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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E estreita ligação entre câncer e o HIV

CÂNCER ESTÁ CADA VEZ MAIS LIGADO AO HIV




Alguns tipos de câncer são cada vez mais freqüentes entre portadores do HIV, apontam estudos internacionais, o que traz novos desafios para a assistência às pessoas que vivem com o vírus da aids. De acordo com alguns levantamentos, até 30% das mortes entre portadores do HIV são relacionadas ao câncer - o dado é de pesquisa realizada em hospitais da França, com base em 964 mortes, publicada em 2004. É citado no último consenso de tratamento do Programa Nacional de aids, cuja versão final foi entregue no mês passado pelo governo brasileiro.

O documento sobre terapêutica contra o HIV no Brasil traz uma seção especial sobre o tratamento dos cânceres entre portadores do vírus e também alerta sobre tumores malignos que se tornam mais freqüentes nessa população."É mais uma expressão da reconfiguração da doença, antes marcada pelas infecções oportunistas", diz o infectologista Ronaldo Hallal, coordenador do consenso.

Na semana passada, o programa divulgou novos dados positivos a respeito da sobrevida dos pacientes com aids, que dobrou entre 1995 e 2007. O resultado, no entanto, também explica o aumento de casos de câncer. O envelhecimento expõe mais os portadores às condições crônico-degenerativas, e, por conseqüência, ao câncer.
CÂNCER NÃO DEFINIDOR
Os cânceres associados ao HIV são de dois tipos: aqueles diretamente relacionados à aids, que ajudam a determinar que uma pessoa já desenvolveu a doença, e os tumores que nunca estiveram elencados como "definidores" da aids.

Do primeiro grupo faz parte, por exemplo, o câncer chamado sarcoma de Kaposi, que no início da epidemia, na década de 1980, era muito comum, mas que apresentou decréscimo após o advento do coquetel de remédios antiaids - apesar de ainda ser mais freqüente em portadores do HIV.

É o segundo grupo, no entanto, que preocupa mais. Cânceres que não costumavam andar de mãos dadas com o HIV e que se tornaram mais freqüentes entre pessoas com o vírus, como o de pulmão, o melanoma (pele), o de testículos e o câncer colo-retal. O estudo D:A:D, da Universidade de Milão, e que envolveu dados de 23,4 mil pessoas, apontou em 2007 que os cânceres não definidores da aids são hoje mais comuns do que aqueles que definem a aids entre as causas de morte de pessoas com acesso a antiretrovirais.

O Brasil, no entanto, ainda não tem dados nacionais sobre o problema entre HIV positivos. "Os dados de câncer são notificados caso tenham levado à notificação de aids. Mas não há dados oficiais sobre os outros tipos de câncer", afirma Ana Luiza de Castro Conde Toscano, infectologista do Hospital-Dia do Centro de Referência e Tratamento em Aids de São Paulo. A instituição é uma das poucas que fazem o acompanhamento da queda de cânceres definidores de aids, mas ainda vai iniciar estudo sobre os demais.

"O acompanhamento não é feito. A partir do momento que a aids jorrar demanda para a oncologia, que já tem uma demanda reprimida, é que veremos a bomba estourar", afirma Beto Volpe, de 47 anos, que vive há 19 anos com HIV e há 5 anos com câncer. Volpe, que preside ONG da área de aids, defende há anos a necessidades de estudos que verifiquem se os casos de tumores não têm relação com o próprio coquetel, o que, diz o consenso, ainda "é pouco conhecido".

RELAÇÃO DIRETA?
Também não está claro se o HIV teria uma relação direta com o câncer. A principal teoria considerada pelos cientistas é que o ataque realizado pelo vírus da aids sobre o sistema imunológico facilitaria a proliferação de células cancerosas. O próprio estudo italiano, no entanto, já apontava que determinados cânceres, como o de pulmão, têm relação com maus hábitos de vida, como o fumo, e que por conseqüência é preciso estimular bons hábitos também entre HIV positivos.

O diretor de oncologia clínica do Hospital A.C. Camargo, Marcelo Fanelli, destaca que os maus hábitos de saúde certamente também estão por trás dos casos de câncer entre portadores do HIV e que mais estudos são necessários sobre as interações entre as duas doenças. "Não é possível fazer uma relação mecânica", alerta.

Fonte: Estadão

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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