O obstetra Dernival da Silva Brandão fez um discurso entusiasmado na terceira audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal, foto) para discutir a interrupção da gravidez em casos de fetos anencéfalo. O médico excedeu o tempo de quinze minutos determinado pelo relator do processo, ministro Marco Aurélio de Mello e citou o nazismo ao dizer que a interrupção da gravidez nesses casos é uma atitude de eugenia (teoria que defende o controle social como forma de melhorar as raças).
Brandão usou argumentos que já haviam sido utilizados nas outras audiências, chamando de "aborto" a interrupção da gravidez. Ele também questionou o fato de as crianças anencéfalas respirarem e terem um coração que bate, dizendo que a morte não devia ser determinada apenas pelo eletroencefalograma, que considera somente a atividade cerebral. Atualmente, a morte de um indivíduo é constatada legalmente pela morte cerebral.
Oministro tentou interromper o médico diversas vezes, pedindo para que ele concluísse seu pronunciamento. Ao final, Mello perguntou se o sofrimento purificava o ser humano, como o médico havia dito durante seu pronunciamento. O médico confirmou sua afirmação, dizendo que o sofrimento podia, inclusive, unir as pessoas. Mello ainda voltou ao assunto no encerramento da audiência, dizendo que gostaria de perguntar a mesma questão a cada um dos que foram ao plenáro antes, mas iria poupar os presentes.
A endocrinologista Ieda Therezinha Verreschi também foi ouvida e defendeu a proibição da interrupção de parto. Ela afirmou que a abordagem da medicina no STF até agora vinha de uma única perspectiva e mostrou que anencéfalos podem ter até a hipófise, glândula que regula o funcionamento hormonal do corpo. Para ela, retirar o bebê do útero antes do momento do parto seria "um retorno da sociedade à barbárie".
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A favor
A última especialista a falar na audiência pública desta quinta-feira foi a socióloga e cientista política Jacqueline Pitanguy, que representou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Ela apóia a interrupção voluntária da gravidez em gestações de fetos anencéfalos.
Ela usou a lei que rege os transplantes no país para fundamentar seu argumento. Para a doação de órgãos, é necessário o reconhecimento da morte cerebral do doado. "Isto significa que o conceito de vida está intimamente ligado às funções cerebrais", disse. A ausência de funções cerebrais seria equivalente à ausência de vida, disse Jacqueline. "Creio que não caberia, nessa circunstância, um debate filosófico sobre a vida", afirmou.
A sessão de hoje ainda não será a última, como havia anunciado anteriormente o STF. Uma nova sessão, no dia 16 de setembro, deve trazer ao plenário o Advogado Geral da União e o Procurador Geral da República.
Fonte: Uol Notícias
NOTA: "Não caberia, nesta circunstância, um debate ´filosófico´ sobre a vida", disse a socióloga e cientista política Jaqueline Pitanguy, que representa (observe) o Conselho Nacional dos Direito da Mulher. O que gostaria de perguntar à eminente socióloga é em que instâncias este debate não é filosófico, como se estivéssemos discutindo sobre a cor de uma parede, ou a estrutura de uma fachada qualquer... E se ela sabe, realmente, o que é um debate filosófico. Se há sinais de que a vida não se resume exclusivamente à atividade cerebral (e há mais do que indícios suficientes para tal), então a tentativa de legalização de tal prática é inconstitucional, pois é garantida, pela Constituiação, o direito inalienável à vida. O que ma parece é que estão em jogo mais duas questões cruciais: A primeira, é econômica. "Ninguém" quer se responsabilizar por uma criança anecéfala... Segundo, há uma sutil mas aparente tentativa de direcionar o direito à vida de um feto exclusivamente à mãe. Isto é um absurdo e é por não concordar com este pensamento que o aborto é proibido na esmagadora maioria dos países do mundo. O que faltam, na verdade, são políticas públicas de conscientização sobre a promiscuidade, que acaba, infelizmente, por ´gerar´ filhos indesejados. Como não há vontade política alguma de se enfrentar a decadência moral que toma conta da sociedade (não que esteja atrelando a maior parte dos casos de gravidez a isto, em hipótese alguma) é mais fácil usar medidas paleativas, e até genocidas, como a morte de milhares de inocentes.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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