BRASIL NA CONTRAMÃO PERICIAL EM PLENA ÉPOCA DO "CSY" ("CRIME SCENE INVESTIGATION")
Levantamento feito pelo "Estado" em todo o País constatou que a perícia criminal - salvo raríssimas exceções - é tão precária que beira a indigência. A polícia não tem a parafernália tecnológica da ficção do seriado de TV CSI, nem possui o estritamente necessário. Não há maletas para perícia de local de crime, câmaras frias decentes para conservação de corpos, reagente químico ou laboratório para os exames mais elementares.
Em todo o País, existem apenas 60 Institutos de Criminalística e de Medicina Legal (ICs e IMLs) para examinar causas de mortes e produzir provas criminais. Para atender aos 5.560 municípios, seriam necessárias 360 unidades desse tipo, ou seis vezes mais, uma média de um instituto para cada 15 municípios. Existem pouco mais de 12 mil peritos para atender a todos os Estados nas 32 especialidades de perícia criminal adotadas no País. A correlação recomendada por organismos internacionais é de 1 perito para cada 5 mil habitantes. Para todo o território, seriam necessários 38 mil profissionais, o triplo do quadro atual. Em alguns Estados, as velhas geladeiras dos IMLs estavam quebradas, produzindo mau cheiro e cenas degradantes. Há locais em que, nos acidentes de trânsito, os corpos das vítimas ficam até dez horas na estrada à espera de remoção. Por falta de câmaras frias, pessoas são sepultadas às pressas, sem autópsia, e só depois exumadas para conclusão de exames que vão detectar se a morte derivou de crime, acidente ou causas naturais.
A reportagem do Estado enviou nas últimas duas semanas às 27 unidades da federação um questionário perguntando se as polícias tinham ao menos os itens essenciais para a realização de perícias criminais: a maleta com kit de varredura de locais de crime (notebook, GPS, trena a laser, máquina fotográfica digital, etc), exame de DNA, exame de balística (com microcomparador), câmaras frias (para preservação de corpos), cromatógrafos gasosos, luz forense, laboratório de fonética, reagente químico e luminol. Sem eles, é impossível produzir prova científica cabal para esclarecimento de crimes.Na média nacional, a perícia criminal brasileira foi reprovada porque apenas 37% das respostas foram positivas. De um total de 207 itens - 9 para cada um dos 23 Estados que responderam ao questionário -, só 78 foram assinalados "sim". Os 63% restantes responderam "não" (45%) e "parcialmente" (84%). Em muitos casos, parcialmente é quase nada. Resumo. O Norte e o Nordeste concentram as estruturas mais precárias. O Sul e o Sudeste revelaram os melhores serviços. Os casos mais graves são os de Sergipe, Maranhão, Roraima e Rio Grande do Norte, onde nenhum dos itens básicos pesquisados estavam em funcionamento.
Fonte: Estadão
NOTA: Não é necessário ter feito 4 anos de faculdade e uma pós-graduação para entender que a segurança pública nunca foi preocupação do atual governo federal. Os governos estaduais, a maioria falidos com imensas dívidas internas, simplesmente empurram o problema com a barriga. Enquanto isso, sofre a população, pois os crimes aumentam - o que, diga-se de passagem, penso ser algo previsto e até articulado, em parte, pelo Governo, a fim de que se crie um estado de histeria e pânigo generalizado, no qual a população clame por uma "força nacional de segurança", que, aliás, já está em uso insipiente -, perícias não são feitas, assassinos continuam à solta e o ciclo de mortes continua, infindo. A receita do desastre se completa quando percebemos que a população, como em um estado de torpor, parece parece ter se acostumado completamente com a precariedade no atendimento de serviços básicos, como é o caso da criminalística (pouco falada, mas não menos importante), sabendo que depende de tais serviços, sendo menos atendida quanto às suas necessidades e, com seu estado de inércia, ajuda o país a continuar na contramão. Aonde vamos parar?
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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