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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Críticas às "críticas"

RESPOSTAS A MAIS CRÍTICAS DOS QUE CRITICAM POR CRITICAR

Na onda atual do "ser do contra, por ser", tenho encontrado verdadeiras pérolas na Internet. São declarações de blogueiros, twiteiros, colunistas, comentaristas, pastores, etc., que ora são espetaculares; ora, espetaculosas! Creio ser este último o caso da coluna "Opinião", da revista Ultimato - por sinal, uma excelente publicação (eu acho). Não creio que o que esteja expresso nas linhas a seguir seja ipisis literis a opinião da própria Revista, mas não consigo deixar de pensar nos pontos que, com certeza, são convergentes entre aqueles expostos pelo autor do artigo e as inúmeras mentes que o leram, formadores ou não de opinião no meio eclesial. O artigo abaixo foi escrito por Rodrigo de Lima e contém, como toda e qualquer opinião neste sentido, algumas verdades. Contudo, precisa-se olhar acima e além do que está-se nos apresentando, principalmente quando nos referimos (como o fizemos) à forma que segue a "moda gospel atual" de falar da Igreja como se quiséssemos demonstrar que já lutamos demais por ela, mas não conseguimos lograr êxito em tal empreitada. Para a maioria, infelizmente, isto é falso. Vou tentar mostrar como um artigo pode ser "politicamente correto", mas essencialmente desprovido do que é necessário afim de que seja autenticado com o propósito que alega ter. Minhas considerações estão em vermelho negrito logo abaixo dos textos sobre os quais quero comentar.
"Minha declaração de não-fé"

"Existem várias e diversas declarações de fé. São documentos históricos importantes que servem como resumo daquilo que uma comunidade ou localidade específica crê. A mais conhecida delas é o Credo Apostólico, em que todo cristão se vê identificado. Há a Confissão de Westminster, a Helvética, a da Guanabara, o Pacto de Lausanne, entre outros. Porém, como vivemos em um tempo estranho (passamos daquilo que Francis Schaeffer denomina “linha do desespero”) onde o “não” significa “sim”; o “sim”, talvez” e o “talvez”, “quem sabe, pode ser, passa lá em casa para tomar um café”, resolvo fazer uma confissão de fé diferente. Faço uma confissão de não-fé.

Não creio que o Espírito Santo mude de ideia a cada seis meses, feito barata tonta, teleguiado por gente com desejos inconfessáveis. Não creio que Deus tenha se “esquecido” de derramar seus dons por dois mil anos, reavivando somente agora alguns dons específicos, como línguas. Não creio em apóstolos auto-nomeados, auto-ordenados e auto-consagrados. Napoleão Bonaparte sagrou-se imperador e deu no que deu. Não creio na autoridade bíblica de pessoas que não se submetem a outros, em atitude de total arrogância e prepotência, fazendo do espelho e do afago bajulador os melhores aliados. (Aqui, uma típica falácia esdrúxula fruto da argumentação barata: comparar um assunto sobre o qual você não deu qualquer evidência que justifique sua argumentação com um outro, que é de de conhecimento público e notório que, no mínimo, tem problemas para a sua aceitação. Primeiro, comparar os dons do Espírito Santo à insana autoproclamação "apostólica" atual é, no mínimo, disparate! Ainda mais afirmando, como verdade absoluta, que a Igreja não teve o dom por dois mil anos e - bum! - de repente, "o dom voltou", com a explosão pentecostal. Não é bem assim, não. De fato, temos parcos registros sobre muitas práticas que deveriam exisitir por toda a história da Igreja, mas, infelizmente, eles não estão lá! Fomos caracterizados, por séculos, como uma instituição política, cruel em muitos aspectos, mundana, que detinha o monópolio do saber... tanto que resultou no maior "racha" eclesial dessa mesma história: a Reforma! Até hoje vivemos as consequências sórdidas de termos, um dia, sido o que não fomos chamados para sermos. E isto impinge-se no modus operandi da "Igreja" (sim, com aspas, pois temos tudo, menos uma identidade eclesiológica) de tal forma que, 500 anos após o grito necessário dos reformadores, ainda tentamos nos encontrar dogmática, filosófica e antropologicamente! As agruras levantadas pelo sr. Rodrigo de Lima são, ainda, reflexos tardios, mas diretos, disto. Os erros que nos caracterizaram, i.e. a Igreja, em nossa própria história, não descredenciam práticas que sempre deveríamos ter exercido, e não o fizemos porque estávamos preocupados demais com assuntos mundanos).


