Por Percival Puggina (o autor é arquiteto, político e escritor)
Adaptado por Artur Eduardo
Sendo a pessoa humana um ser naturalmente religioso, resulta infrutífero esquadrinhar a história com as pinças do ateísmo. Dificuldade semelhante à que tem o analfabeto em entender a ciência, tem o ateu em compreender a alma das civilizações, posto que são as religiões e a fé que lhes dão muitos de seus influxos mais vitais.
Rodeada de episódios controversos, como os sonhos que antecederam as batalhas de Saxa Rubia e da ponte Mílvio, relatados por Constantino ao historiador Eusébio de Cesaréia (retrato, à esq. - grifo nosso), a lenta e tumultuada conversão do imperador romano é parte importante da história do Ocidente. Com efeito, após 250 anos de perseguições quase ininterruptas, em que o “sangue dos mártires adubou a sementeira da fé” (vd. a obra "A cruxificação de Pedro", de Caravaggio, à dir. - grifo nosso), o Cristianismo foi deixando as catacumbas para se tornar religião do Império. Seja na lenda, seja no fato, foi Constantino que buscou a vitória e a unidade na Igreja e não a Igreja que buscou sua vitória e sua unidade no Império. Aliás, a divisão romana logo se tornaria definitiva e o Império caminhava para o ocaso.
Quando Odoacro (no retrato, abaixo, recebendo as insígnias de Roma, pelo último imperador do império no Ocidente, Rômulo Augusto - grifo nosso), em 476, enrolou as insígnias de Roma e as enviou a Constantinopla, encerrava-se uma ficção. O Império Romano do Ocidente já estava extinto. Alarico entrara na capital em 410 e tribos bárbaras desfilavam pela cidade havia muitos anos (por isso, no fim da IIª Guerra, ao verem os ianques entrar em Roma, diziam os italianos: “Todos os bárbaros já estiveram aqui, só nos faltavam os peles-vermelhas”...).
Com a ruína do Império inicia-se, para as instituições, uma longa noite de muitos séculos. E não houve estadista destacado que não expressasse, bem ou mal, o sonho da reconstrução da unidade ocidental, de que a Igreja permaneceu como sinal vivo e eficaz. Compreender o Ocidente implica, então, mergulhar naqueles abismos iniciais em que o Cristianismo agiu como fermento e salvaguarda dos valores nucleares da civilização. Observa Daniel-Rops que essa extensa jornada iniciou na noite de Natal do ano 499, quando Clóvis vergou-se sobre a pia batismal (retrato medieval de Clóvis sendo batizado, abaixo - grifo nosso). Começava a conversão dos bárbaros e se decidia, ali, o destino do Ocidente - o nosso destino.
Nos séculos que se seguiram, a Igreja, quisesse ou não, foi o fiel da civilização. Como regra, não era ela que buscava o poder político, mas era este que a buscava, por sua supremacia cultural e moral, bem como pelo que sua unidade significava para o disperso poder temporal. E ainda bem que foi assim! Quem percorre a Europa encontra, em cada canto e recanto, as homenagens dos povos aos admiráveis bispos medievais. Em nome do “carpinteiro galileu”, esses faróis da história os conduziram em meio às trevas como guardiões do passado, a caminho do Reino definitivo.
Fonte: Mídia Sem Máscara
NOTA: Acrescentaria, às palavras de Puggina, a ´guinada´ extraordinária dada à Ciência, por pensadores de países cristãos, em especial os que adotaram os preceitos da Reforma, no século XVI. Nesta época de humanismo não-secular, as ciências e as artes foram especialmente privilegiadas, e o livre-pensar difundiu-se por toda a Europa, levando aos avanços em diversas áreas do saber, até certo ponto estagnadas pela opressão da então combalida Igreja Romana. Como diz o autor Phillip Johnson, na contr-capa do livro "A Alma da Ciência", de Nancy Pearcey e Bill Thaxton, "... a aliança entre ateísmo e ciência é uma aberração temporária e que, longe de haver sido inimigo da ciência, o teísmo cristão desempenhou e continuará a desempenhar um importante papel no crescimento da compreensão científica.".
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Um comentário:
nah...
A ciência se ´´aliou`` ao ateísmo pois não se encontrou provas científicas sobre a existência de Deus. É apenas um raciocínio lógico. Não há provas que confirmem a existência desse ser divino que a bíblia fala.
Religiosos seguem a fé, que basicamente é acreditar em alguma coisa sem precisar de provas. Já os cientistas precisam de confirmações racionais por métodos científicos que provem uma certa teoria.
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