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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Aumenta o o fosso entre ´pentecostais´ e ´pseudo-pentecostais´

´PSEUDO-PENTECOSTAIS´: CADA VEZ MAIS DISTANTES DA CRISTANDADE EVANGÉLICA



Por Robinson Cavalcanti (Bispo anglicano e sociólogo)
Adaptado por Artur Eduardo



Um grande equívoco cometido pelos sociólogos da religião é o de por sob a mesma rubrica de “pentecostalismo” dois fenômenos distintos. De um lado, o pentecostalismo propriamente dito, tipificado, no Brasil, pelas Assembléias de Deus; e do outro, o impropriamente denominado “neopentecostalismo”, melhor tipificado pela Igreja Universal do Reino de Deus. Um estudioso propôs denominar essas últimas de pós-pentecostais: um fenômeno que se seguiu a outro, mas que com ele não se conecta, pois “neo” se refere a uma manifestação nova de algo já existente. Correntes de sociologia argentina já os denominaram de “iso-pentecostalismo”: algo que parece, mas não é. Lucidez e coragem teve Washington Franco, em sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Alagoas, quando classificou o fenômeno representando pela IURD de “pseudo-pentecostalismo”: algo que não é. Um estudo acurado dos tipos ideais, Assembléia de Deus e Igreja Universal do Reino de Deus, sob uma ótica sociológica, ou uma ótica teológica, nos levará à conclusão que se trata de duas manifestações religiosas diversas, que não podem -- nem devem -- ser colocadas sob uma mesma classificação. Ao se somar, a partir do Censo Religioso, esses dois agrupamentos, tem-se um alto índice de “pentecostais”, constituídos, contudo, pelos que o são e pelos que não o são. Equiparar ambos os fenômenos não faz justiça à Igreja Universal e ofende a Assembléia de Deus.

Podemos afirmar, ainda, um segundo equívoco dos analistas: considerar a IURD e suas congêneres como “evangélicas”. Elas próprias, por muito tempo, relutaram em se ver como tal, pretendendo ser tidas como um fenômeno religioso distinto, e terminaram por aceitar a classificação “evangélica” por uma estratégia política de hegemonizar um segmento religioso mais amplo no cenário do Estado e da sociedade civil. O evangelicalismo é marcado pela credalidade histórica e pela ênfase doutrinária reformada na doutrina da expiação dos pecados na cruz e na necessidade de conversão, ou novo nascimento.

Se o pseudo-pentecostalismo não é pentecostalismo, nem, tampouco, evangelicalismo, também não é protestantismo. O discurso e a prática dessa expressão religiosa indicam a inexistência de vínculos ou pontos de contatos com a Reforma Protestante do Século 16: as Escrituras, Cristo, a graça, a fé. Chamar o bispo Macedo de protestante é de fazer tremer o Muro da Reforma, em Genebra, e os ossos de Lutero e Calvino em seus túmulos. Muita gente tem incluído a IURD, e assemelhadas, como pentecostais, evangélicas ou protestantes, para inflar, de forma triunfalista, os números, ou por temor de retaliações legais, ou extralegais, vindas daquelas instituições. Se sociólogos têm denominado manifestações novas na cristandade, como as Testemunhas de Jeová, os Mórmons, ou a Ciência Cristã, como “seitas para-cristãs”, podemos denominar a Igreja Universal e congêneres de “seitas para-protestantes”.

