Adaptado por Artur Eduardo
Pesquisas de opinião nem sempre conjugam realidade e percepção. O que é visto e ouvido no cotidiano dos cidadãos não necessariamente combina com o resultado das pesquisas. Por isso, não raro causam estranheza, despertam inconformismos, dão margem a diferentes interpretações e freqüentemente as discrepâncias levantam suspeitas quanto aos métodos e objetivos das consultas.
Neste aspecto, a pesquisa divulgada ontem pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que aponta os partidos como as instituições com o menor grau de confiabilidade entre os brasileiros, pode ser vista como exceção, pois inquestionavelmente combina o que ocorre na realidade com a percepção que tem dela a sociedade.
Os partidos conseguiram ficar abaixo do Poder Legislativo - estadual, municipal e federal - na lista de instituições menos confiáveis. Simplesmente 72% dos cidadãos não confiam nas agremiações responsáveis pela eleição dos representantes populares, encarregadas também do embate diário entre as forças políticas no Parlamento.
É de se lamentar em nome da consistência da democracia, mas é de se registrar também, a bem dos fatos, o quanto suas excelências fizeram por merecer tão desonroso posto.
Note-se que os entrevistados não julgaram a conduta individual dos políticos e ainda conferiram índices menos piores às Assembléias Legislativas, às Câmaras Municipais, ao Senado e à Câmara dos Deputados. Estão todos no vermelho, junto com as prefeituras e os empresários (não por coincidência parceiros constantes em escândalos de desvio de dinheiro por meio de convênios ou emendas ao Orçamento), mas os partidos amargam um definitivo último lugar.
E por quê? Basicamente porque se comportam como entidades à parte das leis dos comuns e atuam de costas para a sociedade. Como podem ver na pesquisa, tal conduta não passa despercebida nem sai de graça.
Não merecem respeito entidades que aceitam malfeitores em suas fileiras em troca de votos ou dinheiro; que acobertam todo tipo de falcatruas de seus filiados; que se acham no direito de calar quando seus governantes se envolvem em escândalos; que se vergam à vontade do Executivo; que reagem contra decisões saneadoras da Justiça; que se recusam a reformar a política.
Não são dignas de confiança agremiações que fazem todo tipo de acordo espúrio no Parlamento em nome de seus interesses, deixando de lado o dever conferido a elas pelo eleitorado.
Acabou de acontecer na CPI dos Cartões Corporativos, mas já havia acontecido quando da absolvição de parlamentares infratores do decoro e acontece diariamente nas articulações nebulosas invariavelmente traduzidas por uma versão mentirosa.
Uma hora o PT passa a mão na cabeça de seus transgressores, na outra o PMDB se solidariza com um ex-governador acusado de chefiar quadrilha e o PSDB fica quieto ante o afundamento do governo do Rio Grande do Sul sob os escombros de denúncias de corrupção. Isso para não falar das pequenas legendas sempre à venda no mercado do fisiologismo perfeitamente constituído.
E, por favor, convém aos partidos olhar em seus espelhos antes de cederem à ousadia de classificar a pesquisa como um ato de afronta à democracia.
Fontes: Yahoo, Associação dos Magistrados BrasileirosNOTA: Na mesma pesquisa, as Forças Armadas aparecem com 79% de confiabilidade, liderando o ranking. A seguir vem a Igreja, com 72%. Em terceiro lugar ficou a Polícia Federal, com 70% de aprovação. Segundo o Yahoo Notícias, "de acordo com a pesquisa, a confiança na Igreja Católica, na Igreja Evangélica, na Justiça, nos governos e nos Partidos Políticos diminui conforme cresce o grau de escolaridade. Já o nível de confiança dos brasileiros nos empresários é maior entre os que têm formação universitária do que entre os que estudaram até a 4ª série do Ensino Fundamental.". O que fazer, diante de tudo isso?.... Bem, no mínimo, fazer coro com João Alexandre, neste que já é um clássico da música cristã evangélica brasileira.
Pr. Artur Eduardo
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