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quinta-feira, 10 de julho de 2008

Folha acusa Globo de "privilégio" na obtenção de notícias

FOLHA DE SÃO PAULO ACUSA REDE GLOBO DE SER ´PRIVILEGIADA´ COM INFORMAÇÕES PRÉVIAS SOBRE OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL. REPÓRTER DA GLOBO SERÁ CONVOCADO A DEPOR NA POLÍCIA FEDERAL, SEGUNDO A FOLHA ON-LINE, NO INQUÉRITO QUE INVESTIGA O VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES DA ´OPERAÇÃO SATIAGRAHA´



A informação de que o repórter Cesar Tralli (foto), da Rede Globo, será chamado a depor em inquérito da PF que investiga o vazamento de informações da Operação Satiagraha, levou o diretor-executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel, a divulgar nota nesta quinta-feira.

Kamel abre a nota desafiando a Folha Online a provar que Tralli teria um parente na cúpula da PF; rejeita a informação de que a Globo "obteve acesso exclusivo" às prisões e ainda afirma que o ministro da Justiça, Tarso Genro, teria sido "injusto" ao se desculpar com as emissoras que levaram o "furo" sobre a operação.

A informação de que Tralli será chamado a depôr foi antecipada hoje pela Folha Online.

Veja a íntegra da nota do diretor da Globo:

1) É absolutamente falsa a afirmação do repórter segundo a qual o jornalista César Tralli tem um parente de primeiro grau na cúpula da Polícia Federal. Nem de primeiro, nem de grau algum. Nem na cúpula da Polícia Federal, nem em nenhum dos seus diversos departamentos. Cabe agora à Folha Online provar a seus leitores que não mentiu ou se desculpar pela informação mentirosa; (nota da Redação: a Folha Online mantém todas as informações publicadas).

2) É equivocada também a afirmação de que a Globo "obteve acesso exclusivo ao momento das prisões e também pôde filmá-las". A TV Globo não "obteve" nada; deu um furo, depois de meses de trabalho, e graças à credibilidade de que dispõe na sociedade e em múltiplas fontes de informação nas três esferas do Poder Público. A TV Globo também não obteve autorização alguma para filmar a ação. A Constituição Brasileira, no artigo 5º, inciso XIV, estabelece claramente que "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional". Portanto, a TV Globo jamais pediria autorização à autoridade policial para filmar uma ação que estivesse sendo presenciada por ela. A Folha, e qualquer jornal sério, fariam o mesmo;

3) Graças ao mesmo artigo da Constituição, a TV Globo jamais revelará os diversos passos que a levaram a dar o furo de reportagem sobre a operação da Polícia Federal;

4) O repórter Cesar Tralli, um dos mais respeitados do jornalismo brasileiro, dispensa defesas; os furos que dá, ambição de todo jornalista, são fruto de seu talento, de sua credibilidade e de trabalho árduo;

5) Sobre o pedido de desculpas do Ministro da Justiça às demais emissoras por não terem sido "avisadas" da operação policial, a TV Globo entende que ele foi injusto com todos. Com a TV Globo, por confundir um furo, conseguido graças a um minucioso trabalho de reportagem, com um aviso. Com as demais emissoras, por acreditar que elas só sejam capazes de dar furos se, antes, forem "avisadas". Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo.

Entenda o caso
O jornalista Cesar Tralli, da Rede Globo, será chamado a depor na sindicância da Polícia Federal que apura supostos abusos policiais na Operação Satiagraha, bem como o vazamento de informações da ação. Foi Tralli quem comandou a cobertura do caso para a Globo.

O repórter sabia antecipadamente dos mandados de prisão, e de busca e apreensão às casas dos banqueiros Daniel Dantas e Naji Nahas, e do ex-prefeito Celso Pitta. A Globo obteve acesso exclusivo ao momento das prisões e também pôde filmá-las. Tralli também teve acesso ao conteúdo das decisões judiciais que permitiram a operação.

Todas as informações foram exibidas anteontem e ontem no "Jornal Nacional".

Segundo advogados consultados pela reportagem, em caso de convocação o repórter é obrigado a comparecer, mas pode alegar sigilo de fonte e manter-se calado diante do delegado. Também não pode ser detido, uma vez que não cometeu nenhum crime (só quem vazou a informação).

O caso revoltou as demais emissoras, que se uniram em uma queixa formal ao governo. Pressionado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, teve de pedir uma investigação.

"O diretor-geral da Polícia Federal [Luiz Fernando Correa] determinou, a meu pedido, que fizesse sindicância para verificar porque foi violado o manual de instrução da Polícia Federal nesse caso no que se refere ao acompanhamento pela imprensa da operação, expondo pessoas que foram detidas", justificou-se ontem o ministro, sobre a sindicância.

Parentesco
É a segunda vez que Tralli tem acesso privilegiado a uma operação sigilosa da PF. Em setembro de 2005, quando da prisão de Flavio Maluf, o jornalista foi flagrado no exato momento da operação usando boné e roupas semelhantes às usadas por policiais federais.

Na ocasião, somente ele presenciou e gravou a prisão do empresário. Segundo a Folha Online apurou, Tralli tem um parente na cúpula da Polícia Federal.

Fonte: Folha On-line

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