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terça-feira, 11 de março de 2008

O quê todo mundo já sabe... mas, nunca é de menos frisar

"VIOLÊNCIA É ATRATIVO PARA JOVENS SEM FUTURO", DIZ ESTUDO. ABAIXO, NÚMEROS DE UMA OUTRA PESQUISA RECENTEMENTE FEITA (E POUQUÍSSIMO DIVULGADA) DO INST. AYRTON SENNA, UNICEF E FUNDAÇÃO ITAÚ MOSTRA QUE "A VIOLÊNCIA ENVERGONHA OS JOVENS", E NÃO HÁ SINAL DE MELHORIAS SOCIAIS À VISTA




A pesquisadora Thais Cardinale Branco, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) estabeleceu a relação da violência com o comportamento e os valores de jovens que vivem em bairros da periferia de São Paulo. Segundo ela, a violência é um atrativo. Armas, drogas e homicídios tornam-se sedutores para jovens que vivem em condições sem perspectiva diante da pobreza do meio em que vivem. Mais do que o retorno financeiro, a expectativa é de que a escolha pelas atividades ilegais seja uma maneira de adquirir respeito e admiração.

Thais conviveu durante dez anos com a população de um bairro de baixa renda da periferia e traçou um paralelo entre a valorização de símbolos ligados à violência entre os jovens da comunidade. "O principal interesse da minha pesquisa foi verificar como os jovens que habitam a periferia pobre da cidade de São Paulo legitimam a violência", explica a pesquisadora.

Honra e masculinidade
Apesar da condição financeira, os fatores que levam os jovens, de modo geral, a valorizarem a violência são a defesa da honra (em resposta a humilhações ou mesmo a pequenas situações sentidas como ofensivas), enaltecimento da identidade masculina (sendo que grande parte deles foi criada sem a figura paterna, em situação de abandono), obter respeito e admiração de amigos, parentes e até figuras da sociedade (ainda que de forma inversa, ao sentir medo), fidelidade (defesa do grupo a que pertence), demonstrar competência de agressão, proteção de entes queridos, além de ocultamento ou compensação de déficits sentidos como vergonhosos.

A junção desses valores e a variação deles em cada caso (cada história de vida) justificariam e validariam o recurso à violência na visão de parte destes jovens.

"Assim como todos os jovens, a questão da afirmação social pesa muito e a necessidade de evitar a rejeição social naquele grupo ao qual pertencem é muito grande", analisa o sociólogo Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz.

Ele explica que da mesma forma que adolescentes da classe média tentarão se impor ao usar roupas de grife e burlar a vigilância dos pais para pegar sair com o carro, nas camadas mais pobres, a referência para esses jovens está ligada a quem tem poder no local em que vivem, geralmente os traficantes.

"Esses jovens se inspiram no modelo que têm, já que muitas vezes não têm referência mais forte de pais ou mães", observa Gonçalves da Cruz. "A questão econômica não é determinante, senão veríamos regiões muito pobres como o interior do Piauí com os mais altos índices de criminalidade e violência, quando concentram-se nas metrópoles."

No meio em que vivem, o convívio no mundo violento de brigas, tiroteios e cadáveres, muitas vezes dessensibiliza os adolescentes e repercute na formação de seus valores.

O comportamento agressivo também é associado a uma forma de defesa, explica Thaïs. Mesmo que a pessoa não pratique de fato a violência, recorre à postura e a expressões agressivas, roupas escuras e imagens ameaçadoras. Para a pesquisadora, há, na história de vida desses jovens, ausência paterna, maus tratos e falta de quem pôde se dedicar suficientemente a eles na infância.

"Os jovens que vivem em comunidades carentes e em situação de risco são os que estão mais sujeitos ao que chamamos de desestruturação social múltipla, na mesma proporção em que se tornam pontas-de-lança da disseminação da criminalidade violenta", explica Márcio Lázaro, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).


