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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Curioso artigo sobre assuntos étnicos delicados, e uma crítica pertinente à cultura tupiniquim

"GUERRA, PAZ E HUMOR"


Por Lucas Mendes

"Você conhece aquela do judeu, do muçulmano e do cristão? Então vai conhecer. Os três entram em um palco, dançam no deboche como irlandeses e a platéia vem abaixo.

Sério. Um dos sucessos no mundo da Stand Up Comedy, um gênero de comédia que ainda não pegou no Brasil, é o trio formado por Bob Alper, um rabino de 63 anos ainda na ativa; o cristão Nazareth Rizkallah, que mora na Califórnia, onde o sobrenome é pronunciado Smith; e o muçulmano Azhar Usman, de 32 anos, que trocou a advocacia pelo palco, mas acha que a ex-profissão é mais engraçada.

"Não sei se as pessoas me detestam mais porque sou advogado do que muçulmano", diz Azhar Usman. O rabino e o muçulmano já estão juntos há muito tempo e fazem shows em clubes, sinagogas, mesquitas, universidades, enfim, em qualquer lugar que pague.

"Aqui eles me odeiam por causa da minha religião e da minha profissão", diz Azahr, "mas no Oriente Médio eles me odeiam só porque sou americano. É melhor.". O rabino Alper foi o primeiro judeu que obteve um doutorado do Seminário Teológico de Princeton e, quando não está nos palcos, cumpre todo ritual religioso, da circuncisão ao sermão. Quando seus fiéis riem na sinagoga, ele se sente abençoado.

Alpert conta que na universidade local, em Vermont, hebraico, russo e alemão ficam no mesmo prédio do Departamento de Línguas Semitas e anti-semitas. Platão dizia que até os deuses amam piadas e o departamento de factóides religiosos esclarece que há 42 referências ao riso na Bíblia.

Azhar Usman nos informa que o profeta Maomé tinha ótimo senso de humor e que no Hadith, a coleção de pensamentos e eventos do profeta com seus discípulos, há varias passagens do líder sorrindo ou às gargalhadas.

No cinema e nos palcos
Neste começo de verão americano há uma gorda safra de entretenimento e filmes que combinam humor, guerras e etnias. War Inc., estrelado por John Cusack, é uma sátira sobre política e privatização da guerra. O cenário é o Turaquistão, um país fictício para lá de Bagdá, ocupado por uma empresa dirigida por um ex-vice-presidente americano que está disposta a faturar a qualquer preço. Se Dick Cheney gostar, já é lucro.

Zohan vai faturar milhões. Adam Sandler é um superagente israelense que decide largar tudo para ser cabeleireiro no bairro de Queens, em Nova York, onde entra em contato agressivo e afetivo com várias etnias.

E há o extraordinário músico e percursionista paulista Cyro Baptista, que faz um show sem nenhuma ambição cômica, mas provoca gargalhadas no final com sua versão sobre seu novo CD e o início da colonização do Brasil.

O CD ia se chamar Antropofagia, mas a gravadora vetou porque aqui fora ninguém sabe o que é. Ganhou o poético titulo Banquete dos Espíritos, mas Cyro, talvez inspirado em Stanislaw Ponte Preta, explicou no palco nossa antropofagia.

Um dia o rei português abriu suas prisões e mandou todos os judeus para o Brasil. Quando viram aquelas índias peladas, virou uma orgia infernal. O rei disse "basta" e mandou uma comissão chefiada pelo bispo Sardinha moralizar a colônia. O barco do bispo "capotou" perto da praia e ele virou churrasco.

Desde então o Brasil devora o que vem de fora: revolução americana, francesa, russa, existencialismo, modernismo, rock, hip hop, Hollywood. Tudo que chega a gente traça. Por isto nós somos assim. Canibais ecumênicos.".



O autor é jornalista correspondente da BBC

Fonte: BBC




NOTA: Apenas acrescentaria as seguintes palavras ao último comentário do autor: "Desde então o Brasil devora - sem qualquer tipo de reflexão - o que vem de fora...". Por falar nisto, tanto nós quanto os ´gringos´ deveríamos refletir mais sobre a Bíblia. Ela tem mais do que referências ao humor e à paz.

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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