Deu na Folha de S. Paulo de quarta-feira (14): “Re-editar” ou “reeditar”? “Coabitar” ou “co-habitar”? As principais dúvidas que o texto do Acordo Ortográfico, em vigor desde o dia 1º, havia deixado foram esclarecidas pela publicação da segunda edição do dicionário da ABL (Academia Brasileira de Letras), que começou a ser distribuído ontem nas livrarias. O Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, editado pela Companhia Editora Nacional, tem 1.311 páginas e cerca de 33 mil verbetes. “O que está no dicionário vai ser adotado pelo Volp” [Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa], diz Evanildo Bechara, membro da ABL e da comissão de língua portuguesa do Ministério da Educação que trata do Acordo. Volp é o documento que registra a grafia oficial das palavras. A nova versão, com cerca de 370 mil palavras da língua portuguesa, será publicada até o início de março.
As principais dúvidas que o dicionário esclarece são em relação ao uso do hífen. De acordo com Bechara, o Acordo não tratava dos prefixos “re”, “pré” e “pro” por “esquecimento”. Palavras com esses prefixos, segundo o novo dicionário, devem ser grafadas sem hífen, como “reeditar” e “preencher" - e não “re-editar” e “pre-encher”, como interpretaram alguns estudiosos no Acordo.
Embora o Acordo tenha sido assinado por todos os países lusófonos - menos Timor Leste, que deve assiná-lo brevemente -, a ABL afirma que as palavras que geraram dúvidas não foram discutidas com as outras nações. Mas estão valendo no Brasil assim mesmo. “O Acordo diz que duas vogais têm que estar separadas por hífen, mas se esqueceu do [prefixo] “re”. Teria que estar separado, mas isso se choca com a tradição lexicográfica, tanto em dicionários brasileiros como em portugueses”, diz Bechara. “Se o Acordo quisesse contrariar essa tradição, teria sido explícito, o que não ocorreu. Logo, a conclusão é a de que houve um esquecimento.”
A tradição é um dos princípios do Acordo, segundo a ABL. O quarto e último princípio geral afirma que o Acordo deve: “Preservar a tradição ortográfica refletida nos formulários e vocabulários oficiais anteriores, quando das omissões do texto do Acordo.” “O texto do Acordo é curto, não ia abranger as mais de 300 mil palavras que há no Volp”, afirma Bechara.
Outra dúvida que o dicionário esclarece é a grafia da palavra “abrupto”. O dicionário diz: “‘Ab-rupto’ é preferível a “abrupto’” - ou seja, as duas formas são consideradas corretas, mas o ideal é usar a hifenizada. Para Bechara, “‘ab-rupto’ não deve causar Estranhamento”. As escolas devem priorizar a forma com hífen, disse.
Outro ponto questionável do Acordo que o dicionário esclarece é o caso da acentuação em palavras como “destróier”. “O Acordo diz que paroxítonas com ditongos abertos, como ‘ei’ e ‘oi’, perdem o acento. É uma regra específica, mas esqueceu que tem paroxítonas com esses ditongos que terminam em ‘r’, que são obrigatoriamente acentuadas. Como ‘destróier’. Essa regra se choca com a regra específica, mas, entre a regra específica e a geral, ficamos com a geral. Então, o acento continua nessas palavras.”
Mas ainda há um ponto que causa confusão: “co-herdeiro” ficou grafada como “coerdeiro” no dicionário, embora no Acordo a indicação fosse para escrever “coherdeiro”.
Nota: Só para lembrar, o Acordo prevê as seguintes mudanças (em resumo):
1. Alfabeto: as letras K, W e Y passam a fazer parte do alfabeto
2. Trema: foi eliminado (exceção: nomes próprios, como Müller)
3. Acentuação: não se acentuam os ditongos abertos “ei” e “oi”nas palavras paroxítonas (bóia, colméia, heróico) mas se acentuam os ditongos “éi” e “ói” nas palavras oxítonas e monossílabos de som aberto (herói, dói, pastéis). A mudança também não inclui o ditongo “eu” (chapéu)
4. Não se acentuam os hiatos “ee” e “oo” (deem, voo)
5. Não se usa mais o acento para diferenciar as palavras paroxítonas com a mesma grafia (para, pelo, pólo), mas o acento permanece no verbo pôr em oposição à preposição por e na conjugação pôde para diferenciá-lo de pode (Obs.: o acento é facultativo para fôrma/forma)
6. Não se usa mais o acento no “i” e no “u” tônicos das palavras paroxítonas, quando vierem precedidas de ditongo (feiura)
7. Hífen: não se emprega mais o hífen nos compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por “r” ou “s”. Nesses casos, a consoante deve ser duplicada (contrarregra, ultrassom). No caso dos prefixos “hiper”, “inter” e “super”, o uso do hífen continua valendo, quando seguidos de palavras iniciadas por “r” (hiper-realismo, inter-relação, super-racional)
8. Não se emprega mais o hífen nos compostos em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente (autoajuda, extraescolar)
9. Não se emprega o hífen em palavras que perderam a noção de composição (mandachuva, paraquedas, paralama, pára-choque)
Fonte: Criacionismo
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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