A polícia antidistúrbio iraniana, com apoio de milicianos islâmicos Basij, reprimiu duramente nesta sexta-feira, 18, a manifestação dos opositores, no centro de Teerã, para protestar contra o regime, o que gerou enfrentamentos com gás lacrimogêneo, pedras e garrafas no centro de Teerã. Nos distúrbios, segundo relataram testemunhas, o ex-presidente iraniano Mohamad Khatami e o candidato derrotado nas eleições Mir Hossein Mousavi foram agredido por milicianos Basij, simpatizantes do regime. As dezenas de milhares de pessoas que aproveitaram a convocação anual de protesto contra Israel e a favor dos palestinos foram vítimas da dura repressão policial, que acabou em uma batalha campal. Os manifestantes com os distintivos verdes do movimento reformista foram dispersados com gás lacrimogêneo e cassetetes, para impedir que continuassem os protestos.
Em um dos protestos da oposição, um grupo de conservadores atacou o ex-presidente reformista Mohammad Khatami, derrubando-o no chão, segundo um site reformista. A matéria afirmava que ativistas da oposição auxiliaram Khatami e afastaram os agressores. "Um grupo de conservadores atacou Khatami. Durante o incidente, seu turbante caiu e queria pegá-lo. Porém, partidários (de Khatami) evitaram e a polícia antidistúrbio interferiu", disse um site reformista.
Khatami apoiou a oposição, nas últimas eleições do país, em 12 de junho. Testemunhas disseram também que um grupo de linhas-duras tentou atacar o líder oposicionista Mir Hossein Mousavi, quando ele tentava chegar aos protestos da oposição no centro da capital. Os relatos não podem ser verificados de modo independente, pois a mídia estrangeira não pode cobrir esse tipo de evento. Segundo os relatos, Mousavi deixou a área rapidamente após o incidente. Os opositores, que levavam, além de bandeiras palestinas, os distintivos e vestimentas verdes da oposição reformista de Mousavi e faziam o sinal da vitória e cantavam gritos de guerra contra o governo, superando amplamente ao grupo que aderia à manifestação oficial. "Mentiroso, onde estão seus 64%?" cantavam os manifestantes pelas ruas do centro de Teerã em alusão à percentagem de votos atribuída a Ahmadinejad, ganhador das polêmicas eleições do passado 12 de junho.
Os manifestantes usavam uma analogia ao slogan oficial da passeata ("Morte a Israel") e gritavam "Morte à Rússia", em referência ao apoio do governo de Moscou a Ahmadinejad, além de "Morte ao ditador". O mesmo coro continuou ao redor da Universidade de Teerã, onde o aiatolá Ahmad Khatami ia pronunciar o sermão semanal. Durante o percurso, os reformistas e opositores ao governo de Ahmadinejad encontraram com o aspirante presidencial derrotado Mehdi Karoubi, umas das figuras centrais da Revolução Islâmica em 1979, rodeado por seus guarda-costas. "Valente, te apoiamos", proclamavam os mais exaltados que advertiam que sua detenção suporia uma "revolta no Irã".
Hoje, a última sexta-feira do Ramadã (jejum muçulmano), é marcada no calendário iraniano como "Dia de Al Quds" (Jerusalém), quando todos ano os iranianos participam de uma manifestação de apoio aos palestinos antes de acudir ao sermão de sexta-feira. A cerimônia foi estabelecida em 1979, pelo líder da Revolução Islâmica e fundador do Irã atual, aiatolá Ruhollah Khomeini. Neste ano, o dia ganhou caráter político, já que partidários da oposição aproveitaram para voltar às ruas para novos protestos contra as eleições presidenciais. "Nem Gaza, nem Líbano. A vida pelo Irã", era o slogan que resumia o espírito das pessoas. No principal momento do evento, Ahmadinejad falou aos fiéis, durante as preces no campus da Universidade de Teerã. Ele reiterou sua retórica contrária ao Holocausto, que trouxe condenação internacional em 2005, questionando se "o Holocausto foi um evento real" e afirmando que Israel foi criada sob "alegações falsas e míticas". Ele também acusou os israelenses de incitarem a oposição iraniana.
Ahmadinejad acusou ainda as potências de um duplo padrão, ao apoiarem Israel e não denunciarem as violações contra os palestinos. Ele afirmou que se insurgir contra "o regime sionista é um dever nacional e moral". Os reformistas afirmam que Mousavi venceu a eleição, porém o governo fraudou as urnas em favor de Ahmadinejad. Um mês após a disputa, milhares de partidários da oposição participaram de manifestações de rua contra a suposta fraude, gerando em seguida uma forte repressão. A oposição afirma que pelo menos 72 manifestantes foram mortos na violência após a eleição, enquanto o governo reconhece 36 mortes. Foi a pior crise desde a Revolução Islâmica de 1979, que levou o atual regime ao poder. Milhares de oposicionistas foram presos e, segundo a oposição, houve torturas e mortes nas cadeias.
Fonte: Estadão
NOTA: Este é o "modelo" de regime que Ahmadinejad e seus comparsas totalitaristas querem impor não só ao Oriente, mas em toda a Terra.
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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