"Violência envergonha os jovens", diz pesquisa


Por Júnia Oliveira e Fábio Fabrini
Adaptado por Artur Eduardo


Eles saíram das fraldas não faz muito tempo, representam 10% da população brasileira e, consenso nacional, são o futuro da pátria. Mas, afinal, o que têm na cabeça? A resposta está em estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Itaú Cultural. A pesquisa Adolescentes e jovens do Brasil: participação social e política, feita pelo Ibope, mostra que as riquezas naturais e o futebol são as principais fontes de orgulho dessas 17,9 milhões de pessoas. Em contrapartida, a segurança pública (violência) e os políticos são os maiores motivos de vergonha. Em geral, a rapaziada sabe muito bem apontar os problemas sociais do país, mas não como resolvê-los. Para os especialistas, falta à juventude educação e consciência crítica.

O levantamento foi feito por amostragem, com 3.010 jovens, de 15 a 19 anos, de 206 cidades de todos os estados (veja quadro na página 26), inclusive Belo Horizonte. Eles responderam a questionários entre 11 e 18 de julho do ano passado. Mas só na quarta-feira os dados foram divulgados, numa solenidade em Brasília. Primeiro, os entrevistados desenharam um Brasil bonito. As belezas do país foram exaltadas por 15%, seguidas pelo futebol (10%), o ensino (6%), o povo (5%) e, em seguida, o tema esporte/jogadores/seleção (4%). O Brasil feio, digno de decepção, refere-se à violência, citada por 20%, aos políticos (20%), à corrupção dos políticos (9%), à corrupção de forma genérica (8%) e ao desemprego (7%). Enquanto 11% não sabem do que se orgulhar, apenas 1% não sabem do que ter vergonha.

Os jovens também disseram quais as principais fontes dos problemas sociais. Nesse quesito, puderam apontar causas múltiplas. A falta de segurança foi apontada por 52%, seguida da corrupção na política (51%), da situação instável dos empregos (43%), da discriminação racial (38%) e da grande diferença entre ricos e pobres (28%). Anote-se que, questionados sobre qual contribuição poderiam dar para minimizar a violência, a maioria se retira de campo. Nada menos que 44% não opinaram. Outros 12% disseram que em nada podiam ajudar.

Mídia

Para a diretora-executiva do Instituto Ayrton Senna, Margareth Goldenberg, falta à geração uma compreensão maior do que se passa com eles e a sociedade brasileira em geral. Ela explica que as respostas são influenciadas pela vivência, mas muito pelas notícias veiculadas na mídia, o que favorece uma visão estereotipada da realidade, despida de participação e engajamento em causas importantes. “Eles sabem os problemas que têm, mas não se vêem como agentes de mudança. Normalmente, o outro, seja o governo ou a polícia, é que deve assumir esse papel”, afirma, citando outros dados da pesquisa.

A participação política é vista como praga por boa parte dos ouvidos. Nada menos que 41% dizem que ela deve ser evitada. Para 44%, muda os jovens para pior. Além disso, 47% acreditam que o meio político é contaminado e o ideal é buscar outros canais de interferência social.

O contraste fica claro, quando analisadas as respostas de um grupo mais instruído. Cem jovens paulistas, que participam do Programa SuperAção, do Instituto Ayrton Senna, foram entrevistados paralelamente. O projeto é desenvolvido nas escolas e os leva a identificar problemas nas suas vizinhanças e a sugerir soluções. A política passa a ser boa opção para 91% e, para 75%, é capaz de mudá-los para melhor. A maioria lê nas horas livres, ao passo que, no outro grupo, a TV é o maior passatempo.

Para Margareth, a solução é a criação de políticas públicas capazes de desenvolvê-los integralmente. A escola, segundo ela, tem sido espaço da educação formal, mas deixa de lado aspectos importantes, como a profissionalização, a inclusão no mercado de trabalho e o aproveitamento das horas livres. “Fora da sala de aula, deve-se ocupar o jovem com esporte, arte, cultura e inclusão digital, para que ele seja útil e se desenvolva. Se isso não é feito, essa lacuna será ocupada por atividades destrutivas”, alerta.

Fontes: Terra On-line, U@I Estado de Minas

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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