste e o seu monumento principal é a Basílica do Santo Sepulcro. Ao sudoeste encontramos o Portão Novo, partilhando o Portão de jafa com o bairro arménio e o Portão de Damasco com o bairro muçulmano. A população que habita a parte Oriental é árabe, enquanto que a maioria dos habitantes da parte Ocidental de Jerusalém é judia. Sua população de aproximadamente 750 mil habitantes, a maioria dos quais são judeus.

Israel e a ONU – Nas Nações Unidas, a causa sionista encontrou o apoio dos Estados Unidos, desejosos de não ofender a poderosa comunidade judaica americana, e da União Soviética, que via nisso a oportunidade de afastar a Grã-Bretanha do Oriente Médio. Em 29 de novembro de 1947 foi aprovado pela Assembléia Geral – presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha – um plano de partilha que previa a criação de dois Estados, um judeu e outro árabe, e a internacionalização de Jerusalém sob o controle da ONU. O plano foi rejeitado pelos países árabes, aceito timidamente pela França e criticados pela Grã-Bretanha, que anunciou para 15 de maio de 1948 o fim de seu mandato sobre a Palestina. Enquanto a Haganah organizava febrilmente a defesa dos judeus, personalidade como Golde Meir foram aos Estados Unidos para recolher fundos juntos à comunidade israelita. A 14 de maio, Bem Gurion (foto à direita) proclamou a criação do Estado de Israel.

No dia seguinte, os exércitos da Liga Árabe passaram ao ataque. Os israelenses pareciam liquidados, mas se beneficiaram do apoio incondicional dos judeus do mundo todo, cujo auxílio financeiro lhes permitiu comprar armas. A partir de julho, as forças israelenses tomaram a ofensiva, rechaçando os exércitos inimigos e ocupando a maior parte do território reservado aos árabes no plano de partilha da ONU.

Ben Gurion – A figura de David Bem Gurion (1886-1973- "filho do leão", segundo o pseudônimo que ele próprio escolheu), está indissoluvelmente ligada à luta pela criação e pela defesa do estado de Israel. Nascido na Polônia, Bem Gurion emigra para a Palestina em 1906, na segunda aliá dos pioneiros-socialistas. Em 1909 ele funda o Hashomer (A Sentinela), a primeira força de autodefesa judaica. Bem se impõe por seus talentos de orador e sua combatividade na liderança do Mapai, o partido trabalhista. Em 15 de maio de 1948, é ele quem lê a proclamação do Estado de Israel e torna-se seu primeiro dirigente (1948-1953).Partidário da política do fato consumado, ele se opõe ao retorno dos refugiados palestinos e a qualquer concessão. Convencido de que Israel não pode impor a paz aos árabes a não ser pela força, dá início à doutrina da ação preventiva e das represálias sistemáticas contra as infiltrações dos fedayin. Jerusalém ficou dividida em dois setores. Os bairros ocidentais foram ocupados por Israel, que não reconheceu a internacionalização proclamada pela ONU, e a Cidade Velha, na parte oriental passou para a Jordânia.



Conflito – Delimitado pelo amistício de 1949, Israel ampliou seu território, a partir de 1967, através da ocupação da faixa de Gaza, da Cisjordânia, da parte oriental de Jerusalém e das colinas de Golan (mais de 7.000 km² no total). Do Mediterrâneo ao Vale do rio Jordão e ao mar Morto sucedem-se estreita planície costeira e vasta região de colinas. Por três vezes, depois de 1949, o país esteve em guerra. Em 1956 houve a campanha do Sinai (29 de outubro) da qual participaram forças anglo-francesas. Em 1967, quando o Egito fechou a Israel o estreito de Tiron e firmou alianças militares com a Jordânia e o Iraque, ameaçando Israel, eclodiu a Guerra dos Seis Dias (5 a 10 de julho), marcada pela vitória rápida de Israel, que ocupou o Sinai, Jerusalém, a Cisjordânia e as colinas de Golan.

A partir de então, o problema desses territórios dominou a diplomacia do oriente Médio e culminou na Guerra do Yom Kippur (outubro de 1973). Foi vencida por
Israel, que ficou um pouco mais isolado dentro da ONU. Em 26 de março de 1979 foi assinado um tratado de paz entre Israel e Egito que previa a desocupação e devolução do Sinai e a concessão de certa autonomia a Gaza e aos territórios ocupados em 1967, na Cisjordânia. Em 1981, por decisão unilateral, a Knesset decidiu, por motivos de segurança, anexar às colinas de Golan, na Síria foi devolvido ao Egito. Israel envolveu-se no conflito do Líbano, mas o governo, a partir de 1984, empenhou-se em acordos para a retirada de suas tropas. Desde então, intensificou-se a atividade terrorista em Israel, acelerando a retirada das tropas de ocupação do Líbano, em junho de 1985.

Acordo de Paz - As pressões da comunidade internacional e os êxitos diplomáticos da OLP –
Organização para Libertação da Palestina após a proclamação do Estado da Palestina (novembro de 1988) levaram Israel a propor (maio de 1989) uma iniciativa de paz que previa a eleição de representantes palestinos nos territórios ocupados, encarregados de encaminhar negociações com o Estado hebreu. A inércia política provocou dissensões internas no governo e gerou uma nova crise.