Não creio que Deus tenha eleito pessoas especiais dentro de sua eleição salvadora. Tropa de elite é coisa só de filme, ou de polícia. Não creio na total autonomia humana em fazer escolhas certas sem a ação direta de Deus, especialmente em relação à salvação. Se posso mudar de ideia sobre o que almoçar, quanto mais para algo tão importante quanto seguir a Jesus! Não creio que meu ego, corrompido pelo pecado, seja um referencial na minha adoração a Deus. Não creio ainda que a adoração deva ser necessariamente individual. A experiência coletiva é altamente benéfica para quebrantar potenciais megalomanias. (Na ânsia de "falar sem ferir", uma característica típica do "evangelho moderninho" da atualidade, o sr. Rodrigo Lima neste aspecto fala, fala, fala, mas sua "cautela" o impede de dizer efetivamente algo).

Não creio que a submissão, ou melhor, a subserviência da igreja ao Estado seja algo do agrado de Deus. A história se repete como farsa, como bem disse Karl Marx, e Constantino serve de aviso contra a tentação de se aliar ao poder temporal e poder espiritual. Não creio que constituições, estatutos, manuais, apostilas e coisas parecidas tenham o mesmo peso das Escrituras na vida de um cristão. Não creio que o ego ou o espelho sejam padrão e medida para a espiritualidade e conduta na vida cristã de outros. Se temos a Bíblia como fonte inesgotável de sabedoria, qualquer tentativa de ir além disso é confissão de farisaísmo. (Karl Marx também escreveu frases como estas: "Assim, o Céu eu perdi, e sei disso muito bem. Minha alma, que já foi fiel a Deus, está escolhida para o Inferno.” “Nada, senão a vingança, restou para mim.” “Eu desejo me vingar contra Aquele que governa lá em cima". Richard Wurmbrand, no "herético" (para os comunistas!) livro Era Karl Marx um satanista?: "Até mesmo em um confuso livro sobre economia e política como "O Captial", no qual reflexões sobre religião são de pouca importância, o maduro e antirreligioso Marx escreveu, totalmente descontextualizado: ´O cristianismo, com seu culto do homem abstrato, mais especificamente em seus desenvolvimentos burgueses, protestantismo, deísmo, etc., é a forma de religião mais conveniente". (cap. 1, seção IV). Lembremo-nos, Marx começou como um crente cristão. (...) Robert Payne, em "Marx" (Simom e Schuster, N. York, 1968), conta de novo este incidente (como Marx contava aos seus filhos histórias de um feiticeiro, "Hans Röckle", que fizera um pacto com o diabo e que, por isso, precisava se desfazer de todos os seus artigos de bruxaria - grifo nosso) com muitos detalhes, do mesmo modo que Eleanor (filha de Marx - grifo nosso) contou: como o infeliz mágico Röckle vendia com relutância os seus brinquedos, agarrando-se a eles até o último momento. Mas, uma vez que fizera um pacto com o demônio, não havia outra saída. O biógrafo de Marx escreve: "Pode haver muito poucas dúvidas quanto ao fato de que aquelas estórias intermináveis eram autobiográficas... Ele tinha o ponto de vista do diabo quanto ao mundo e a maldade do diabo. Às vezes, ele parecia reconhecer que estava executando obras do mal"". E por aí vai... Este é o Marx tão ovacionado em artigos do "gospel moderninho", tão em voga na atualidade, que a) necessariamente nega a atividade do Espírito Santo como descrevem as Sagradas Escrituras; b) aludem como a "salvação da lavoura" um dos sistema cujos proponentes se apresentam como "intelectuais", não sendo, pois parecem desconhecer aspectos básicos e mínimos do que foi o socialismo prático (comunismo) no mundo, e que c) subvertem o próprio sentido da crítica construtiva, como se a mesma tivesse de ser, necessariamente, uma que viesse a anular o que a Igreja é em si - "COLUNA E BALUARTE DA VERDADE" (1 Tm. 3:15). Se tomarmos a esplendorosa máxima do Marx que o sr. Rodrigo de Lima parece tanto admirar, então teríamos de pensar que o próprio cristianismo é uma espécie de repetição sócio-antropológica (no caso, religiosa) da enganação que é usada pelos "burgueses" contra o "proletariado". Não acredito, sinceramente, que alguém com um grau de instrução de um adolescente de 12 anos, com um mínimo de leitura do assunto, fie-se em absurdos como este. Há um limite para a burrice, posto que, quando vemos minimalismos demais, desconfiamos que haja, na verdade, má fé).

