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quinta-feira, 29 de maio de 2008

"E o salário, ó"

NO BRASIL, É EXTREMA A INSATISFAÇÃO DOS PROFESSORES COM OS SEUS (BAIXÍSSIMOS) SALÁRIOS...


Os professores brasileiros, com exceção apenas de seus colegas uruguaios, são os mais insatisfeitos com seus salários, segundo um relatório divulgado ontem pela Unesco, no comparativo entre 11 países em desenvolvimento. No estudo, 83% dos alunos do ensino primário (equivalente, no caso brasileiro, aos quatro primeiros anos do ensino fundamental) estão em classes cujos docentes se declararam insatisfeitos com os salários.

O relatório também mostra, como já evidenciado em outros estudos da Unesco, que as taxas de repetência no ensino primário no Brasil destoam, e muito, das de outros países.

No Brasil, a repetência chega a 19% dos alunos no ensino primário, mais que o dobro da verificada no segundo país com maior percentual, o Peru, com 8,8%.

O estudo da Unesco, intitulado "Um Olhar para o Interior das Escolas Primárias", faz parte do programa WEI (sigla, em inglês, de Indicadores Mundiais de Educação), que monitora a educação em países em desenvolvimento.

Duplo emprego
Sobre o alto grau de insatisfação dos professores brasileiros com seus salários, o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, destaca outro dado do relatório, que mostra que o percentual de alunos cujos professores trabalham em mais de uma escola chega a 29% no Brasil, o maior entre todos os países analisados.

Não por acaso, os outros dois países com maiores percentuais nesse quesito são Argentina e Uruguai, onde igualmente o nível de insatisfação com o salário chega a mais de 80%. "Todo mundo que trabalha sabe que uma dupla jornada afeta o desempenho. Isso tem certamente impacto em sala de aula", diz Defourny.

A professora Sandra Aparecida Martins Ferreira, 38, concorda. Ela leciona tanto na rede estadual quanto municipal na zona leste de São Paulo. As nove horas e meia de trabalho diárias lhe rendem ao final do mês R$ 2.200.

"É muito pouco, considerando o desgaste que temos. Os alunos vêm cada vez mais com problemas familiares e nós não conseguimos desenvolver o que desejamos. É frustrante", diz Sandra, que dá aulas para estudantes de 1ª a 4ª séries.
Fonte: Folha On-line

NOTA: Ao que tudo indica, esta situação se perpetua propositalmente. Uma "geração estúpida", para citar o livro do artigo anterior, é criada, moldada, para andar como gado para um matadouro. E o pior: as pessoas com uma falsa consciência de ´liberdade´ e de ´aprendizado´. Com populismos, demagogias, falta do estabelecimento de uma classe governamental que realmente se importe com as pessoas, mudar este quadro será praticamente impossível. Coitados dos professores (e sou um deles...), que vêem cada vez mais seu trabalho, esforço e dedicação serem reconhecidos cada vez menos...

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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