O que se constata, cada vez mais, é que o fenômeno pseudo-pentecostal tem concorrido para uma maior aproximação entre os pentecostais (já tidos como históricos, por sua antigüidade e mobilidade social e cultural) e as igrejas históricas. De um lado, os pentecostais redescobrem o valor da história, de uma confessionalidade e de uma teologia sólida; do outro, os históricos vão flexibilizando (ou ampliando) a sua pneumatologia, reconhecendo a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo. O fosso entre pentecostais e pseudo-pentecostais tende a aumentar, não só pela aproximação entre pentecostais e históricos, mas também pela crescente adesão dos pseudo-pentecostais a ensinos e práticas sincréticas, com o catolicismo romano popular e os cultos afro-ameríndios. Quando estudantes de teologia assembleianos, batistas nacionais ou presbiterianos renovados aprendem com teólogos anglicanos (John Stott, J.I. Packer, Michael Greene, Alister McGrath, N.T. Wright), e anglicanos, luteranos ou presbiterianos usam de um louvor mais exuberante e oram por cura e libertação, na expressão de Gramsci, um novo “bloco histórico” vai se formando (retardado pelo extremo fracionamento entre ambos os segmentos), do qual, é claro, não faz parte o pseudo-pentecostalismo.

Clique na imagem para ampliá-la.

Esse “bloco histórico” em formação, para se consolidar, não apenas deve se conhecer mais mutuamente, somando conceitos e subtraindo preconceitos, mas também responder aos desafios de um pluralismo que inclui a diversidade do catolicismo romano, o pseudo-pentecostalismo, o esoterismo, os sem-religião e um agressivo secularismo, emoldurado pelo relativismo pós-moderno. Isso passa, necessariamente, pelo aprender com a história da igreja -- durante, depois e “antes” da Reforma -- e pela superação de uma iconoclastia que, equivocadamente, equipara o artístico com o idolátrico.

Contamos com estadistas do reino de Deus, com humildade, visão e coragem para consolidar esse bloco?

Fonte: Editora Ultimato

NOTA: Análise criteriosa do bispo anglicano, Robinson Cavalcanti. De fato, o ´fosso´ que já existia, entre pentecostais e "neo"-pentecostais é o que tem contribuído para um revisionismo geral na antropologia religiosa e na filosofia da religião. O pentecostalismo precisa ser reaproximado do elo histórico e dogmático presentes em igrejas históricas. Por outro lado, as igrejas ditas históricas precisam priorizar os elemotos de ´praxis´ religiosa (eclesiológica) pentecostal. Precisa ´orar em nome de Jesus´, ´crer na contemporaneidade dos dons´, ser ousado na fé para que possa ver dirimidas as pressões e o peso da separação entre si e os irmãos ditos ´históricos´. Ficamos felizes pois, mediante tão grande apoio, mostramos como satanás pode e sabe trabalhar!!

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduaro

3 comentários:

Vinícius Pimentel disse...

O mais revigorante e animador texto que já li nesse blog. Ainda tenho esperanças de ver a cristandade GENUÍNA vivendo conforme nos ensina a Palavra: "de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento." (Fp 2.2b)

Porque o que une pentecostais e protestantes históricos é a mesma graça, a mesma fé, o mesmo Cristo, a mesma Escritura e a glória dada ao mesmo Deus. E são exatamente estas mesmas coisas que nos separam dos "pseudo-pentecostais" (eu ouso dizer pseudo-cristãos) à distância de um mar de vidro.

Em Cristo,
Vinícius

Anônimo disse...

As igrejas históricas não devem largar sua história para adotar a "contemporaneade dos dons". As confissões reformadas são muito claras sobre este ponto, principalmente a confissão de Westminster, negar isto é deixar de ser igreja histórica, e ser uma igreja pentecostal.

remanecente disse...

é lamentável que o povo de Deus permita tal divizão.ai a pergunta de paulo ecoa em nossos ouvidos:estais Cristo dividido entre nós;se examinarmos a palavra de Deus com cuidado veremos que pentecostais,tradicionais e new pentecostais ñ foi instituido por Deus. é apenas ivencionismo homano,paulo chama isso de doutrina de demónios.ou seja homens tentando izurpar a gloria de Deus.e se o meu povo que se chama pelo meu nome,se humilhar,e orar e buscar a minha face e se converter do seu mau caminho.2cr 7/14.

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