PAPA FALA QUE LUTERO ESTAVA CERTO.... MAS ERRA DOUTRINARIAMENTE, OUTRA VEZ!!!
O papa Bento XVI falou ontem (19/11) da "Doutrina da Justificação", um dos temas mais controvertidos da reforma protestante, e disse que Martinho Lutero não se equivocava quando dizia que "só a fé nos salva", mas matizou que sempre que essa fé "não se oponha à caridade e ao amor". Diante de cerca de 20.000 pessoas que assistiram na Praça de São Pedro à audiência pública, o papa disse que é através da catequese que o ser humano se transforma em justo aos olhos de Deus, tema central nas cartas de São Paulo e um dos assuntos que durante mais de quatro séculos separaram luteranos e católicos.
O sumo pontífice ressaltou que o Apóstolo - cujos escritos inspiraram profundamente Lutero - afirmava em suas cartas aos cristãos de Roma que "o homem é justificado pela fé com independência das obras da lei". "Lutero traduziu justificados só pela fé", disse o papa, acrescentando que "a expressão 'sola fide' (´só a fé´) de Lutero é verdadeira se não se opor à caridade, ao amor". Ser justo, assegurou o papa, significa "simplesmente estar com Cristo, por isso que os outros preceitos já não são necessários". Bento XVI acrescentou que a fé é "olhar para Cristo, confiar-se a Cristo" e que a justiça se decide na caridade.
Terminada a audiência, o papa disse em espanhol aos fiéis presentes da Espanha e da América Latina que a justificativa em Cristo "é uma ação gratuita de Deus, sem merecimento humano".
A "Doutrina da Justificação" é a explicação teológica das relações entre a graça de Deus que chega ao homem pelo batismo, e como o homem com essa graça passa de pecador a justo. Tanto católicos como protestantes aceitam que a salvação é uma iniciativa gratuita de Deus. Mas enquanto para os católicos o homem pode cooperar para esta graça, para os protestantes só esta ao homem uma atitude passiva.
Os católicos dizem que graças aos méritos da paixão de Cristo e por meio do batismo o pecado original é totalmente apagado, e a concupiscência é uma tendência ao pecado, mas não um pecado. No entanto, para os protestantes a concupiscência é um autêntico pecado.
Fonte: Notícias Cristãs
NOTA: Há vários erros históricos e teológicos nas alegações de Bento XVI. A ´caridade´, ou ´boas obras´, não é o assunto em questão na Carta de Paulo aos Romanos, na qual está uma excelente exposição à doutrina da Justificação pela Fé. Paulo, combatendo judaizantes, revela que a essência do judaísmo transcende o nascimento sanguíneo, quando diz: "Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus." (Rm. 2:28-29). Este contraste entre o judaismo essencial e o legalista é desenvolvido até à conclusão da Justificação, que nos é apresentada em 3:28: "Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.".
A ´confusão´ em relação à ICAR se dá porque a mesma aceita a premissa da observância dos sacramentos para a obtenção da salvação. Observe que o Papa afirma que "... por meio do batismo o pecado é totalmente apagado". Não. O pecado não é apagado por meio do batismo e não são todos os protestantes que dizem que ´o ser humano não pode cooperar na salvação´. Embore concorde com os reformadores do século XVI neste ponto, é fato que muitos cristãos evangélicos crêem que o homem coopera com a salvação proposta por Deus, participando inclusive desta cooperação de maneira ativa. Esta é a posição da maioria dos pentecostais, por exemplo. A fraseologia só não estará errada se se usou a designação ´protestante´ distintamente da de ´evangélico´, como alguns fazem para efeitos históricos. Mesmo assim, fica-se com o maior dos problemas: A ´anulação´ do pecado original pela observância dos sacramentos estabelecidos pela ICAR, a começar do batismo. Estes ´sacramentos´ tomaram o lugar do sacrifício de Jesus Cristo que é suficiente para a anulação da condenação que paira sobre todo o ser humano. Observe o que dizem as Escrituras:
"Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.". Romanos, 3:21-26.
Ora, em relação à fé (unicamente) é ponto pacífico, mas daí vem outro problema: Podemos cooperar com tal salvação? Se, em qualquer momento pudermos cooperar, da maneira mais ínfima possível, então temos alguma parte na salvação (justificação). O que a Bíblia diz sobre isto? Vejamos:
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.". Carta de Paulo aos Efésios, 2:8.
Ora, a salvação não vem de nós, como diz a Bíblia! E, por quê? Para que ninguém se glorie. A crença em tal maravilhosa graça não é sinal de cooperação com a iniciativa da salvação, uma vez que a iniciativa, observe, é toda dEle (de Deus). Se assim não fosse, de que adiantaria qualquer tipo de fé?
Outro equívoco diz respeito à ´anulação´ do pecado pelo batismo e outros sacramentos. Bem, isto é anti-bíblico. Na própria Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo diz: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.". Romanos 5:12.
Observe, caro leitor, que o sinal da presença da pecaminosidade no homem é a morte! O fato de sermos ´mortais´ é um indicativo de que pesa sobre nós o juízo da condenação de Adão. Se tal condeanção fosse anulada, realmente, com quaisquer sacramentos, então não haveria mais mortes.
Paulo ainda nos diz, em Romanos: "O dom, entretanto, não é como no caso em que somente um pecou; porque o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação; mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.". (5:16-19).
Corretamente, sob a perspectiva teológica, a morte é tratada como uma inimiga, na Bíblia. Não há sentido em morrer, principalmente quanso se tem consciência de si, como é o caso dos humanos. Ora, a justificação, como expressa nesta passagem, é a o ato divino de retirar do homem o seu intrínseco estado de condenação. Associando-se esta passagem às outras, anteriores, vemos que esta justificação, que retira do homem do estado de condenação, só se dá pela fé. Logo, é mediante a fé que adquirimos salvação (Ef. 2:8), ou a justificação que o próprio Deus nos oferece. Assim, de acordo do Romanos 5:12, a morte passou a todos os homens e "é por isso", diz o apóstolo, "que todos pecaram". Somos pecadores em Adão e já nascemos mortais.
Não é correto afirmar que somos pecadores porque morremos. Morremos porque somos pecadores, e isto está claro em Romanos 5:12. Eu ou quem quer que seja não podemos atribuir nossa mortalidade ao pecado que cometemos pois crianças não cometeram qualquer tipo de pecado... Mas, pela Escritura, são pecadoras em Adão. Se o juízo foi para Adão, no Gênesis, porque nós, seus descendentes, sofremos hoje? Porque temos uma aliança com Adão. O conhecimento completo da revelação de Deus para nós só é possível em Jesus, daí a necessidade de todos o conhecermos.
Se há ´contradições´ com o que nos é ensinado nas Sagradas Escrituras, as mesmas não provém de ensino dos cristãos evangélicos ou protestantes, mas da própria ICAR.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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