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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Livro polêmico, cujo título é "Geração Mais Estúpida", causa polêmica

AUTOR AFIRMA QUE ESTA GERAÇÃO É "MAIS ESTÚPIDA" E ATACA A ERA DIGITAL, ESPECIFICAMENTE O MAL USO DA INTERNET


O ataque começa já no título. É a "geração mais estúpida", anuncia "The Dumbest Generation" (Tarcher, 272 págs.), lançado nos EUA há duas semanas, em referência a quem nasceu em algum momento das últimas três décadas. A razão para tal epíteto, ainda mais controversa, é explicitada no subtítulo: "Como a era digital embasbaca os jovens americanos e põe em risco nosso futuro. Ou, nunca confie em ninguém com menos de 30".

Às já bastante vilanizadas telas de TV e de videogames o autor Mark Bauerlein junta as telas de computadores e de celulares como as responsáveis por jovens "superficiais", incapazes de lembrar (e de dar importância a) fatos históricos.

"Eles praticamente não lêem. Com toda a informação disponível on-line, como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace", diz Bauerlein, 49, à Folha, por telefone, de Atlanta, onde dá aulas de inglês na Universidade de Emory.

Bauerlein, ex-diretor de pesquisa e análise da Fundação para as Artes nos EUA, acredita que o excesso de informações a que as crianças e os adolescentes têm acesso na rede faz com que eles percam a capacidade de diferenciar "o significativo do insignificante" e, com isso, de embasar argumentos. "Nossa memória cultural está morrendo", diz o autor. É uma opinião similar à do filósofo italiano Umberto Eco, que, em entrevista ao jornal espanhol "El País" (reproduzida no último dia 11 no caderno Mais!), afirmou que "a abundância de informações sobre o presente não permite refletir sobre o passado".

"Recreações adolescentes"
"The Dumbest Generation" se levanta contra as "vozes pró-tecnologia" que defendem que a navegação na internet seja benéfica à cognição. "A realidade das práticas na web", escreve Bauerlein, "é só o que poderíamos esperar: expressões adolescentes e recreações adolescentes".

O que ele enxerga como uma dificuldade de absorção de informações entre os jovens resultaria também da leitura não-linear que os sites estimulam. No livro, Bauerlein fundamenta tal opinião com estudos do instituto de pesquisas Nielsen, segundo os quais os usuários mais "escaneiam" com os olhos do que propriamente lêem as páginas à sua frente. "Além disso, sabe-se que, na internet, quanto mais simples a linguagem, mais os leitores acessam as páginas. O que os jovens lêem na rede não lhes acrescenta nada em termos de gramática nem de capacidade de elaborar textos", diz.

Reações
Nos últimos dias, Bauerlein vem passando mais tempo que de costume em frente ao computador, para responder, um por um, aos e-mails "raivosos" que têm abarrotado a caixa de entrada do seu Outlook. "Li recentemente um artigo no jornal "Boston Globe" sobre seu último livro e escrevo para lhe dizer que você é um imbecil. Você deve saber disso. Ninguém que escreva um livro inteiro baseado na idéia de que uma geração esteja se tornando idiota por causa da tecnologia pode ter noção da realidade."

A experiência de ignorar os adjetivos e discutir as "questões substantivas" com os alvos de sua tese não tem surtido muito efeito. O autor aprova o debate mesmo assim. "É sinal de que os jovens se importam, de que têm valores a defender."

O diálogo que a internet permite rendeu também páginas de comentários de leitores em sites como o da revista americana "Newsweek". No último fim de semana, a publicação esquentou o debate ao lembrar que os mais velhos têm o costume de lamentar a ignorância dos mais novos ao menos desde os tempos em que, na Grécia Antiga, "os admiradores de Sófocles e Ésquilo questionaram a popularidade de Aristófanes".

As críticas mais freqüentes ao livro de Bauerlein citam os testes de Quociente de Inteligência. Desde o começo século 20, o QI de crianças e adolescentes aumenta a cada geração. O conceito de "estúpido" de Bauerlein, afirma a "Newsweek", não faz sentido se forem levados em conta aspectos como a habilidade de pensar criticamente e de fazer analogias.

"Eles [os críticos] não entenderam o ponto central da discussão", defende-se o autor, renegando o viés anacrônico do debate. "[A discussão] não é sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso. Quando um cientista diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, ele está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas em redes sociais do que estudando?"

Aos detratores Bauerlein costuma responder com dados oficiais, de órgãos como o Departamento de Educação americano e o Census Bureau.

Em sites, em resposta aos críticos, despeja uma porção de números da realidade norte-americana, às vezes aleatoriamente: uma pesquisa de 2006 contabilizou nove horas semanais de adolescentes conectados a redes sociais; outra constatou que 55% deles dedicam menos de uma hora semanal aos estudos em casa; uma terceira dá conta de que apenas 6% dos estudantes são considerados "muito bem preparados para a escrita"...
Quanto ao "estúpido" do título, esclarece Bauerlein, é pura provocação. "Eu sou professor. Sei que são discussões como essa que fazem os jovens pensarem...".

Fonte: Folha On-line

NOTA: Duas coisas devem ser verificadas aqui: a primeira diz respeito à inteligência. A inteligência não tem diminuido. Afirmar o contrário é ir de encontro à realidade. Os resultados dos testes de QI, por exemplo, exemplificam bem o que estou dizendo. É inegável o fato de que os jovens, com mais acesso às tecnologias e à informação, montam um arcabouço cultural necessário ao que lhes é exigido, atualmente, por exemplo para entrarem no mercado profissional. A segunda diz respeito à sabedoria, e é aí que devemos encaixar a discussão mais filosófica de Umberto Eco, por exemplo. O problema não é a informação mas o que se faz com ela. Por que críticos, como Bauerlein, apontam os perigos de um uso indiscriminado da Internet? Justamente pelo fato de tal uso ser indiscriminado!! Como não se constróem "filtros" para os jovens, eles vêem o que mais lhes atraem; e é óbvio que isto, na Internet, é o que ´fala´ e se ´comunica´, portanto, em sua linguagem. Sem estes filtros uma aspiral se desencadeia: mais informações com uma linguagem espúria, mais minimalismos, e aí as próprias informações passam a ser espúrias. Este fenômeno tende a criar uma futura geração (a exemplo desta) cada vez mais frívola, superficialista. É por isso que se devem procurar informação na Internet com relevância, com consistência, com cosciência crítica. Eis um dos motivos do sub-título deste BLOG ser "Informação, análise, opinião".

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

2 comentários:

Anônimo disse...

A DANÇA O 'CRÉO', QUE DESCULPEM OS GLS, MULHERMORNAGUINHO, SEM FALAR FUNK E OUTRAS COISAS QUE A MÍDIA E OUTROS ÓRGÃOS QUE QUEREM DEFENDERALÉM DOS DIREITOS HUNANOS, QUEREM DEFENDER OS DIREITOS DE OUVIRMOS VERDADEIROS LIVXOS AUQ A PRÓPRIA TV E AFINS. qUE dEUS NOS PERDOE!

Anônimo disse...

Essa situação seria um reflexo da velocidade do nosso tempo? Por sermos uma geração "fast-food"? Esse "mal uso" da internet seria uma tentativa de escape dos jovens contra toda pressão exercida sobre eles? A internet para eles é sinônimo de diversão? A falta de acompanhamento/atenção dos pais e educadores sobre esses jovens seria um dos fatores para essa geração ser "mais estúpida"?

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