Durante a guerra do Golfo, Israel teve seu território atacado por mísseis iraquianos e, pressionado
pelos EUA, decidiu não revidar. Após o final da guerra, os EUA empenharam-se em realçar o processo de paz árabe-israelense, apesar da insistência de Israel em reafirmar seu direito de colonizar os territórios ocupados. Apesar das dificuldades, o processo de paz apresentou progresso, sustentado por uma forte vontade política tanto de Israel quanto da OLP. Em maio de 1994, Rabin e Arafat assinaram, no Cairo, um acordo sobre a aplicação da autonomia na faixa de Gaza e no enclave de Jericó, que logo entrou em vigor.

Enquanto Israel e a recém constituída autoridade Nacional Palestina (presidida por Yasser Arafat),
conversavam sobre a efetivação do acordo de paz, radicais de ambos os lados espalhavam o terror através de atentados. Em novembro é assassinado Izhak Rabin por um extremista judeu colocou em risco o processo de paz no Oriente Médio. O chanceler Shimon Peres assumiu o cargo de primeiro-ministro e prometeu dar continuidade às negociações com a Autoridade Nacional Palestina.

Judaísmo – Entre a religião cristã e islâmica, o judaísmo é a mais antiga das três. Segundo a Bíblia, Deus chamou Abrão, mudou seu nome para Abraão e estabeleceu com ele uma aliança. Como sinal dela, todos os homens seguidores da fé judaica deveriam fazer a circuncisão. A obra de Abraão foi completada por outro líder Moisés, o qual deu ao povo judeu um código de leis que inclui de noções teológicas a hábitos alimentares e sexuais. As leis estabelecem a idéia de monoteísmo (a crença num só Deus). Deveriam ainda evitar trabalhos aos sábados, celebrar festas como a Páscoa e não tocar em animais considerados impuros, como o porco.
Os judeus tiveram uma história política agitada. Depois de um período de esplendor com o rei Salomão, foram dominados por vários povos, como os assírios, os persas e os romanos. E rebelaram-se sempre contra o domínio estrangeiro, guardando firme a idéia de que era um “povo eleito”, ou seja, uma nação que Deus escolhera de forma especial sobre a terra. Por isso, os judeus nunca foram missionários, não procuraram espalhar a religião judaica. O judaísmo soma hoje no mundo mais de vinte milhões de adeptos.

Literatura – Muito antes do nascimento do Estado de Israel, diversos escritores, oriundos, sobretudo da Europa central e da Rússia, contribuíram para o desenvolvimento da literatura israelense, adaptando o hebraico ao mundo moderno. Os termos hebreus e hebraicos referem ao povo de Abraão e à língua do Velho Testamento. A escolha do hebraico como língua nacional pelo movimento sionista realça sua filiação histórica e a legitimidade de suas reivindicações sobre a terra da Bíblia. Ela é o documento mais antigo que se tem sobre os judeus, coincide com a sua mais antiga produção literária. Apesar ter sido produzida em diferentes épocas, nem sempre perfeitamente determinada, o de ter sido escrita por diversos autores, muitos anônimos, o ter sido também trabalhada original e posteriormente em mais de uma língua, todas essas circunstâncias lhe emprestam um caráter mítico.

Por exemplo, o poema épico “Jerusalém Libertada” de T. Tasso dividido em 20 cantos, com 15.000 versos distribuídos em oitavas, conta a tomada de Jerusalém pelos cavaleiros cristãos da I Cruzada (1009). Ao relato da I Cruzada, mesclam-se episódios romanescos com a paixão de Hermínia por Tancredo e a morte de Clorinda. Tasso realizou nessa obra a fusão de uma epopéia nos moldes de Virgilio com a matéria típica das canções de gesta e da poesia cortês da Idade Média.

A literatura israelense propriamente dita iniciou-se com os escritores da geração do Palmah, cujas obras eram centradas nos problemas do “kibutz (estabelecimento agrícola de caráter coletivo), nas lutas pela fixação judaica na Palestina, no movimento sionista-socialista: S. Yizhar, A. Meged, M. Shamir, N. Shalam. Depois da guerra os escritores ditos “da geração do Estado” dedicaram-se a descrever a nova sociedade. O não-conformismo da época não impediu que se desenvolvesse uma literatura mais tradicional com N. Al-terman, A. K. Bertini, Leah Goldberg. Outra corrente literária reuniu Amichai, David Avidan, T. Carmi, N. Zach e Dan Pagis, cuja poesia se voltou para a melancolia do cotidiano e para a solidão do homem.


A imagem contraditória dessa literatura foi representada pela nostalgia do “Paraíso Perdido” do Kibutz e a contestação, a busca de raízes e do universal, a continuidade e a ruptura das tradições poéticas. Nesse sentido, a literatura israelense dos anos 60-70 acompanhou a evolução da literatura ocidental, submetendo-se, sobretudo à dominação da cultura anglo-americana. Entre os autores mais importantes do período citam-se Pinhas Sadeh, Y. Ratosh, Daliah Ravikovitz, A. B. Yehoshua.

A grande Diáspora (a dispersão do povo judeu pelo mundo) foi um período de intensa produção literária e científica dos judeus, mas também de grandes dores, como a perseguição da Igreja e dos Estados católicos e os horrores do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (foto de mortos do holocausto).


Fonte: Informe Sergipe


Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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