Não creio em barganhas com Deus. Se eu fosse abençoado única e exclusivamente com a salvação eterna, sem nenhuma bênção aqui na terra, ainda assim teria muito o que agradecer. Afinal, Deus salva e abençoa não por obrigação e pressão, mas por amor e misericórdia. Não creio no divórcio entre minha vida religiosa e minha vida, digamos, “civil”. Os puritanos tinham um lema genial: “Aquilo que você faz fala tão alto que não consigo escutar aquilo que você diz”. São separações assim que geram episódios bizarros como a “oração pela propina alcançada”. Não creio em demônios que tomam conta de certas regiões geográficas, ou mesmo de anjos que os combatem nessas mesmas regiões. (Verdades ditas com coisas estapafúrdias geralmente são uma péssima mistura: tende-se a, em nome das verdades, justificar-se o que é estapafúrdio ou o contrário, em nome do que é estapafúrdio anular o que é verdadeiro. Puritanos, que foram em muitos aspectos um exemplo de força e resistência à imposição católica e anglicana de suas formas de liturgias e religiosidade em geral, não foram exatamente o melhor em "exemplos" na América do Norte. Perseguiram "bruxas" (e as queimaram) em nome de um frenesi religioso que assolou algumas comunidades; criaram sociedades semi-ascéticas, segregadas, que contribuiriam mais em afastar pessoas do Cristianismo - com seus exemplos - do que aproximá-las da mensagem salvífica de Cristo Jesus, etc. Aí, vem o negócio da "oração da propina", e revela-se o que eu disse: verdades e coisas estapafúrdias. Quem vai discordar do pau que se malha naqueles que "oraram depois da propina"? Ninguém, é claro! Contudo, penso que aí o "evangelho moderninho" perde uma tremenda oportunidade de revelar o essencial: muitos dos que se intitulam "cristãos" não o são! Simplesmene NÃO SÃO a Igreja de Jesus Cristo, mas como não temos uma identidade, fica difícil afirmar o que é e o que não é!! Esta dificuldade nossa deve ser enfrentada com responsabilidade, ou seja, atribuirmos o problema a "nós", e não a "eles", como o fazem os falsos profetas do "gospel moderninho". NÓS, cristãos que professamos a Bíblia e somos servos de Cristo, "abrimos a brecha" quando ficamos muito preocupados com afazeres secundários e esquecemo-NOS de estabelecermos conversações interpessoais para, com o nosso exemplo conjunto, validarmos a palavra que pregamos com os nossos esforços e exemplos individuais e coletivos).


Não creio em copo de água em cima da televisão, rosa ungida, toco de carvão, corredor de sal grosso e outras “macumbas gospel”. Os sacramentos são elementos comuns (pão, água, vinho) que servem de canal para a graça em nossas vidas. Mas tudo o que citei anteriormente, em vez de ser só uma cópia malfeita dos sacramentos, é, em sua essência, tentativa de manipular um pretenso mundo espiritual a favor daquele que pede. Vou terminar minha declaração de não-fé com uma declaração de esperança: “Creio e espero que Deus, em sua infinita graça, venha restaurar os corações e as mentes da igreja evangélica brasileira, tornando-a saudável e livrando de seus tumores e mau humores. Derrama sua graça sobre nós, Senhor!”. (Sabe no que também não creio, além do que foi dito no parágrafo acima? Em um evangelho que tolhe declaradamente a ação operativa do Espírito Santo, em nome de um malabarismo hermenêutico antibíblico, e que ainda quer posar como o maior defensor da autenticidade revelacional bíblica na atualidade! Não creio em crentes que "não aceitam mais padrões de moral, como se tudo o que NÃO tivesse de ser feito pelos que professam o nome do Senhor Jesus não fosse moral, mas "moralista". Não creio em uma prática "evangélica" que, parecidamente àquilo que vemos na teologia gay - a qual inlcui pessoas às igrejas homossexuais, excluindo o padrão bíblico -, continua excluindo o padrão bíblico e incluindo, não pessoas, mas ideias às igrejas. Sim, constructos oriundos de uma intelectualidade dúbia, descomprometida com o viés escriturístico, mas firmemente comprometida com uma pré-concepção histórica, filha do iluminismo alemão e do empirismo inglês, os quais estavam tão presentes na Igreja no século XVIII quanto o "modernismo gospel" está presente em muitas igrejas, hoje. Do mesmo jeito que considero aqueles movimentos extremamente prejudiciais à fé cristã histórica - e a História não me deixa mentir -, considero este estilo "moderninho" pernicioso, furtivo e que, como aqueles, trará ainda maiores danos ao que conhecemos como a Igreja do Senhor Jesus, da qual, não sei o sr. Rodrigo de Lima e todos os que concordam com ele, mas que eu faço parte, apesar de todos os problemas, de toda a ignorância perniciosa, de todos os lobos travestidos em pele de ovelha, de todos os autoproclamados "apóstolos", de toda "oração da propina" e bizarrices que vemos e ainda estamos para ver. O Senhor Jesus voltará para governar e a sua "Noiva", nenhuma outra senão a sua Igreja. Glória, pois, ao Senhor da Igreja!).
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

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