"Jesus, o novo Adão" e "Maria, a nova Eva" venceram o mal ao qual essas imagens bíblicas do Gênese sucumbiram. Com essas palavras, Bento XVI definiu o Cristo e sua mãe, por ocasião da festa de Assunção de Nossa Senhora ao Céu, nesta segunda-feira (15), em Castel Gandolfo. Dirigindo-se a centenas de peregrinos aglomerados no pátio de sua residência de verão, a 25 km de Roma, o papa, que parecia em boa forma física, apesar dos 84 anos, comentou o Apocalipse e "a luta entre o bem e o mal, simbolizada por uma Mulher, vestida de sol, isto é, de Deus, contra o dragão".
O Papa Bento XVI abençoa peregrinos durante celebração do Dia da Assunção, em Castel Gandolfo, na Itália (Foto: Vincenzo Pinto / AFP)
Na passagem do Apocalipse evocada, São João trata justamente da luta do Dragão vermelho contra a Mulher, obrigada a fugir para o deserto por causa da perseguição que sofre. Joseph Ratzinger, falando sobre o pecado original de Adão e Eva, descrito no livro do Gênesis, destacou que se "nossos ancestrais tivessem sido vencidos pelo Maligno, no final dos tempos, Jesus, como novo Adão, e Maria, como a nova Eva, venceriam definitivamente o inimigo".
O papa lembrou que a festa da Assunção - que celebra a subida ao céu da Virgem Maria - é comum aos cristãos do Ocidente e do Oriente. Tem "suas raízes na fé dos primeiros séculos da Igreja", embora tenha sido o Papa Pio XII que proclamou o dogma, em 1950, destacou. Antes, ao celebrar a missa na igreja San Tommaso de Castel Gandolfo, ele declarou: "as coisas de Deus merecem pressa. São as únicas do mundo que merecem isso, porque as coisas de Deus têm uma verdadeira urgência em nossa vida".
NOTA: Vários posicionamentos heréticos podem ser vistos aqui: a) Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que "Maria foi assunta aos céus", uma crença que surge no século XIX e é sancionada por Pio XII como dogma, no século XX. b) A interpretação do Apocalipse 12 feita pelos católicos é essencialmente errada e não condiz com o testemunho histórico. No capítulo referido, João tem uma visão: ele vê uma "mulher vestida de sol e com a lua sob os pés, rodeada por 12 estrelas sobre a cabeça". Esta tradicional imagem, evocada pelos católicos continuamente como Maria, mãe de Jesus, não condiz com clássica interpretação do texto. Esta "mulher", após dar a luz um menino que "regerá as nações com cetro de ferro" (Jesus) e ver seu filho ser "levado aos céus" (por ocasião da assunção de Cristo, documentada nos Evangelhos e em Atos dos Apóstolos), é perseguida pelo dragão (que ficamos sabendo, no Livro do Apocalipse, ser satanás). O diabo tenta de todas as formas destruir a "mulher" que, pela lógica histórica e textual, figura um povo, ou seja, o próprio Israel. "Jesusalém" é evocada n vezes no Apocalipse, como símbolo da redenção final do Israel de Deus, no fim do livro, tida como "a cidade santa". A "Jerusalém celestial" - uma evocação clara no Livro do Apocalipse - contrasta com outra cidade, corrupta, desumana, um local de depravação espiritual que é simbolizada por outra mulher, "Babilônia", que aparece "montada sobre uma besta (animal) de 7 cabeças". Estas cabeças são 7 reis e 7 montes, nos informa o Apocalipse (16-18), numa clara alusão à Roma imperial, fortemente anticristã nos dia em que João escrevera o Apocalipse (Roma é rodeada por 7 montes e era conhecida como "a cidade das 7 colinas"). A lógica textual sugere que a mulher, perseguida pelo diabo (que inclusive abre a boca e da mesma sai "um rio" com águas furiosas contra a mulher, que é salva miraculosamente), é Israel, com as 12 estrelas simbolizando as 12 tribos que formam o povo. "Águas", nos é dito no livro, simbolizam "tribos, povos, nações", o que claramente nos remete à hitória de Israel e de todo o sofrimento e perseguições que o povo judeu tem sofrido ao longo destes 2 mil anos. É conveniente, contudo, manter para um imenso público leigo a idéia de que Maria é mais exaltada do que parece, na Bíblia, uma vez que o catolicismo (fundado pelo imperador Theodósio, em 380 d.C.) foi, desde o início, uma confusa mistura de misticismo e idolatria pagã das religiões romana e as esotéricas que existiam na época dos apóstolos e preceitos do próprio cristianismo.
Um comentário:
A impressão que dá é de uma grande sarapatel doutrinário, feito para ser enfiado goela abaixo daqueles que não se dão o trabalho de checar as Escrituras e engolem tudo que lhes é dado. Misericórdia!
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