Há algum tempo que me pedem para que, ocasionalmente, indique e comente alguns filmes que julgo marcantes. Fiz com o excelente No Limite, com Anthony Hopkins e Alec Baldwin. E, agora, tenho a satisfação de indicar aquele que, segundo alguns críticos, é tido como o "melhor filme da história" (embora, injustamene, não tenha ganhado o Oscar, mesmo tendo, na época, 7 indicações). Refiro-me ao surpreendente Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption), baseado na obra de Stephen King, escrito e dirigido pelo então iniciante Frank Darabont.
O filme conta a história de Andy Dufresne (Tim Robins), vice-presidente de um banco, que é acusado de matar sua esposa e o amante. Ele é enviado a uma prisão federal e à dura realidade por trás das grades. Lá, ele conhece aquele que viria a ser seu melhor amigo, Ellis Boyd Redding (o fenomenal Morgan Freeman), que é o narrador do filme. Andy logo percebe que o presidío é marcado por extremo abuso de poder, injustiças, violência e, principalmente, desesperança. Contudo, Andy não é um homem nos moldes daqueles que se esparava ver em Shawshank. Suas ações inspiram dignidade, solidariedade e esperança, o que o leva a um confronto direto com o diretor da instiuição, culminando em um desfecho genial e surpreendente!
O filme é bem cadenciado, com uma trilha sonora primorosa. Os coadjuvantes ajudam, com os atores encarnando modesta e suficientemente seus respectivos estereótipos presidiários. Não há afãs de estrelimo em "Um Sonho de Liberdade" que, creio eu, é o que faz o filme dar certo. A história é muito bem guiada por Darabont, que teve de fazer adaptações (necessárias) da obra de King. As reviravoltas acontecem nos momentos certos, evitando a fadiga do telespectador, haja vista que não se trata de um filme da ação. Creio ter visualizado inúmeras referências à perspectiva cristã de salvação, análogas, durante a narrativa do filme. Entendi que a prisão de Shawshank, com seus medos, choques às vezes explosivos, violência e dor, conjuntamente com os poucos mais preciosos e surpreendentes momentos de alegia indescritível, simbolizam a própria vida, que, apesar de tudo, nos oferece dois caminhos de escolha: a "vida" ou a "morte" (uma das mensagens mais fortes do filme ("Esforce-se para viver... ou esforce-se para morrer"). Há os hipócritas sórdidos, como o diretor da instituição, e aqueles que passaram tanto tempo lá dentro que foram "absorvidos" pela mesma, alienando-se de qualquer outra perspectiva de vida. Há quem, por causa do tempo, desça aos mais profundos degraus do niilismo humano... e há aqueles, como Andy, que parece que são colocados nos caminhos de outros homens para lembrá-los de que enquanto há vida, há esperança!
Abaixo, uma dos pontos altos do filme. Após 6 anos de tentativa, Andy consegue a primeira doação para aquela que viria a ser a melhor biblioteca penitenciária do estato. Ao inspecionar o material que recebera, Andy (Tim Robins) percebe que, entre os discos que também ganhara, vieram alguns clássicos, incluindo óperas de Mozart. É então que ele apronta uma das suas que pára todo o presídio, literalmente!
A tradução (livre) da narração de Morgan Freeman é a seguinte:
"Até hoje não sei o que aquelas duas cantoras italianas estavam cantando. A verdade é que eu não quero saber. Às vezes não é bom explicar tudo. Gosto de pensar que elas estavam cantando algo tão belo que não pode ser expresso em palavras e que faz seu coração rachar. Digo-lhes que aquelas vozes voaram maior e mais alto do que qualquer pessoa naquele lugar cinzento ousaria imaginar. Eram como dois lindos pássaros, cujas asas se abriam e dissolviam a gaiola na qual estavam. E, por um breve momento, todo homem em Shawshank se sentiu livre".
E, para completar, lembro-me das palavras do Senhor Jesus, em João, cap. 8: "Todo aquele que nasce no pecado é escravo do pecado. Se o Filho do Homem vos libertar, verdadeiramente sereis livres"!
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
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